O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

30 de outubro de 2009

Memória de Santo Dias da Silva 30 de Outubro

(Colaboração Graça Ribeiro)





Santo Dias da Silva foi um autêntico operário cristão (22/02/42 - 30/10/79), assassinado em defesa do povo oprimido. Conheceu, de perto, os problemas dos sem-terra. Foi lavrador e meeiro em Terra Roxa (SP), onde nasceu. Como metalúrgico, conheceu também os problemas das pessoas que moram na cidade. Teve participação ativa em Sindicato, Sociedade de Amigos de Bairro, Pastoral Operária, Comunidade Eclesial de Base (...)

O ano de 1979 foi um ano agitado. Em agosto, depois de vários anos de intensa movimentação popular exigindo anistia aos presos políticos e exilados, o governo editou a Lei de Anistia, estendendo-a também a torturadores e participantes do aparato repressivo.

Em março, a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo fez seu primeiro congresso definindo como princípios de sua atividade uma frente de sindicalistas que lutavam pela mudança da estrutura sindical, que entendiam deveria ser independente do Estado e organizada a partir das comissões de fábrica.

Santo Dias participa desse processo agora mais amadurecido pela prática. De 31 de maio a 2 de setembro, o 1o. Congresso da Mulher Metalúrgica reforçou as teses da Oposição. Em outubro, os metalúrgicos começam nova campanha salarial. Desta vez, a reivindicação era 83% de aumento dos salários, não aceita pelos patrões.

Uma assembléia com seis mil trabalhadores na rua do Carmo decidiu, numa sexta-feira, iniciar a greve. No primeiro dia da paralisação, 28 de outubro, as subsedes do Sindicato, abertas para abrigar os comandos de greve, foram invadidas pela Polícia Militar, que prendeu mais de 130 pessoas. Sem o apoio do sindicato e com a intensa repressão policial sobre sua ação, os metalúrgicos passaram a se reunir na Capela do Socorro, sendo a Zona Sul a região de maior concentração da categoria.
No dia 30, Santo Dias, como parte do comando de greve, saiu da Capela do Socorro, para engrossar um piquete na frente da fábrica Sylvânia e discutir com os operários que entravam no turno das 14h00. Viaturas da PM chegam e Santo Dias tenta dialogar com os policiais para libertar companheiros presos.
A polícia agiu com brutalidade e o PM Herculano Leonel atirou em Santo Dias pelas costas. Ele foi levado pelos policiais para o Pronto Socorro de Santo Amaro, mas já estava morto. O corpo de Santo Dias só não “desapareceu” por conta da coragem de Ana Maria, sua esposa.
Ela entrou no carro que transportava seu corpo para o Instituto Médico Legal, apesar de abalada emocionalmente e pressionada pelos policiais a descer, não cedeu. Divulgada a notícia de sua morte pelos vários meios de comunicação, seu corpo seguiu para o velório na Igreja da Consolação.
No dia 31 de outubro, 30 mil pessoas saíram às ruas da Capital para acompanhar o enterro e protestar contra a morte do líder operário, pelo livre direito de associação sindical e de greve e contra a ditadura.
Fonte:
http://www.cebs-sul1.com.br/sp-1/noticias/memoria-de-santo-dias

29 de outubro de 2009

A Igreja católica Imperial - Livro "A Igreja Católica "

continuando o resumo da obra de H Küng:

Através de um sonho, Constantino, imperador de Roma viu no “Deus dos Cristãos” e no “símbolo da Cruz” o motivo de sua vitória e sua ascensão ao trono de Roma. Sendo assim em 313 dc concedeu a liberdade de religião ilimitada a todo império. Em 315 aboliu o castigo de crucifixão. Em 321 o domingo foi introduzido como feriado e a igreja foi autorizada a receber legados.
Em 325 Constantino tornou-se soberano único do Império Romano e convocou o I Concílio Ecumênico, realizado em sua residência em Nicéa.

Com a liberdade religiosa no império romano as tensões internas no cristianismo, já presentes há muito tempo vieram à luz. A Cristologia interpretada em termos helenísticos, ou seja, o mistério do filho e do pai, cada vez mais feriam o monoteísmo. Pareciam 2 deuses e não um só.

