O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

26 de maio de 2010

''Mulheres sacerdotisas''

A igreja são os ramos e as folhas das árvores. O chão, asfalto e grama, aquela que cresce corajosamente no meio das rodovias de Milão. O altar é uma mesinha Ikea. E atrás dele está ela, Maria Vittoria Longhitano, paramento vermelho e a voz afetada pela emoção.
A reportagem é de Annachiara Sacchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 24-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.




Inicia assim, ao ar livre, a "primeira" missa celebrada pela "primeira" mulher ordenada sacerdotisa na Itália. Avenida Caterina da Forlì, é aqui que se reúne a pequena comunidade da Igreja Vétero-Católica. São cerca de 50 fiéis: crianças, famílias, idosos. Há também os parentes de Maria Vittoria (a mãe e a irmã que chegaram da Sicília e o marido, Andrea), os amigos valdeses e alguns homossexuais e transsexuais que "só aqui" se sentem "mais perto de Deus".
Um auditório comovido assim como a oficiante que inicia a missa assim: "Espero ter voz". Mas apesar do tráfego, as suas palavras são claríssimas quando, durante a homilia, explica ter "sentido dor como mulher e como sacerdote" pelo não da Igreja Católica Romana de lhe permitir que rezasse a missa na capela diante dos jardins onde, como diaconisa, sempre pôde fazê-lo. Eis por que a missa é celebrada ao ar livre.
E eis por que, a partir do próximo domingo, madre Vittoria encontrará "asilo" na Igreja Batista da rua Jacopino da Tradate. "Comunicaram-me na semana passada: uma mulher não pode celebrar". Mas, "quanto maior a cruz, maior é a obra de redenção, e então é justo abrir caminho em um país que não se acostumou a ver uma mulher com os paramentos".
Coragem e determinação. Madre Vittoria cita duas figuras femininas. Uma é Emanuela Loi, policial vítima da máfia. A outra é Santa Rita. "A santa dos milagres impossíveis", à qual, explica, desde criança pedia para ser coroinha. "Hoje, me sinto como naquele momento, discriminada".
Madre Vittoria (que lembra também o massacre de Capaci) diz: "Obrigado por estarem perto de mim. Nós somos fracos, pobres, pequenos, mas tudo o que é negativo Deus tem o poder de transformar em força". E acrescenta: "Se não compreendermos o que é a marginalização – mesmo que cause raiva quando ela ocorre em nome de Jesus – não podemos ser instrumentos de libertação".
A missa chega ao fim. Para a comunidade, chega uma nova fase na Igreja Batista. "Ali – sorri Maria Vittoria –, terei que evitar o incenso: é a única coisa que não é admitida".

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32803

Nenhum comentário:

Postar um comentário