O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

14 de fevereiro de 2019

Sem tesão não há solução


Procurando um livro hoje na minha estante, me deparei com o livro do Roberto Freire da Somaterapia, coisa da década de 80, num tempo de liberdades que hoje nem em sonhos temos, tal a repressão e o retrocesso que este país adentrou. O livro, com o sugestivo nome
"Sem tesão não há solução", era um dos hits daquela época. Junto com alguns outros como “Cléo e Daniel”, “Ame e dê vexame” e “Coiote”.


No Livro, Roberto sentencia em um trecho:
“Descobri que é chegada a hora de acrescentarmos ao tempo e ao espaço mais uma dimensão fundamental à vida no universo: o tesão. Para mim esse tesão não habita dicionários oficiais; entretanto, é o que anima e encanta os poetas tropicais. Tesão sem passado, apenas contemporâneo e vertical, ele é produto semântico e romântico dos que sentem desejo pelo desejo, alegria pela alegria e beleza pela beleza. Mas pode ser ainda tesão de quem sente desejo pela alegria, beleza pelo desejo e alegria pela beleza. Sem tesão não há solução”

Certamente hoje Roberto não seria chamado de anarquista, mas seria enquadrado como ”de esquerda”, comunista, petralha...
Polêmico e muito criticado Ele mantinha grupos de terapia libertária que propunha como solução a liberdade e o prazer, coisa que nestes nossos tempos de pseudo-evangelismo crescente soa como um grave pecado, com passaporte sem escalas, para o inferno. Era sem dúvida uma figura bastante controvertida, muito criticada. Tivemos oportunidade de sediar alguns de seus grupos em nosso espaço cultural, o “ENCONTRARTE”, que existiu na Tijuca/RJ, durante toda a década de 80.

Confesso que fiquei com uma ponta de saudosismo daquele tempo em que estávamos num extremo oposto ao que estamos hoje. Estávamos nos livrando da ditadura, encontrando caminhos libertários, tudo era lindo e maravilhoso no dizer do Caetano, nem o partido comunista ainda tinha sido legalizado e se chamava movimente Pró Cultura.

Hoje com o livro do Roberto nas mãos fiquei pensando o quanto já retrocedemos, como aos poucos, sem perceber, alguns conceitos se tornaram proibidos, e como a cada dia, se tenta restringir mais e mais qualquer coisa que possa nos dar justamente Tesão, Prazer e alegria.
Não é à toa que a doença mais frequente, no momento, inclusive entre os jovens, é lamentavelmente a depressão; e ela  não é justamente a falta de tesão? Tesão pela vida, pela realização dos sonhos?

Precisamos recuperar o tesão, sem ele, definitivamente não haverá solução.

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