Ário (presbítero Alexandrino Ário) criador do Arianismo, afirmava que embora o filho, o Cristo, tivesse sido criado antes de todas as coisas e de todos os tempos, ainda assim era uma criatura. Por temer uma grande separação em seu império, que com tanta dificuldade estava unificando, Constantino Convocou o Concilio de Nicéa.

No concílio todo o poder de decisão era do imperador.
O bispo de Roma não foi sequer convidado!
Por fim Constantino tornou as suas decisões oficiais, transformando-as em leis da igreja e do império. Com isso aproveitou para unir a igreja com o seu império.
Muitas das leis da igreja ate hoje em uso vem de decisões do Imperador Constantino, dentre elas a obrigatoriedade de “ouvir missas aos domingos e dias santos de guarda”.

O império passou a ter então a sua religião oficial, e uma “igreja imperial”.
É deste primeiro concílio que a igreja passou a ter um credo oficial, lei da igreja e do império, para todas as igrejas.
O credo dizia: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, mas não criado, “c o n s u b s t a n c i a l “ ao Pai...
Constantino fez questão de inserir a palavra “consubstancial”. A palavra foi enxertada !

A igreja primitiva via Jesus como subordinado ao Pai (o Único)
Essa idéia é oposta a inclusão por parte de Constantino do termo
consubstancial= mesma substancia no credo Niceno.( de Nicéa)

Mesmo fazendo todas estas modificações e determinando artigos de fé e doutrina, o imperador feria um dos princípios mais caros e iniciais do cristianismo, ele não era batizado. Portanto não havia recebido os mistérios, o que nos faz pensar em uma atuação de fora para dentro da comunidade cristã apostólica.
É possível até pensar-se em um “golpe” ...
Constantino só foi batizado, já no final de sua vida, que ocorreu em 337.
Com a morte de Constantino o reino foi dividido.

Constancio
senhor do oriente adotou uma política fanática contra os pagãos. As outras religiões foram erradicadas a força, já que o cristianismo era a religião oficial.

Teodósio
imperador do séc IV tornou a heresia um crime contra o estado ( crime de “lesa majestade” ).


Em menos de um século a igreja passa de perseguida a perseguidora !

A partir desta época a igreja rejeita praticamente suas raízes judaicas Os judeus passam a ser um povo maldito: o povo escolhido que quebrou a aliança com Deus.

Segundo Concilio Ecumênico de Constantinopla
Convocado por Teodósio em 381, definiu a identidade de substancia do Espírito Santo com o Pai e o Filho ( SS.Trindade).
Estes conceitos foram então suplementados ao credo Niceno, que passou então a chamar-se Credo Niceno-Constantinopolitano.
Basílio o grande, Gregório Nazianzeno e Grigório de Nissa - os três Capadócios elaboraram a fórmula ortodoxa da Santíssima Trindade, a saber: um único ser divino em 3 pessoas.

Com a Morte de Teosdósio em 395 o Império sedivide em Império do oriente e Império do ocisente. Apesar de Roma ser a principal sede do império o ponto focal da igreja estava no oriente.

Em 451, no IV Concilio Ecumênico de Calcedônia criou-se a fórmula cristológica Clássica: Jesus Cristo = uma pessoa divina com duas naturezas uma divina e outra humana.
Neste concílio foram discutidas e deliberadas decisões mais políticas do que teológicas.
Em um cânon solene foi concedido a Constantinopla o status semelhante a Roma: “A nova Roma”.
Entre 381 e 451 foram formados os 5 patriarcados clássicos, que exiistem até hoje e que obedeciam a uma hierarquia.
Roma – Patriarcado do Ocidente
Nova Roma – Constantinopla
Alexandria
Antioquia
Jerusalém

Embora Roma possa se arvorar em ser a primaz, todas as igrejas fundadas pelos apóstolos estavam no oriente, e com o maior número de cristãos.
O Cristianismo latino parecia nesta época (381-451) um apêndice do cristianismo Romano Oriental Bizantino, que era a liderança espiritual. Era justamente o Império do Oriente quem transmitia o paradigma ecumênico da igreja inicial. ( é por essa razão que as igrejas Ortodoxas , separadas de Roma posteriormente, reclamam para si até hoje, autenticidade dos verdadeiros ritos e do verdadeiro carisma cristão).
Em 1453, com a queda de Constantinopla, a segunda Roma, o paradigma passaria para os eslavos e Moscou seria finalmente a 3ª Roma.
A Igreja Russa tem até hoje profundas marcas Bizantinas.

