O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

8 de agosto de 2020

Pedro Casaldáliga, um santo que vive entre nós


"Mi vida son mis causas 
y mis causas valen más que mi vida"



O contrário da fé é o medo.

Não se pode ter medo de ter medo do medo.

Eu tenho a poesia, a poesia me salva do medo e da dúvida.

Não posso resolver todas as dúvidas, por isso rezo, falo com Deus.





  



  


Bispo de São Felix do Araguaia




 Pedro não queria ser bispo. Foi difícil convencê-lo 
e quando aceitou fez exigências 
 que queria tudo o mais simples possível

Foi sagrado Bispo de S. Feliz do Araguaia: 
ao invés de mitra, preferiu o chapéu de palha, 
ao invés de báculo lançou mão de um remo indígena.
Mais simples e identificado com seu povo, impossível. 

                                                  

Não ter nada, não levar nada,
Não poder nada, não pedir nada
E em contrapartida, não matar nada.
 Não Calar nunca.

                                           




                        

                        









EU, ARAGUAIA E TU

Eu, Araguaia e tu, um tempo só.
Abraamicamente numerosas,
nos garantem o sonho proibido
as estrelas, lá fora canceladas.

O ipê batiza ainda com ouros gratuitos
o Silêncio, o que nós, ó Araguaia,
conseguimos salvar dos invasores.

Sempre ainda encontramos — eu e tu —
a pergunta inquietante de uma garça, na beira,
provocando respostas, acordando o Mistério.

Tu estavas, no princípio,
de acordo com a Lua, sacerdotisa virgem,
alfombrando as cadências do Aruanã sagrado.

Os potes Karajá recolhiam teus olhos
e os peixes costuravam de prata teu banzeiro.

Ainda o Padim Ciço não mostrara
tua bandeira Verde aos retirantes.

Não havia Funai, Sudam, nem Incra.

Eram
Deus
e as Aldeias.


Poema extraído da obra CHUVA DE POESIAS, CORES E NOTAS NO BRASIL CENTRAL, 2 ed., de Sônia Ferreira. Goiânia:Editora da UCG; Editora Kelps, 2007, com a autorização da autora.















São Pedro Casaldáliga rogai por nós !





 

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