O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

22 de maio de 2013

Algumas opiniões do papa Francisco


Nunca pensei que um dia publicasse algo da Revista Veja, mas aprendi que   nunca se pode dizer "nunca ".



Trechos das Opiniões descritas pelo papa Francisco em 
dialogo publicado pela revista VEJA de abril, ano 46 numero 15


              Sobre Ateísmo:
 “Quando me encontro com pessoas ateias, compartilho com elas as questões humanas, mas não toco de cara no problema de Deus, exceto no caso de falarem comigo sobre o assunto. Quando isso acontece, eu lhes conto por que acredito. O humano é tão rico para compartilhar, para trabalhar, que tranquilamente podemos complementar mutuamente nossas riquezas... Não tenho nenhum tipo de reticencia, não diria que sua vida esta condenada, porque tenho certeza de que não tenho direito de julgar a honestidade dessa pessoa. Muito menos quando me mostra virtudes humanas, essas que engrandecem as pessoas e me fazem bem... temos de ser coerentes com a mensagem que recebemos da Bíblia: todo homem é a imagem de Deus, seja crente ou não. Por essa única razão, ele conta com uma serie de virtudes, qualidades, grandezas. E caso tenha baixezas, como eu também as tenho, podemos compartilha-las para nos ajudar mutuamente e supera-las”.


Sobre o Celibato:
 “Faço um esclarecimento: o sacerdote católico não se casa na tradição ocidental, mas pode fazê-lo na oriental”. Ali, casa-se antes de receber a ordenação; se já foi ordenado, então não pode se casar... Eu, pelo menos vivo assim (no celibato), o que não impede que se conheça uma garota ai. Quando eu era seminarista, fiquei deslumbrado por uma garota que conheci no casamento de um tio... e bem, andei confuso um bom tempo, pensava sem parar. Quando voltei ao seminário, depois do casamento, não conseguia rezar ao longo de uma semana inteira, porque, quando me dispunha a orar, a garota aparecia em minha cabeça... Ainda era livre porque era seminarista, podia voltar para casa e tchau... Tornei a escolher, ou me deixar escolher, o caminho religioso... Por hora, sou a favor que se mantenha o celibato, com seus pros e contras, porque são dez séculos de boas experiências, mais do que falhas... Os ministros católicos foram escolhendo o celibato pouco a pouco. Ate o ano de 1100 havia quem optasse por ele e quem não. Depois no oriente se seguiu a tradição não celibatária como uma opção pessoal, e no ocidente o contrario. É uma questão de disciplina, não de fé. Isso pode mudar...


Sobre Culpa
·... Algumas pessoas são culpogênias, porque precisam viver em culpa, esse sentimento psicológico é doentio.... Transformam o encontro com a misericórdia de Deus em algo como ir à tinturaria, é só limpar a mancha. E assim vão degradando as coisas


Sobre Aborto
·... separo o tema do aborto de qualquer concepção religiosa. É um problema cientifico. Não deixar avançar o desenvolvimento de um ente que já tem todo o código genético de um ser humano não é ético. O direito a vida é o primeiro dos direitos humanos. Abortar é matar quem não pode se defender.


 Sobre homossexualismo
 “A religião tem direito de opinar, pois está a serviço das pessoas”. Se alguém pede um conselho, tenho direito de dá-lo. O ministro religioso às vezes chama a atenção de certos pontos da vida privada ou publica porque é o condutor dos fieis. Mas NAO tem direito de forçar nada na vida privada de ninguém. Se Deus, na criação correu o risco de nos fazer livres, quem sou eu para me meter?
Nós condenamos o assedio espiritual, que acontece quando um ministro impõe de tal modo às normas, as condutas, as exigências, que priva a liberdade do outro. Deus deixou em nossas mãos até a liberdade de pecar. Temos de falar muito claro dos valores, dos limites, dos mandamentos, mas assedio espiritual, pastoral, não é permitido. ... Há cinquenta anos, o concubinato não era uma coisa socialmente tão comum como agora. Era até uma palavra claramente pejorativa. Depois, a situação foi mudando. Hoje coabitar antes de se casar, embora não seja o correto no ponto de vista religioso, não tem o peso social
Pejorativo de cinquenta anos atrás... Sempre houve homossexuais. A ilha de lesos era conhecida porque ali viviam mulheres homossexuais. Mas nunca ocorreu na historia que se tentasse dar a essa relação o mesmo status do casamento. “Era tolerada ou não, admirada ou não, mas nunca equiparada”.


            Sobre divorcio
O tema divorcio é diferente daquele do caso e do de pessoas do mesmo sexo. A igreja sempre repudiou a Lei do Divorcio Vincular, mas é verdade que há antecedentes antropológicos diferentes nesse caso. Nessa oportunidade, nos anos 1980, deu-se um debate mais religioso, porque o casamento ate que a morte os separe é um valor mito forte no catolicismo. Hoje, entretanto, na doutrina católica recordamos a nossos fieis divorciados e casados de novo que não estão excomungados, emboré vivam em uma situação a margem daquilo que a indissolubilidade matrimonial e o sacramento do matrimonio exigem, e lhes pedimos que se integrem a vida Paroquial.
            As igrejas ortodoxas ainda tem uma abertura maior em relação ao divórcio. Naquele debate houve oposição, mas com matizes. Houve posições extremas que nem todos compartilhavam. Alguns diziam que era melhor que não se aprovasse o divorcio, mas também havia outros mais abertos ao dialogo do ponto de vista politico.


              O  texto integral está em parte na revista Veja, foi extraído de trechos dos diálogos entre Jorge Mario  Bergoglio (papa Francisco) quando era arcebispo de Buenos Aires e o rabino Abraham Sora. 
            Os textos  foram originalmente publicados em um livro chamado "Sobre o Céu e a Terra".

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