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25 de outubro de 2009

A igreja Cristã inicial do livro " A Igreja Católica"

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Ainda baseado no livro " A Igreja Católica" de H Küng, segue mais um trecho.

A Palavra Católico - “Katholikos” não é usada no novo testamento, não há menção sobre uma “igreja Católica” nas escrituras.
É Sto. Inácio, bispo de Antioquia que em sua carta á comunidade de Esmirna que primeiro registra este termo, mas no sentido de “igreja inteira”, toda a igreja, em oposição a igrejas individuais e locais. Esta expressão que mais tarde será “eclésia cathólica” ou “universalis” denota a igreja universal e abrangente.

É curioso que em 1ª Coríntios, Paulo (um legalista por excelência) ache normal que a Eucaristia seja celebrada sem que qualquer pessoa tenha sido designada para isso.

Vem dai a idéia de que o batismo qualifica o batizado como sacerdote, que foi abandonada mais tarde com a formação do clero.

É no ano 100 em Antioquia que pela primeira vez aparece a tríplice hierarquia: Bispo, presbítero, diácono. A Eucaristia não podia mais ser celebrada sem o bispo.
Passa então a ser muito clara a divisão entre o clero e o povo.

Ser Cristão significava estar disposto a aceitar o martírio.
Importante é entender que aceitar não é buscar.

O Cristianismo aparece como verdadeira filosofia com Justino, um dos apologistas (165 DC).
No centro do cristianismo estava o “logos” divino, o “verbo” eterno implantado em cada ser humano como “semente da verdade” que iluminou os profetas de Israel e também os sábios da Grécia e finalmente se fez homem em Jesus de Nazaré.
Esta foi a concepção adotada por Orígenes de Alexandria no séc III. Ele é considerado como inventor da teologia como ciência.
Para ele a encarnação de Deus, em última análise, levava a divinização dos seres humanos.

Do ponto de vista de suas origens (hebraicas) a verdade cristã não era para ser teorizada e sim praticada, vivenciada. Por isso que em João 14,16, Jesus é chamado de O caminho, a verdade e a vida.

Com o “cristianismo helenista” as discussões foram tornando-se menos práticas.
Essa teorização esta cristologia do Logos foi afastando-se do ideal hebraico formulado pelo próprio Jesus, que era eminentemente prático em suas ações.
Começa a nascer uma doutrina que acaba por tranformar-se no “dogma do Deus encarnado”.
O termo católico ( inteiro,universal, abrangente) que na sua origem nada tinha de polêmico, passou a ser usado com enfoque de “crença verdadeira - única verdade”.

No séc. II a grande discussão era a gnose, para quem havia a crença da descida da centelha divina da vida ao corpo humano que precisava ser libertada para subir-ascender novamente, ou seja, do mundo divino da luz para o mundo mau da matéria e deste novamente para mundo divino da luz.

Irineu de Lyon defendia a fé (Pitis) simples da comunidade cristã.
Ele defendia os evangelhos, os mandamentos e os ritos simples em face do “Conhecimento” supostamente superior e puramente espiritual baseado em revelações, mitos, tradições secretas e sistemas de mundo específicos em combinação com rituais misteriosos e procedimentos mágicos e marcado por uma mitologização sincrética e uma hostilidade ao mundo, à matéria e ao corpo.

A IGREJA CATÓLICA, agora já uma instituição recusou-se a aceitar essa tendência gnóstica e reagiu com um conjunto de normas.
1) Adotou um credo sumário que era de costume no batismo que poderia ser suplementado com definições e dogmas que determinava os limites da “crença correta e ortodoxa”.

2) Foi estabelecido um cânone de escrituras do novo testamento baseado na Bíblia Hebraica para os escritos que eram “permitidos” e reconhecidos para a liturgia”.

3) Criação do cargo de “Episkopos”, ou bispo. Originalmente este se relacionava mais com a organização, mas gradativamente se ocuparia mais e mais com o ensino que deveria ser correto e apostólico com base na sucessão apostólica. Listas de Bispos e sínodos de bispos. A tradição, tornavam-se cada vez mais importante, o poder dos bispos crescia cada vez mais.
Os bispos tomaram lugar dos professores carismáticos e dos profetas e profetisas.
Estabeleceu-se uma estrutura hierárquica que impediu a emancipação e ordenação das mulheres ( até hoje observada na ICAR), desaparecem as diaconisas.
Passa-se a observar a hostilidade á sexualidade, um fenômeno generalizado no final da antiguidade, que assume uma marca especial no cristianismo.

