O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

31 de dezembro de 2016

Ano Novo , Tudo novo


Daqui há algumas horas o ponteiro do relógio vai dar a ultima volta de 2016 e logo será um novo ano.
Quero então enquanto ainda restam algumas horas agradecer:
Deus pai e mãe, espírito, pneuma, Ruah, fonte de toda a vida neste universo, sou grato a Ti hoje e sempre por absolutamente tudo o que proporcionastes aos meus ancestrais que tornaram possível esta minha vida e a tudo que a mim proporcionas e também aos meus descendentes que certamente receberão como eu as suas bênçãos.
Quero agradecer pelas flores, pelo ar e pelo sol e pela chuva. Pela alegria e pela dor. Agradecer pela família maravilhosa, minha mulher, filhos, minha netinha e os demais que chegaram depois. Agradecer pelo que foi possível e pelo que teve que ficar para mais tarde, pelos amigos, virtuais e os do olho no olho. Agradecer pela ajuda que recebi e pela que pude dar. Agradecer pelas realizações pela palavra ouvida que fez crescer e pela que foi dita e encontrou solo fértil para florescer.
2016 não foi um ano fácil para o mundo, mas não posso me queixar e sim agradecer por ter sido preservado assim como os mais próximos a mim das catástrofes, das guerras, dos absurdos que vimos nas manchetes dos jornais. Agradecer por ter sido abençoado com uma vida nova, uma neta linda e muito amada por todos nós.
Quero ainda pedir ao criador que seja compassivo para com meus erros, meus defeitos que ainda falta muito para serem vencidos. Pedir que perdoe toda palavra mal dita, toda ofensa que eu ou algum de meus antepassados proferimos contra Ele, o sublime criador .
Aproveito para agradecer às minhas memórias e a oportunidade que estou tendo de poder libertá-las e me libertar através do perdão e da compaixão.
Quero por fim dizer que sou grato e sempre serei pela oportunidade de ter esta experiência neste planeta lindo.
Assim é , porque Tu queres que seja assim
Que assim seja, então,

Amém!

22 de dezembro de 2016

Quando a luz maior vem iluminar os mais humildes e necssitados

J, Ricardo A Oliveira


“ O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e aos que habitavam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” Is 9.2



"Jesus não só não vem de Roma, capital do império, nem de Jerusalém, capital dos judeus, mas vem de Belém, uma aldeia periférica na Judeia. E mais. Se Belém já é uma aldeia periférica, Jesus nasce ainda mais na periferia, nasce numa estrebaria, num estábulo nos arredores de Belém. Ali, seu primeiro berço foi uma manjedoura, um cocho onde os animais comem seu alimento. Também não é por acaso que o primeiro berço de Jesus é uma vasilha em que se coloca a comida, o pão cotidiano dos animais. Segundo o relato, os pais de Jesus eram forasteiros no lugar e não tinham onde pernoitar. É a partir dessa realidade extrema de marginalidade e de fragilidade, de abandono e de solidão de uma mãe dando à luz a sua criança, que vem a força do Deus libertador que quer incluir todas as pessoas de boa vontade em seu Reinado de justiça e de paz."
(Ildo BohnGass).



Só não entendo, como uma realidade tão simples e clara foi dar lugar a algo tão díspar: um império, luxo, pompa,  realeza, autoritarismo, tão distantes daquilo que Deus se dispôs a realizar. 

24 de novembro de 2016

tempos sombrios

  

Essa situação está insustentável, isso está adoecendo as pessoas e deixando-as completamente apáticas. É preocupante a sensação de impotência que as pessoas estão relatando. Tendo a acreditar nas muitas mensagens que tenho recebido de amigos espíritas e esotéricos que insistem que há uma enorme batalha espiritual no mundo sutil sobre a terra. Eles pedem que todos nós rezemos incessantemente em apoio aos espíritos superiores que combatem para que a terra não se perca.
A coisa está muito feia, e a única forma de sair disso, nestes tempos escuros é buscar a alegra que sustenta a fé. Funcionou assim no tempo da ditadura e acho que este é o caminho que precisamos trilhar.
Enquanto nós ficarmos só apontando o que está ruim, vamos espalhar mais desanimo e apatia e depressão. É tempo de fazer das tripas coração e afirmar, como os apóstolos depois da morte de Jesus, que a Ressureição era certa. Estamos justamente entre a sexta feira da paixão e o domingo da ressurreição, é uma comparação grosseira e imperfeita, eu sei, mas se continuarmos crendo e afirmando a morte, com certeza vamos impedir a ressureição.
É preciso sair desta armadilha que nos colocaram. Não é de hoje que a mídia vem vendendo essa imagem de que não tem mais jeito. Ou será que só eu percebi que já há alguns anos os noticiários só divulgam notícias ruins: desgraças, violência, cenas as mais chocantes. Não existe noticiário de notícias boas. E elas existem, mas não interessa divulga-las, Há muito tempo o povo vem sendo conduzido para o pessimismo, para ficar no ponto de não reagir.


