Hoje, agora pela manhã, comecei a ouvir não muito longe um
canto, aos poucos foi ficando mais perto, e pude distinguir claramente o que
cantavam.
Reconheci o canto:
"Coroamos, a ti oh Rei Jesus, invocamos o teu nome, nos
tendemos aos teus pés / consagramos todo nosso ser a ti".
Fui até a janela e pude ver uns 20 homens de terno preto,
caminhando e cantando.
Pararam à frente do prédio do outro lado da rua, e começaram
a "orar", todos a uma só voz, pela família, pela saúde, prosperidade
daquela família... Pude perceber no primeiro andar, na sacada da varanda, a
senhorinha que costumava colocar o jornal da Universal, na caixa de correio da
minha casa... Ela agora bem idosa, acho que não sai mais de casa...
Eram 15 pastores, eu pude perceber. Cantaram, rezaram,
acenaram para a senhorinha e foram embora caminhando em silêncio...
Fiquei pensando, não é sem motivo que as igrejas evangélicas
que tanto criticamos não param de crescer.
Quando foi que vimos um grupo de padres católicos, ou até
mesmo um grupo de leigos, se preocupar com os velhos e doentes, que não
conseguem mais ir em suas igrejas, e vão até eles fazer uma oração ?
Não falo dos agentes da pastoral da saude, esses incansáveis,mas
solitários fazem um.pouco desse serviço.
Fui muitos anos MECE, participava da pastoral da saúde,
visitava doentes, e levava comunhão até eles. Muitos doentes pediam para
confessar...
Mas, era difícil conseguir um sacerdote, para visitá-los.
Criei na década de 90 a pastoral da acolhida, na paróquia
que frequentava.ja naquela época, me chamavam a atenção as igrejas evangélicas
e os centros espíritas que tinham esse tipo de preocupação com seus
frequentadores.
O projeto era bem abrangente, uma das propostas, era
justamente a visitação aos paroquianos, e na igreja, a presença de duplas que
se dispusessem a conversar com as pessoas e ver as necessidades delas, e ir a
suas casas, para fazer orações e dar apoio. O projeto foi implantado as pessoas
foram treinadas, mas com a mudança de pároco, os agentes viraram meros
entregadores de folhetos de missa aos domingos.
"O que fizerdes a um dos meus pequeninos, é a mim que o
fareis"
Lembro que no tempo em que as CEBs não eram perseguidas, e
nos lugares que ainda sobrevivem esse trabalho aos pequeninos era muito bem
feito.
Por isso,quando vejo críticas ao crescimento das igrejas
protestantes eu fico pensando, o quanto os católicos não são responsáveis por
seu acomodamento e apatia por esta situação.