O gênero masculino assume o poder da dominação no âmbito do sagrado – bispos e teólogos advogam a inferioridade feminina, mais tarde vão acrescentar a impureza como característica das mulheres.
Contra tudo que se observava nas primeiras comunidades primitivas, as mulheres estavam então excluídas, passavam a ser meras coadjuvantes.
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17 de outubro de 2009

Os Primórdios da Igreja. do Livro "A Igreja Catolica"

Já por mais de uma vez me pedem que eu escreva alguma coisa sobre a História do cristianiasmo e sobre o maravilhoso livro de Hans Küng esse teólogo fantástico de nossa época que escreveu inúmeras obras sobre o assunto, dentre eles "A Igreja Catolica" que serve de base para estes resumos.


Baseado na obra de Hans Küng de nome " A Igreja Católica “
Ed Objetiva/2001, Rio de Janeiro

Os Primórdios da Igreja.

Fundada por Jesus?

O Homem de Nazaré nunca usou o termo “igreja”. Jesus nunca proclamou uma igreja, nem a si mesmo, mas o “Reino de Deus”.
Ele convocou um grande movimento escatológico coletivo. Os 12 eram um sinal da restauração das 12 tribos de Israel.
Para irritação de beatos e tradicionalistas ortodoxos convidou também pessoas de diversas crenças ( Samaritanos), pessoas politicamente comprometidos (Coletores de impostos), pessoas que falharam moralmente ( adúlteros), pessoas exploradas sexualmente ( prostitutas).
Jesus era um grande crítico de seu tempo, da religião oficial de sua época, mas não fundou nenhuma igreja durante a sua vida.
A igreja surgiu depois de sua morte e ressurreição. De qualquer forma a “Eklesia” nunca foi uma organização de funcionários espirituais e sim uma comunidade que se reunia em hora e locais específicos para uma ação específica.

A grande pergunta que surge é se Jesus era católico.
A ICAR diz que sim, mas a questão que se coloca é: poder-se-ia imaginar Jesus de Nazaré, participando de uma missa papal, em S. Pedro em Roma?
Ou será que as pessoas ali presentes perguntariam como o grande inquisidor de Dostoievski; “Por que vens? Para nos perturbar?”.
Além disso, é difícil imaginar o Jesus do evangelho participando de uma hierarquia patriarcal.
Dificilmente alguém que lavou os pés dos seus discípulos e ensinou a servir e disse que: “o que dentre vós é o maior, torne-se o último”, pode ter desejado estruturas aristocráticas e monárquicas para sua comunidade de discípulos.
O espírito da igreja nascente ( comunidade de apóstolos) era Diakonia + serviço. Não havia autoridade hierárquica, Jesus sempre se manifestou claramente contra essa forma de estruturação.

A palavra sacerdote no novo testamento é designada para outras religiões nunca para a comunidade de cristãos. A palavra usada é “Presbítero” ou seja ancião.
Desde tempos imemoriais que as comunidades Judaicas eram (são) encabeçadas por anciãos (presbíteros). Certamente as primeiras comunidades tinham seus anciãos, como pode-se constatar nos Atos dos apóstolos.
Curiosamente Pedro era o discípulo mais velho, um ancião e logicamente o presbítero...

16 de outubro de 2009

Um depoimento sobre o querido Geraldo Magela

Graça é uma amiga virtual, dessas que mesmo sem nunca termos nos visto parece que já nos conhecemos há muito tempo. É uma pessoa muito bonita, uma militante das Comunidades Eclesiais de base lá de Sampa, fermento na massa, trabalhadora da construção do Reino.
Ela me escrevei falando de Gedraldo e do que ele tinha feito na vida dela e eu não resistí, pedi a ela para colocar odepoimento aqui no Blog, como ela permitiu, aí vai.
Que Geraldo interceda por vocês sempre, e se puderem leiam "o bêbado de Deus" uma história de um santo muito especial.