Dizem os estudiosos da nova física, do mundo das infinitas possibilidades que aquilo que vibramos e jogamos no universo, é o que recebemos de volta.  A mecânica, segundo estes cientistas é a seguinte: O universo sempre devolverá aquilo que pedimos. Se emitimos sorrisos, vamos receber situações que nos façam sorris. Se vibramos raiva e ódio, vamos receber de volta situações que nos façam ter raiva. Parece simples. O Universo trabalha sempre a nosso favor, assim se eu vivo repetindo que a vida é uma merda, ela será. São inúmeras as crenças limitantes que foram colocadas em nosso software mental, e muitos de nós sequer percebem isso, e outros mesmo que percebam, não conhecem o antivírus para limpar suas consciências.
 As redes sociais estão repletas de denúncias e reclamações, compartilhadas ao infinito. Seria o caso de perguntar que efeito isso tem conseguido. Se essa mobilização pela divulgação é maciça, o empenho na participação e nas tentativas de mudança das situações denunciadas é quase inócua. É como se o fato de denunciar aliviasse as consciências e não exigisse mais nenhuma ação. O problema é que isso tem um subproduto muito nocivo, que é dar a sensação de que tudo vai de mal a pior e de que não há solução. O subproduto é o que estamos vendo, uma estrondosa apatia e uma grande sentimento de impotência.


 Esta situação é insustentável e precisa ser urgentemente mudada. 
Nestas horas lembro-me de Pedro Casaldáliga dizendo que o que se opõe ao MEDO, não é a coragem, mas a FÉ.  Não há também como não levar em conta a frase comum de Jesus quando libertava algum doente de seus males: Tua fé te salvou.
Concluo então que é este o caminho que temos que trilhar nestes momentos de escuridão que atravessamos. È pela Fé, é ela que tem que nos conduzir de volta à Luz. Mas por favor não confundam fé com apatia ou imobilismo. Com atitudes isoladas de joelhos dobrados em oração.
Não descarto essa possibilidade, mas insisto que é preciso ação, ação primeiramente de mudança de foco e de atitude. Mudança na maneira de olhar a realidade e de expressá-la. Mudança no sentido de esforçar-se para encontrar e expressar o positivo em toda e qualquer situação, mesmo que ela seja negativa.

Ainda esta semana uma pessoa me dizia que não consegue se conter e não falar mal de uma desafeto. Dizia ela que já não queria mais falar disso, mas que não conseguia. Perguntei a ela se essa pessoa não havia feito ou proporcionado nada de bom a ela. Qualquer coisa, mesmo que fosse bem pequena. Ela então me disse: essa pessoa sempre me usou, mas não posso negar que me proporcionou várias oportunidades, me abriu portas, mesmo que eu saiba que era para eu poder melhor servi-lo.
E eu lhe disse: mas você teve ganhos. Então todas as vezes que você se pegar falando mal dessa pessoa, arremate o final de seu comentário dizendo algo do tipo: é ele era um safado, mas não posso mentir, também me deu muitas oportunidades. Desta forma, aos poucos, o ranço vai passar e a libertação desta amarra acontecerá sem muito esforço.
Não esqueço o comentário de um cientista político nos anos 90 que dizia: o golpe militar foi um grande mal para o Brasil, mas temos que agradecer que foi para rechaçá-lo que surgiram grandes nomes na música, nas artes, na filosofia e em inúmeras outras áreas do conhecimento.

É isso, buscar o alento, a possibilidade de ter esperança, conseguir encontrar a promessa da luz, mesmo em meio a escuridão.
E vamos em frente, caminhando, cantando e seguindo a canção...

13 de novembro de 2016

A Unidade




"Disse Jesus:

Se duas pessoas fazem a paz na mesma casa,
dirão a uma montanha: "afasta-te" e ela afastar-se-á"
( Logion 48 - Evangelho de Tomé )



"Eis o poder da paz, da unidade!
Que se pode fazer contra um homem tranquilo, unificado?
Que se pode fazer contra duas ou três pessoas bem harmonizadas?
As montanhas, as dificuldades, afastam-se. É como se tivessem o apoio de toda Natureza, do Uno que se manifesta em sua harmonia.

Antes de desejar levar a paz para a casa dos outros, é necessário começar em sua "casa", fazer a paz com as partes "inimigas" de si mesmo, seja o instinto, a emoção ou o intelecto. Enquanto houver divisão em nós mesmos, não será que os obstáculos que encontramos são a expressão de nosso próprio caos?

