O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

29 de agosto de 2020

Uma reflexão depois das sessenta e nove voltas em torno do sol.

E de repente eu me dou conta de que mesmo trancado a quase seis meses, sem colocar a cara na rua, o sol deu mais uma volta. Meu Deus, como passa rápido. Noto que ele, o sol está começando a cansar, afinal já foram sessenta e nove voltas, e a cada nova volta parece que o caminho fica um pouco mais difícil. Esta última volta foi especialmente mais complicada. Os sonhos, parece que já não estão tão fáceis de serem sonhados e isso acaba por comprometer demais a esperança. Mas o que fazer se há dias em que não se consegue ver a linha do horizonte e sem horizonte, sabemos fica difícil manter a crença nas utopias. Mas não vou dizer como o poeta maior que o tempo é de fezes e maus poemas, ah Drummond se você soubesse que até os poemas estão difíceis de escrever. Queria muito ver flores nascendo no asfalto, mas do jeito que estamos já me contento em vê-las nascendo nos jardins. Hoje é um dia de recordações, já não tenho mais o frescor dos verdes anos, mas isso não me impede a rebeldia. Não vou me entregar, não abro mão de sonhar.
Quero degustar cada momento,
Saborear ainda a experiência dos anos. Abrir bem largo os meus braços E abraçar a VIDA e Todo o tempo que me restar. Esta incansável caminhante Que jamais se detém, Não se prende só aos sorrisos, Ou ao rolar de uma lágrima, Sege incansável sem parar. Seja nos anos inquietos da juventude, Ou na meia idade, Anos nem quentes nem frios, São mormaço úmido. Uma sequência de outonos de céus sem nuvens, expectantes, com a dúvida, se haverá noites frias de inverno. Chegado o inverno, É neste ponto do caminho que paro para meditar... O quê mais me reservará a amiga vida? Que a rebeldia, me seja sempre companheira. Que as lembranças, Não sufoquem a euforia da descoberta De que ainda é possível sonhar. Ah, amiga vida, não quero perder a oportunidade, Por nada deste mundo, De sempre me rebelar, Contra os que insistem em sufocar em nós Essa sede de liberdade. E esta vontade de gritar bem alto: Jamais desistiremos de amar !