Fala Graça:

Zeh, a história é muito longa, maior que a entrevista do Boff. Bem, quando meu filho caçula nasceu, o neonatologista foi claro, o diâmetro da cabeça indicava problemas. Ele chorava muito, custou a andar e falar, bem diferente dos irmãos mais velhos, só se destacava por sua grande inteligência, começou a ler aos dois anos de idade, como isso aconteceu? Não sabemos... Os neurologistas diziam que ele tinha um alto QI e um baixo QE. Sempre foi o "patinho feio", não conseguia escrever e na escola era o"bobo" da turma, nunca conseguiu nadar ou andar de bicicleta. Resultado: super protegido pela mãe e pela família. Até que um dia, eu "a super mãe", fui a capela do bairro, e ali recebi o convite para ler a vida do santo padroeiro da paróquia. Não conhecia nada sobre o santo e não pude ler antes da celebração, então, de primeira, comecei a ler a vida de São Geraldo Magela. Á medida que lia, me identificava com o história, até que chegou a parte da mãe de São Geraldo (Dona Benedita) que o prende em casa para que ele não seguisse os redentoristas e Geraldo foge pela janela. Depois a carta de encaminhamento de Geraldo, escrita pelo Pe. Cáfaro para o Santo Afonso : AÍ SEGUE UM SERVO INÚTIL. Parei por aí e comecei a chorar, ninguém entendeu nada, mas sai dali disposta a mudar. Literalmente, "joguei meu filho no mundo". Claro que contei com o apoio da família e da equipe multidisciplinar que o acompanhava, mas foi muito difícil. Hj o meu patinho feio já se transformou num lindo cisne negro (mãe é coruja mesmo). Lembro que conseguiu amarrar o cadarço do tênis aos 12 anos e foi um acontecimento, nesse dia ajoelhei diante da imagem de São Geraldo e agradeci. O mais importante é que ele aprendeu a conviver com algumas das limitações e a superar outras tantas. Sei que foi o "dedo de Deus" que me indicou para aquela leitura e foi São Geraldo quem me "chacoalhou" para que eu acordasse e descobrisse que os "especiais" tb são amados por Deus e só precisam de oportunidades, não de super proteção. Este ano meu filho forma-se por uma conceituada universidade e já trabalha no serviço público como funcionário concursado.
É tão sereno e determinado quanto São Geraldo, seu padrinho.

Valeu minha amiga.

14 de outubro de 2009

A revolucionária Teresa D’Ávila

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Nada te perturbe.
Nada te espante.
Tudo passa.
A paciência tudo alcança.


Nada me perturbe.
Nada me espante.
A quem tem Deus nada falta.
Só Deus basta.

Ela nasceu no dia 28 de março de 1515 e foi batizada Tereza de Cepeda Y Ahumada , em Avila, Castilha, Espanha. Era filha de Alonso Sanchez de Cepeda e Beatrice Davila y Ahumada. Tereza foi educada pelas irmãs Agostinianas até 1532 quando ela voltou para casa por causa de sua saúde. Quatro anos mais tarde ela entrou para o Convento das Carmelitas Descalças, em Ávila, um estabelecimento que era negligente com relação pobreza e a clausura.
Ela voltou de novo para casa em 1536 por dois anos devido a sua saúde.
De 1555 a 1556 ela teve visões e ouviu vozes. No ano seguinte São Pedro de Alcântara passou a ser o seu diretor espiritual e ajudou-a sobremaneira em seu apostolado religioso. Desejosa de ser uma freira que obedecesse com austeridade a regra das Carmelitas, Santa Tereza fundou em 1567 o convento de São José em Ávila onde ela foi seguida por outras irmãs que desejavam uma vida mais austera.
Em 1568 ela recebeu permissão do Pior Geral da Ordem das Carmelitas para continuar no seu trabalho e ela fundou 16 outros conventos ,recebendo o apelido e "a freira ambulante " devido as suas freqüentes viagens.
Tereza se encontrou com São João da Cruz outro Carmelita buscando a reforma, em Medino del Campo, local do seu segundo convento. Ela fundou ainda um monastério para homens em Duruelo em 1568 , mas passou a responsabilidade dirigir e reformar ou fundar outros novos monastérios para São João da Cruz.