"Encontra a paz interior, dizia São Serafim de Sarov, e uma multidão será salva ao teu lado". Um homem tranquilo, um homem feliz é fonte de paz e de felicidade para toda a humanidade. O que não fariam dois ou três?

Para Clemente de Alexandria, "transportar" montanhas significa nivelar as desigualdades entre os homens, tornar possível o encontro. A Paz permite que a Unidade de todos os seres se manifeste no momento em que o temos ou a cobiça erguem montanhas entre eles... (...)

A "fé é que transporta montanhas". Ora o que é a fé senão a Unidade da inteligência com o coração? A paz realizada entre esses "dois" que, muitas vezes, se opõem na mesma casa: o discernimento e a afetividade?

A fé é indissociavelmente, um movimento da inteligência para a Verdade e um ato de confiança. A fé é aderir com todo o seu ser ao que é reconhecido como verdadeiro e justo. Essa adesão íntima e total implica uma grande potência assim como uma grande lucidez: " Vai além da razão, mas não contra a razão". E o que tinha a aparência de montanha revela-se à luz dessa força clarividente e viva como um simples ninho de toupeira."


Jean-Yves Leloup em O Evangelho de Tomé

22 de outubro de 2016

Quando se vai um amigo...



Desde que você chegou por aqui sempre nos entendemos muito bem, eu era um adolescente e seus conselhos a minha mãe me foram muito uteis. Embora houvesse uma grande diferença de idade tínhamos uma visão do cristianismo bem parecida. Tão parecida que acabamos colegas de pré-vestibular para Psicologia. Em nossas conversas o meu e o seu jeito critico sobre algumas posturas combinava perfeitamente, e isso nossos anéis de tucum podiam atestar, até mesmo quando alguns tentavam demonizar esse simbolo da opção cristã pelos mais necessitados. Éramos muitos a lhe admirar. As crianças que corriam ao seu encontro, os jovens, que recebiam as suas broncas cheias de amor, os adultos e os mais velhos a quem você sabia tão bem tranquilizar e aliviar o coração. Você tinha esse dom de saber falar ao coração de cada um, de convencer-nos que o amor de nosso Deus era infinitamente maior do que qualquer falta que pudéssemos cometer.


Você nos ensinou a sermos inclusivos como Jesus, a deixar os julgamentos de lado, a na hora do ofertório, oferecer tudo, mas tudo mesmo, principalmente as nossas limitações, as nossas falhas, a entregar nas mãos do Pai exatamente aquilo que somos, com todos os nossos defeitos. quase posso ouvir você dizendo e olhando para nós:  vai! entrega! sem medo! se coloque por inteiro, coloque a sua vida aqui neste altar.


Embora a gente saiba que vai sentir saudade, tenho certeza de que hoje o céu está em festa, imagino que Santo Afonso estará de braços abertos para receber esse seu filho muito amado. Quanto a nós ganhamos um grande intercessor.

Descanse em Paz Pe. Marques, um descanso merecido depois de tantas ocupações e tantas realizações, os seus amigos especiais são muito gratos pela realização de uma obra fantástica, a Casa da Convivência. São gratas também as muitas famílias que aconselhou como psicólogo/sacerdote, além delas as incontáveis crianças que passaram pelo catecismo da Santo Afonso que durante muitos anos, por sua causa, tinha a fama de ser o melhor da arquidiocese. Foi uma jornada maravilhosa e você meu amigo e confessor, merece toda a nossa admiração.




A igreja do Brasil lhe deve a catequese dos especiais, uma luta sua em um tempo em que ninguém acreditava ser possível. Você desbravou e abriu muitos caminhos, cabe a nós caminhar e aprimorá-los.




Fica para nós essa saudade incomoda e a falta de alguém que celebre a Eucaristia com esse sorriso e essa intimidade que nos fazia sentir Jesus alí, bem perto de nós. 

                                                   

Quem ousará abrir caminhos e ouvir as criticas pela ousadia de fazer o novo?
Quem não se lembra da primeira vez que você colocou as crianças à sua volta no altar 
no momento da consagração?
Colocar especiais como acólitos?
Santa Ousadia !
Santa Alegria!
Santa disponibilidade para acolher a tantos.




Para nós o sentimento mais forte será sempre a gratidão.
Receba o nosso carinho e no céu continue a rezar por nós.

Até um dia Pe. Marques


+ 22-10-2016







15 de outubro de 2016

15 de Outubro - Dia do Professor

O texto abaixo circula na internet desde 2009. e eu o escolhi para homenagear a todos os professores neste seu dia. è um texto de alerta e de denúncia.

Aproveito a oportunidade para agradecer a todos os meus professores a quem devo tudo aquilo que sei e o que sou.


A EXTINÇÃO DOS PROFESSORES.

