"Caía a tarde como um viaduto, e um bêbado trajando Luto me
lembrou Carlitos...”
Mas além de Carlitos, esse bêbado enlutado me lembrou de
muitas outras coisas que desfilam na minha mente, enquanto ouço essa música na
voz da saudosa Elis. Ouvi mentalmente o novo presidente dizer em vídeo que os
grupos de extermínio são muito bem vindos, que Jesus subiu na goiabeira, que o
STF não viu irregularidades no fato do Prefake do Rio de Janeiro fazer reunião
para pastores de sua igreja e oferecer facilidades e prioridades no tratamento
de saúde pública, soube que o médium está foragido e que as mulheres que o
denunciaram estão sob proteção tendo em vista o risco de serem assassinadas, vi
que o Brasil não vai mais se fazer simpático à migração, aos refugiados, que a
preocupação com a preservação ambiental é coisa de esquerdistas, que a Amazônia
deve ser dividida e desmatada e uma série interminável de situações
completamente absurdas. Mas o que realmente veio coroar essas minhas
observações e perplexidade diante delas, foi uma entrevista com Mino Carta onde
ele diz literalmente: ”O Brasil estabeleceu a demência como forma de governo” e
nesta entrevista ele diz que o IBOP fez uma pesquisa de satisfação, e que 75%
dos brasileiros estão esperançosos e otimistas com o próximo governo.
De minha parte, nada mais me espanta, não acho que a
demência seja só a forma de governo do Brasil, acho que vai muito além disso,
acho que a demência se tornou o modo de vida em nosso país, uma rápida passada
pelo noticiário iremos encontrar notícias de acontecimentos que ultrapassam
esta linha, indicam que a frágil linha da normalidade está comprometida,
completamente desligada da verdade, da ética. Vivemos o tempo da Demência, da
Lei de Gerson e da Razão Cínica. Nada do que se ouve, lê ou vê, pode deixar de
ser muito bem checado, tal a quantidade de fakes, pós verdades ou no popular,
mentiras, que abundam as redes sociais, o noticiário e até as conversas entre
amigos. Perdemos muito da sanidade que tínhamos, perdemos a seriedade e a
capacidade de investigar o que existe por trás de cenários bem montados para
nos enganar.
Vivemos tempos de guerra, de abuso coletivo, de predomínio da SOMBRA. Em tempos assim só há uma saída, silenciar e olhar para dentro, buscar lá no interior do interior a chama que arde e nos mantém, e, uma vez encontrada, deixar que ela guie nosso caminho, e nossa vida. Nada além dessa voz interior é merecedora de crédito. Nas horas mais difíceis, quando o desespero, o medo ou a revolta estiverem rondando, é lá, na intimidade, na sala interior, onde habita a chama da vida que encontraremos refúgio e paz. Só assim não seremos contaminados pela demência que parece imperar em todo o mundo.
Vivemos tempos de guerra, de abuso coletivo, de predomínio da SOMBRA. Em tempos assim só há uma saída, silenciar e olhar para dentro, buscar lá no interior do interior a chama que arde e nos mantém, e, uma vez encontrada, deixar que ela guie nosso caminho, e nossa vida. Nada além dessa voz interior é merecedora de crédito. Nas horas mais difíceis, quando o desespero, o medo ou a revolta estiverem rondando, é lá, na intimidade, na sala interior, onde habita a chama da vida que encontraremos refúgio e paz. Só assim não seremos contaminados pela demência que parece imperar em todo o mundo.