A oposição se desenvolveu entre as Carmelitas (calçadas)e membros da Ordem original e o Consilho de Piacenza em 1575 restringiu muito as suas atividades. A rixa continuou até que o Papa Gregório XIII (1572-1585) a pedido do Rei Felipe II, da Espanha, reconheceu as Reformadas Carmelitas Descalças como uma província separada da Ordem das Carmelitas originais. Nesta altura a maturidade espiritual de Santa Tereza era evidente e os seu livros e cartas foram sendo conhecidos e passaram a se tornar clássicos da literatura espiritual e logo incluíram sua autobiografia chamada "O caminho da Perfeição" e o seu livro "Castelo Interior" como clássicos da teologia espiritual.
Santa Tereza foi reverenciada como uma grande mística, tendo notável senso de humor e bom senso, combinando uma deslumbrante atividade, com uma mística contemplação.
Ela morreu no dia 4 de outubro de 1582 (14 de outubro pelo calendário Gregoriano que passou a vigorar no dia seguinte a sua morte, e avançou o calendário por 10 dias).
Foi canonizada em 1622 pelo Papa Gregório XV e declarada Doutora da Igreja em 1970 pelo Papa Paulo VI.




Não deixe que Morra !

J. Ricardo A de Oliveira
Vista hoje, quase 40 anos depois esta música de 1971 de Hurricane Smith, que embalou os passos nos bailes de muitos dos sessentões atuais, poderia ser encarada como profética.
Certamente imaginávamos que vivíamos sob a ameaça de uma 3ª Guerra mundial, de uma destruição atômica, mas não imaginávamos que poderíamos sofrer risco de extinção por nossas ações inconsequentes.
Mas, ainda é tempo !
Pequenas ações podem fazer toda a diferença. Algo simples como separar lixo orgânico do lixo do reciclável. Ou repensar o gasto de água potável, fechando a torneira emquanto se ensaboa. Ou talvez simplesmente apagando as luzes ao sair de um cômodo.
São pequenas ações, feitas por um grande número de pessoas que podem não deixar morrer o nosso sonho.

4 de outubro de 2009

Mercedes Sosa nos deixou

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Mercedes Sosa nos deixou,

neste domingo 4/10/09, aos 74 anos,

a voz da luta pelos direitos dos povos,

alguém que gritava

pelos os oprimidos da América Latina

calou-se.



(Mercedes Soza e Beth Carvalho)


"Solo le pido a Dios

Que el dolor no me sea indiferente,

Que la reseca Muerta no me encuentre


Vacia y sola sin haber hecho lo suficiente."

Mercedes Sosa
“La Negra”

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1 de outubro de 2009

Maria Clara L. Bingemer - O Pacto das catacumbas

(Maria Clara Lucchetti Bingemer)

Neste ano em que se celebra o centenário de Dom Helder Câmara, muitaslembranças e recordações do grande Dom, que foi um dos presentes maiores deDeus à Igreja do Brasil têm sido desentranhados e trazidos à luz novamente.Limpos da poeira do esquecimento por nossa às vezes curta e ingrata memória,brilham como estrelas de primeira grandeza realimentando nossa vidaespiritual e nossa capacidade ética.

Talvez um dos mais importantes seja a re-visita do chamado Pacto dasCatacumbas.
No dia 16 de novembro de 1965, poucos dias antes da clausura do Concílio Vaticano II, cerca de 40 Padres Conciliares celebraram umaEucaristia nas catacumbas de Domitila, em Roma, pedindo fidelidade aoEspírito de Jesus. Após essa celebração, firmaram o "Pacto das Catacumbas".
O documento é um desafio aos "irmãos no Episcopado" - aos bispos presentes,portanto, - a levarem uma "vida de pobreza", a construir uma Igreja que sequeria "servidora e pobre", como sugeriu o papa João XXIII. Os signatários -dentre eles, muitos brasileiros e latino-americanos, sendo que mais tardeoutros também se uniram ao pacto - se comprometiam a viver na pobreza, arejeitar todos os símbolos ou os privilégios do poder e a colocar os pobresno centro do seu ministério pastoral.
O texto teve forte influência sobre a Teologia da Libertação, quedespontaria e floresceria nos anos seguintes.Um dos signatários,propositores e mesmo articuladores do Pacto foi Dom Hélder Câmara.
O belo texto do Pacto é altamente inspirador para toda a Igreja hoje comoontem. Aqui o transcrevemos do livro "Concílio Vaticano II", Vol. V, QuartaSessão (Vozes, 1966), organizado por Dom Boaventura Kloppenburg, pp.526-528.