 O ano é 2.050 D.C. - Trata-se de  uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
   – Vovô, por que o mundo está acabando?
     A calma da pergunta revela a inocência da alma infante.
 E no mesmo tom vem a resposta:
     – Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
     – Professores?
Mas o que é isso?
O que fazia um professor?
   O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e  dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas.
Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
– Eles ensinavam tudo isso?
Mas eles eram sábios?
– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios.
Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.
     – E como foi que eles desapareceram, vovô?
  – Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade.
O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação.Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.
 Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos.
Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”.
 Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas.
Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”. Os professores eram vítimas da violência física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos.
Viraram saco de pancadas de todo mundo.
 Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovadora sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação
do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse.
“Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas.
 E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas.
Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.
 Em seguida, os professores foram desmoralizados.
Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.
E assim a profissão mais importante na antiguidade extinguiu-se.



24 de setembro de 2016

Padre Pio de Pietrelcina

Hugo Lapa 

padre pio

Muitas almas iluminadas já vieram a Terra em missão e cada uma delas deixou um rastro de luz e sabedoria que é seguido por milhares ou milhões de adeptos. Uma dessas almas é Francesco Forgione, mais conhecido como Padre Pio de Pietrelcina, uma pessoa humilde que inspirou milhões de fiéis da Igreja Católica e até mesmo adeptos de outras religiões. Apesar de sua grande simplicidade e dedicação exclusiva a vida religiosa, Padre Pio ganhou notoriedade mundial pelas suas realizações e ficou famoso por sua história repleta de mistérios. Quem foi essa incrível figura que inspirou e continua inspirando gerações de religiosos e esoteristas?
A vida de Padre Pio é cheia de circunstâncias fabulosas do início ao fim. Padre Pio nasceu no dia 25 de maio de 1887 na cidade de Pietrelcina, num pequeno povoado da Província de Benevento, na Itália. A família de Francesco era bastante humilde e tinha poucos recursos financeiros a lhe oferecer. Porém, os orientais já observaram que é do terreno mais lamacento e oculto que a flor de lótus traz o branco mais puro da natureza, ou mesmo o lírio, com seu encanto e sua beleza que às vezes nasce do estrume. O pequeno Francesco já exibia, desde tenra idade, um comportamento exemplar. Era uma criança muito tranqüila, pacífica, observadora e incapaz de fazer mal a quem quer que fosse. Segundo os pais e pessoas próximas, Francesco nunca cometera nenhuma falta e não era uma criança de caprichos ou vaidades.
Sua mãe chegou a dizer que Francesco “sempre obedeceu a mim e a seu pai, a cada manhã e a cada tarde ia à igreja visitar a Jesus e a Virgem. Durante o dia não saia nunca com os seus companheiros. Às vezes eu dizia: – “Francì, vá um pouco a brincar”. Ele se negava dizendo: – “Não quero ir mãe, porque eles blasfemam”. Diz-se que Francesco havia sido uma criança um pouco tímida e retraída. Alguns esoteristas afirmam que os grandes seres de luz que vem ao mundo corpóreo procuram conservar-se introspectivos durante boa parte da infância, caso contrário seriam influenciados pela educação da época, com seus preconceitos e estereótipos. Além disso, conta-se que Padre Pio havia conhecido seu anjo da guarda e mantinha com ele um estreito contato. Futuramente, Padre Pio pedia as pessoas que sempre que possível procurassem dialogar internamente com seu anjo da Guarda, uma força ou consciência espiritual elevadíssima e bem próxima de nós.
Desde criança, Francesco já dava sinais de que seu caminho era o sacerdócio. Expressava profundo desejo de consagrar sua vida plenamente a Deus e aos desígnios divinos. Ainda jovem, quando era assíduo freqüentador da Igreja, pedia ao Sacristão que, em sua hora de almoço, o deixasse ficar orando e meditando sozinho na Igreja fechada, apenas ele e Deus.
