O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

18 de janeiro de 2011

''O Papa e a Cúria traíram o concílio reformista'', afirma Küng

O teólogo alemão Hans Küng considera que as estratégias econômicas e o juízo ético devem ser vinculados entre si para evitar, como ocorreu com o modelo neocapitalista atual ao qual ele responsabiliza pela atual crise econômica, suas consequências antissociais.

A reportagem é da agência Efe, 17-01-2011. A tradução é de MoisésSbardelotto.

Em seu novo livro, Lo que yo creo [Em que creio], Küng reitera sua convicção de que a nova arquitetura das finanças deve ser respaldada por um ordenamento marco de caráter ético, porque – afirma – a cobiça e a soberba humanas "só podem ser freadas com algumas normas éticas básicas, como as que foram se configurando desde a hominização do humano".

Publicado pela editora espanhola Trotta, Lo que yo creo – que chega nestes dias às livrarias espanholas – quer ser uma síntese, em chave espiritual, de toda a sua trajetória "como pensador e do caminho pessoal" que ele percorreu em sua vida, afirma o autor em um blog lançado pela editora e que é inaugurado pelo próprio Küng com uma referência sobre o seu novo livro.

Essa síntese, acrescenta o teólogo, se desdobra ao longo do livro em três linhas de força que articulam seu conteúdo: primeira, a do "decurso biológico que vai do nascimento à morte, desde os primeiros passos na vida até a visão do final e a consciência da certa – embora incerta enquanto à sua hora – morte do indivíduo".

Segunda, "a linha do decurso biográfico, a narração dos fatos e das vivências da própria vida, que relatei pormenorizadamente nos dois volumes de minhas memórias publicados até agora, e que são a matéria a partir do qual são feitas as 'meditações' que este livro contém".

E, em terceiro lugar, "o curso filosófico e teológico das ideias, o estudo e a reflexão, às vezes sobre matérias muito especializadas, que formaram a minha trajetória intelectual e que determinaram também meu compromisso na prática, ao me permitir intervir de forma razoável em discussões sobre assuntos de interesse geral sem nunca perder de vista os grandes contextos", assinala.

Küng fundamenta nessa visão de conjunto e, ao mesmo tempo, pessoal suas próprias palavras, "uma tríplice esperança: na unidade das Igrejas, na paz entre as religiões e na comunidade das nações".

Ao falar da unidade das Igrejas, diz o teólogo, após reconhecer-se como um membro fiel da Igreja: "Acredito em Deus e seu Cristo, mas não 'na' Igreja. Rejeito toda equiparação da Igreja com Deus, todo triunfalismo soberbo e todo confessionalismo egoísta, permaneço aberto a toda a comunidade cristã de fé, a todas as Igrejas".

Ele lembra seu compromisso ao longo de sua vida com a renovação da Igreja e a teologia católicas, assim como com o entendimento entre as Igrejas cristãs e reconhece, acerca disso, que foi testemunha "de alguns êxitos", sobretudo com João XXIII e durante o Concílio Vaticano II.

Mas, acrescenta, "também tive que suportar reveses, especialmente com os papas pós-conciliares: eles e seu aparato curial de poder traíram o concílio reformista e puseram de novo em pé, a fim de bloquear qualquer reforma, o sistema romano, antirreformado e antimoderno, próprio da Idade Média, com um colégio episcopal inteiramente domesticado".

Minha esperança, afirma, "não se dirige a uma Igreja unitária homogênea; os perfis confessionais, regionais, até nacionais, das diversas Igrejas cristãs não devem se fundir em um só".

"Minha esperança visa a uma unidade ecumênica entre as Igrejas cristãs em uma heterogeneidade reconciliada... É uma visão realista, cuja realização na base das Igrejas já começou há muito tempo".

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