PACTO DAS CATACUMBAS DA IGREJA SERVA E POBRE

Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre asdeficiências de nossa vida de pobreza segundo o Evangelho; incentivados unspelos outros, numa iniciativa em que cada um de nós quereria evitar asingularidade e a presunção; unidos a todos os nossos Irmãos no Episcopado;contando sobretudo com a graça e a força de Nosso Senhor Jesus Cristo, com aoração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses;colocando-nos, pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante daIgreja de Cristo e diante dos sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, nahumildade e na consciência de nossa fraqueza, mas também com toda adeterminação e toda a força de que Deus nos quer dar a graça,comprometemo-nos ao que se segue:

1) Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população, no queconcerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo que daíse segue.. Cf. Mt 5,3; 6,33s; 8,20.

2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza,especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias dematéria preciosa (devem esses signos ser, com efeito, evangélicos). Cf. Mc6,9; Mt 10,9s; At 3,6. Nem ouro nem prata.

3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc., emnosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo no nome dadiocese, ou das obras sociais ou caritativas. Cf. Mt 6,19-21; Lc 12,33s..

4) Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e materialem nossa diocese a uma comissão de leigos competentes e cônscios do seupapel apostólico, em mira a sermos menos administradores do que pastores eapóstolos. Cf. Mt 10,8; At. 6,1-7.

5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulosque signifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor...).Preferimos ser chamados com o nome evangélico de Padre. Cf. Mt 20,25-28;23,6-11; Jo 13,12-15.

6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquiloque pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferênciaqualquer aos ricos e aos poderosos (ex.: banquetes oferecidos ou aceitos,classes nos serviços religiosos). Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19.

7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quemquer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou porqualquer outra razão. Convidaremos nossos fiéis a considerarem as suasdádivas como uma participação normal no culto, no apostolado e na açãosocial. Cf. Mt 6,2-4; Lc 15,9-13; 2Cor 12,4.

8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração,meios, etc., ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos gruposlaboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que issoprejudique as outras pessoas e grupos da diocese.
Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chamaa evangelizarem os pobres e os operários compartilhando a vida operária e otrabalho. Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4; Mt 11,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12 e9,1-27.

9) Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas relaçõesmútuas, procuraremos transformar as obras de "beneficência" em obras sociaisbaseadas na caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas asexigências, como um humilde serviço dos organismos públicos competentes. Cf.Mt 25,31-46; Lc 13,12-14 e 33s.

10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso governo e pelosnossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturase as instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e aodesenvolvimento harmônico e total do homem todo em todos os homens, e, poraí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos do homem edos filhos de Deus.. Cf. At. 2,44s; 4,32-35; 5,4; 2Cor 8 e 9 inteiros; 1Tim5, 16.

11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a mais evangélica naassunção do encargo comum das massas humanas em estado de miséria física,cultural e moral - dois terços da humanidade - comprometemo-nos:
· A participarmos, conforme nossos meios, dos investimentos urgentesdos episcopados das nações pobres;
· A requerermos juntos ao plano dos organismos internacionais, mastestemunhando o Evangelho, como o fez o Papa Paulo VI na ONU, a adoção deestruturas econômicas e culturais que não mais fabriquem nações proletáriasnum mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massas pobres saírem desua miséria.

12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida comnossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nossoministério constitua um verdadeiro serviço; assim:
· Esforçar-nos-emos para "revisar nossa vida" com eles;
· Suscitaremos colaboradores para serem mais uns animadores segundoo espírito, do que uns chefes segundo o mundo;
· Procuraremos ser o mais humanamente presentes, acolhedores...;
· Mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião.Cf. Mc 8,34s; At 6,1-7; 1Tim 3,8-10.

13) Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nossosdiocesanos a nossa resolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua compreensão,seu concurso e suas preces.
AJUDE-NOS DEUS A SERMOS FIÉIS. Com essas humildes e fervorosas palavrasterminavam os bispos seu pacto. Elas precediam suas assinaturas. Que amesma prece habite nosso coração e que o pacto das catacumbas, devidamenteadaptado a nosso estado de vida, quer sejamos leigos, religiosos ouclérigos, possa ser o norte de nossas vidas.

Fonte:
http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=13407http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=13407&cod_canal=47> &cod_canal=47