Pessoas próximas contaram que Francesco não era muito dado a reuniões sociais. O jovem trocava os amigos e as festas por momentos em que se isolava e permanecia horas e horas em silêncio e profunda oração. Quando estava sozinho e mergulhado em longas meditações dedicadas a Deus, experimentava êxtases místicos muito profundos, onde presenciava aparições de entidades luminosas e fenômenos estranhos. Já em tenra idade, Francesco era invadido por vozes que lhe insultavam e procuravam desorientá-lo. Segundo os católicos, ele estava sendo tentado pelo demônio; segundo os espiritualistas, ele estava sendo alvo de investidas de espíritos obsessores de baixa estirpe que tentavam a todo custo desequilibrá-lo emocionalmente, tudo isso para que não cumprisse a missão sagrada a que estava destinado.
Aos 16 anos, Francesco entrou como clérigo da Ordem dos Capuchinhos, no dia 06 de janeiro de 1908. Pouco depois de seu ingresso, ele foi acometido por graves enfermidades e seu estado de saúde ficou precário durante muito tempo. Dizem que sua febre chegara a níveis altíssimos, até maiores do que um termômetro comum era capaz de medir. Por este motivo, ele foi conduzido a vários conventos diferentes, até permanecer em definitivo no Convento de San Giovanni Rotondo. Nessa época, ele já era conhecido como o Padre Pio de Pietrelcina. No convento de Rotondo, Padre Pio ficaria morando e exercendo o sacerdócio durante os próximos 50 anos.
Conta-se que apesar de Padre Pio ter sido castigado por várias doenças, elas colocavam-no num estado que era seguido por êxtases divinos. Vemos aqui uma aproximação desse fenômeno com o que os antropólogos chamam de “enfermidade xamânica” no Xamanismo. Diz Stanislav Grof que “os futuros xamãs podem perder o contato com o ambiente e ter intensas experiências interiores, que envolvem jornadas ao mundo inferior e ataques de demônios que os expõem a incríveis torturas e provações, que costumam culminar em experiências de morte e desmembramento seguidas pelo renascimento e subida para regiões celestiais”.
Parece que Padre Pio tinha conhecimento de que as doenças têm um caráter de purificação. Ele chegou a declarar isso em algumas ocasiões, como disse uma vez a uma senhora que durante 30 anos era castigada por uma doença que nenhum médico conseguia diagnosticar ou explicar. Padre Pio disse que“Sua enfermidade é uma grande graça de Deus”. Tal como a enfermidade xamânica, Padre Pio reconhecia a providência que as enfermidades traziam para a alma, quando esta aceitava os atributos divinos e um propósito superior que elas traziam.
Porém, algo ainda mais surpreendente ocorreu nessa época. Conta-se que entre uma doença e outra, Padre Pio chegou a ficar muito debilitado e teria ficado longos períodos sem ingerir qualquer alimento físico. Houve um momento em que o Padre ficou 21 dias sem ingerir nada, apenas a Hóstia Consagrada. A despeito de alimentar-se bem pouco, Padre Pio mantinha misteriosamente o peso de 90 kilos. Esse fenômeno de manter-se por um longo tempo sem a necessidade de alimento físico chama-se Inédia. Vários santos já exibiram esse prodígio, uma delas foi Tereza Neumann. Yogananda conta no livro “Autobiografia de um Iogue”, que conheceu uma mulher ioguini, já com mais de 60 anos de idade, que estava a nada mais nada menos do que 50 anos sem ingerir nenhum tipo de alimento sólido. Há outras referências na literatura espiritual sobre essa capacidade, uma delas é no clássico Yoga Sutras de Patanjali, obra que serviu de base para a estruturação de Yoga enquanto disciplina sistematizada. Patanjali conta que através de certo exercício yogue, é possível restringir a fome e a sede.
Voltando as misteriosas doenças de Padre Pio, alguns relatos nos fazem pensar que ele teria passado não apenas por dificuldades de saúde, mas também por ataques ainda mais ferozes de espíritos das sombras. Padre Pio ficava a noite sozinho no Convento de San Giovanni Rotondo. Os membros do convento eram frequentemente surpreendidos com barulhos fortíssimos de pancadas do que parecia ser uma luta homérica sendo travada. Sons altos de batidas, gritos e agressões eram ouvidos por todos e vinham diretamente do aposento onde ficava o Padre Pio. Quando eles se reuniam e subiam até o local, ao abrir a porta, encontravam o Padre Pio sozinho e com marcas de vermelhidão, inchaço e machucados diversos, como se tivesse sido agredido por alguém. Os seguidores de Padre Pio acreditavam que demônios originários do próprio inferno visitavam-no constantemente à noite para agredi-lo e submetê-lo a torturas e agressões. Padre Pio, no entanto, nunca reclamara dessa situação, guardando apenas para si o seu sofrimento.
Além das misteriosas aparições de espíritos trevosos, outro grande mistério acometera sua vida. O fenômeno começou a aparecer inicialmente quando Padre Pio começou a sentir fortes dores nas mãos. Então, na manhã do dia 20 de setembro de 1918, ele teria uma experiência que mudaria para sempre o curso de sua vida. O próprio Padre Pio narra o que aconteceu nesse dia: Foi na manhã do dia 20 do mês passado (setembro) no coro, depois da celebração da Santa Missa, quando fui surpreendido pelo descanso do espírito, pareceu um doce sonho. Todos os sentidos interiores e exteriores, além das mesmas faculdades da alma, se encontraram numa quietude indescritível. Em tudo isso houve um silêncio em torno de mim e dentro de mim; senti em seguida uma grande paz e um abandono na completa privação de tudo e uma disposição na mesma rotina.
Tudo aconteceu num instante. E enquanto isso se passava, eu vi na minha frente um misterioso personagem parecido com aquele que tinha visto na tarde de 5 de agosto. Este era diferente do primeiro, porque tinha as mãos, os pés e o peito emanando sangue. A visão me aterrorizava, o que senti naquele instante em mim não sabia dizê-lo. Senti-me desfalecer e morreria, se Deus não tivesse intervindo sustentar o meu coração, o qual sentia saltar-me do peito. A visão do personagem desapareceu e dei-me conta de que minhas mãos, pés e peito foram feridos e jorravam sangue. Imaginais o suplício que experimentei então e que estou experimentando continuamente todos os dias. A ferida do coração, continuamente, sangra. Começa na quinta feira pela tarde até sábado. Meu Pai, eu morro de dor pelo suplício e confusão que experimento no mais íntimo da alma. Temo morrer em sangue, se Deus não ouvir os gemidos do meu pobre coração, e ter piedade de retirar de mim está situação…”
Foi após essa sublime e dolorosa experiência que Padre Pio recebeu o que é conhecido como as chagas de Cristo, ou estigmas, tal como é conhecido no cristianismo. As chagas foram primeiramente recebidas por São Francisco de Assis, após sublime experiência mística. Depois de São Francisco, dizem que mais de duzentas personalidades espirituais já apresentaram os estigmas de Jesus em seu corpo. Conta-se que São Francisco de Assis recebera as chagas de Cristo após pedir ardentemente e desejar sentir o mesmo sofrimento que Jesus sentiu, para a remissão dos pecados da humanidade. Ele queria reviver em si a paixão de Cristo, pois amava muito a Jesus e pediu o privilégio de sentir o mesmo que Jesus sentiu.
Os iniciados, místicos e esoteristas estudam o significado simbólico e místico da crucificação. No momento em que Jesus atravessou a chamada Paixão de Cristo, ele viveu uma experiência de tomar para si mesmo o sofrimento ou o karma da humanidade, ao menos uma parte do karma humano ele teria escolhido trazer para si e senti-lo. Esse processo faria com que, ao invés do karma da humanidade se abatesse contra milhões e milhões de pessoas, somente Jesus, no ato da crucificação, sentiria as dores, doenças e sofrimentos do mundo. É isso que é chamado de a “remissão dos pecados” pela Igreja Católica e o que no esoterismo é conhecido como “transmutação do karma da humanidade”.
Dizem que a maioria dos avatares ou grandes almas, os redentores, que vieram a Terra, cada um deles transmutou uma parcela do karma planetário, acolhendo para si o sofrimento das massas e de certa forma “salvando” as pessoas de seus erros de vidas passadas. Isso permite a humanidade sofredora aprender pela sabedoria e não pelas experiências ou, em ultima instância, pelo sofrimento. Padre Pio lembra muito as palavras de São Paulo, quando diz “Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim” (Gal. 2/19, 20). Muitos católicos têm plena consciência desse fato. É o caso de Lilá Sant´anna, uma das biógrafas do Padre Pio. Em seu livro, ela afirma que “A substituição mística encontra-se na vida dos santos, como, por exemplo, em Padre Pio, que se oferecia em lugar de outras pessoas, a fim de aliviar-lhes o sofrimento.”
Assim que um santo recebe as chagas de Cristo, ele aceita intimamente dar continuidade a esse processo de purgação do karma planetário. Na medida em que sente a dor das chagas, ele está, em verdade, sentindo a dor do karma de milhares ou milhões de indivíduos e ajudando a aliviar o sofrimento humano. Foi assim primeiro com São Francisco de Assis, e com vários outros indivíduos que o sucederam. Uma dessas almas foi Padre Pio, que recebera os estigmas tal como ele mesmo relatou. Os estigmas de São Francisco de Assis duraram apenas dois anos, enquanto os estigmas de Padre Pio tiveram a duração de 50 anos. Por este e outros motivos, ele é chamado algumas vezes de “o herdeiro espiritual de São Francisco”, por sua vida se assemelhar em pontos importantes a vida de Francisco de Assis.
O fenômeno das chagas atraiu a atenção de cientistas, estudiosos, religiosos e jornalistas do mundo inteiro, que atravessavam países e continentes para vê-lo de perto. Padre Pio foi o primeiro Padre da Igreja Católica a apresentar os estigmas. Os estigmas apareceram nas palmas das mãos, nos pés e em outras partes do corpo. Apesar da dor lancinante que sofria quase todos os dias, Padre Pio aceitava o sofrimento com amor, resignação, sem tristezas, reclamações ou pesares. Não há notícias de que ele tenha se queixado, uma vez sequer, das dores que as chagas lhe proporcionavam. Além disso, manteve total responsabilidade com relação a vida sacerdotal. Como ele mesmo dizia“Do altar para o confessionário e do confessionário para o altar”. Muitas vezes, ficava até 14 horas atendendo fiéis que vinham do mundo inteiro para vê-lo e ter ao menos uma pequena fração de tempo com essa alma de luz. Padre Pio era também chamado de “O Homem da oração” e “O homem da esperança”.
A História dos acontecimentos fantásticos da vida de Padre Pio não para por aí. Há muitos relatos de que o herdeiro espiritual de São Francisco de Assis era possuidor de outra capacidade psíquica; outro “dom miraculoso”, como os católicos costumavam chamar. Esse fenômeno é bem conhecido do esoterismo, do misticismo oriental, da Parapsicologia e até mesmo do Catolicismo. Antes de Padre Pio, a personalidade espiritual mais conhecida que realizara essa extraordinária faculdade era Santo Antônio de Pádua. Trata-se do fenômeno da Bilocação. Bilocação ou Bicorporeidade é a capacidade que alguns espíritos mais elevados possuem de estarem em dois ou três lugares ao mesmo tempo, em corpo materializado por eles, de forma a se tornarem visíveis e tangíveis a outros. Dizem que os indivíduos que possuem esse dom são vistos em dois ou três lugares por pessoas diferentes, pois são capazes de se deslocar em consciência e criar um corpo físico em qualquer local que desejarem. Padre Pio por diversas vezes usou esse dom e várias testemunhas confirmaram a autenticidade do fenômeno. Ele encontrava-se simultaneamente em dois ou três lugares.
Grandes almas realizam esse prodígio com o intento de estar em locais diferentes onde sua presença é solicitada e se faz necessária, geralmente por motivo de orientação e cura.
Muitas pessoas contam que viram o Padre Pio em determinados lugares, bem afastados do convento de San Giovanni, mesmo sabendo que o Padre Pio quase nunca saía de lá. Um desses relatos veio da Mãe Speranza, a fundadora da Ordem das Criadas do Amor Misericordioso. Mãe Speranza disse que via Padre Pio quase que diariamente, durante um ano, em Roma. O detalhe interessante é que todos sabiam que o Padre Pio foi a Roma apenas uma vez para levar sua irmã que havia decidido entrar no convento. Outro caso espantoso ocorreu em 1951, quando Padre Pio apareceu para celebrar uma missa em um convento de freiras da Tchecoslováquia. Após o término da missa, as freiras foram carinhosamente oferecer a Padre Pio um café e agradecer-lhe a benção de uma visita tão luminosa e inesperada. Quando chegaram à sacristia, perceberam que o Padre Pio não estava mais lá e indagaram-se por onde ele teria saído. As freiras então entenderam o fato como um milagre e consideraram que o Padre tivesse lhes visitado através da bilocação.
Além destes ocorridos, há vários outros que poderiam ser contados com detalhes. O fato é que Padre Pio verdadeiramente não era uma pessoa orgulhosa, ele demonstrava os chamados “milagres” de uma forma natural e espontânea, sem ofender, alardear ou ostentar suas faculdades interiores, comportamento digno das almas puras e sábias que vieram a Terra. A bilocação tinha sempre um objetivo e jamais se prestava a demonstrações vazias e inócuas. Geralmente, Padre Pio se bilocava para ajudar alguém necessitado, para a realização de curas, ou para uma palavra de orientação e conforto aos espíritos perdidos em seus sofrimentos.
De qualquer forma, mesmo com o precioso dom da bilocação, Padre Pio não podia corresponder às demandas de todos. Como era muito solicitado por fiéis do mundo inteiro, ele ensinava as pessoas uma técnica simples e direta para a comunicação com ele e com o mundo espiritual. Padre Pio valorizava muito a figura de nosso Anjo da Guarda, o Sagrado Anjo Guardião, um ser de luz muito elevado que cuida das almas encarnadas protegendo-as e auxiliando em sua evolução espiritual. De acordo com o Catolicismo, os anjos são mensageiros enviados por Deus e que servem de mediação entre o homem e a divindade. Assim, cada pessoa teria um anjo da guarda e esse ser de luz pode ser usado algumas vezes quando nossa intenção é pura e quando ela vai na direção do nosso desenvolvimento interior.
Seguindo essa linha, Padre Pio afirmava que Para todas as pessoas que vivem há um Anjo da Guarda. Por isso ninguém se encontra sozinho.” Quando uma pessoa precisava de ajuda, ele pedia a pessoa: “Envie-me seu Anjo da guarda, porque ele não paga ingresso no trem e nem consome seus sapatos.” Parece que o Padre tinha mesmo contato direto com os anjos, pois demonstrava sempre ter recebido as mensagens dos fiéis, mesmo quando não havia nenhuma forma de saber o que lhe fora enviado. Essa era uma forma de comunicação muito eficiente para ele: “É inútil que me escrevas, porque eu não posso lhe responder. Envie-me seu Anjo da guarda sempre, e eu farei tudo.”Era costume corrente dos adeptos e seguidores de Padre Pio enviar-lhe o anjo da guarda, tal como ele mesmo ensinara.
Certa vez, uma pessoa chamada Amélia Banetti, considerada a “filha espiritual de Padre Pio”, pensou em lhe enviar felicitações pelo aniversário de 20 anos do aparecimento das chagas. Porém, ela morava numa Aldeia em Turim e lá não havia agência de correio. Chegado o dia, Amélia infelizmente não encontrou ninguém que pudesse ir a cidade para enviar um telegrama de felicitações, tal como o costume dos filhos espirituais. Então, Amélia resolveu pedir ardorosamente ao seu anjo da guarda que enviasse a mensagem de congratulações diretamente ao Padre Pio. Passados alguns dias, Amélia recebeu uma carta de Rosine Placentino, uma amiga de San Giovanni Rotondo. Na carta, ela transmitia uma mensagem do Padre Pio agradecendo-lhe os votos espirituais enviados por ela.
Além do fenômeno das chagas e da bilocação, Padre Pio também ficou conhecido pelas incríveis curas que realizava. Há muitos testemunhos e evidências documentais de que essas curas realmente ocorreram, pelos menos é o que relatam muitas pessoas que conviveram com o Padre Pio. Os casos de indivíduos que melhoraram de alguma doença física após uma solicitação ao Padre Pio, ou mesmo depois de uma visita em bilocação são vários, mas podemos citar alguns mais conhecidos, tal como enumerado no livro de Lilá Sant´anna: cura de epilepsia na Itália, cura de Paralisia infantil na Polônia, cura de câncer no estômago na Itália, calcificação hipofísica na cabeça de uma criança, também na Itália, ùlcera cancerosa, duas hemorragias cerebrais, esterilidade, dentre vários outros.
Há um caso em que um homem, cego de um olho, com 50 anos de idade, recebe um presente com uma foto do Padre Pio. O homem então começa a rezar continuamente se concentrando na imagem. Durante a noite, ele encontrou o Padre num de seus sonhos. Ao acordar, percebeu que a sua vista estava completamente curada. Em outro caso, uma mãe levou uma criança com Leucemia à presença de Padre Pio, em San Giovanni Rotondo. A mãe e a criança receberam a hóstia consagrada das mãos do Padre. Ao retornarem para casa, resolveram fazer novos exames médicos. Para a sua completa surpresa, os novos exames revelaram que a Leucemia havia desaparecido integralmente, sem que os médicos pudessem explicar o motivo para tal ocorrência.
Um outro paciente com lesão na córnea faz insistentes pedidos a Padre Pio para que seja curado do seu problema. Durante suas orações, sente um inconfundível perfume no ar, que ele reconheceu como sendo o perfume que as chagas do Padre Pio espargiam no ar. Após esse acontecimento, o homem fica completamente curado da lesão. Além destes casos, poderíamos citar muitos outros relatos semelhantes. Muitos deles foram comprovados por avaliações médicas posteriores, não deixando margem a dúvidas quanto à natureza inexplicável das curas.
Haveria alguma explicação para as curas do Padre Pio? Há alguma relação dessas curas fantásticas, consideradas por muitos como “milagres”, com as chagas do Padre Pio? Se lançarmos um olhar sobre o passado, em especial a mitologia grega, veremos que há um personagem mitológico, chamado Quíron, que talvez possa lançar alguma luz sobre essas questões. Quíron, para aqueles que não conhecem, era um centauro, que possuía a uma ferida que permanência eternamente aberta. Ele teria recebido uma flechada envenenada de Héracles (Hércules) e essa ferida jamais fechara desde então. Mas como era um titã, era imortal. Como reza a tradição, Quíron era um exímio curador.  Quíron era conhecido por sua inteligência e seus dotes medicinais. Porém, o mais interessante é que, segundo a descrição do mito, a ferida de Quíron era o fator que lhe possibilitava realizar suas curas. Conta-se que Quíron sofreu muito com as dores da flechada, mas esse sofrimento não era em vão.
Aqui vemos certa analogia com o Padre Pio. Apesar de estar seriamente ferido nas mãos e pés, Padre Pio possuía o dom da cura. Aqui lembramos os estudos do arquétipo do curador ferido, estudado pela psicologia junguiana, pela Psicologia Transpessoal e tema de várias tradições contemplativas e místicas do passado. O curador ferido é um ser que recebeu, de alguma forma, um ferimento grave, mas essa ferida o capacitou a desenvolver o dom de curar outras pessoas.
No xamanismo, por exemplo, há indivíduos que adquirem o dom de cura após uma experiência de intenso sofrimento, onde são feridos insistentemente por entidades demoníacas. Muitas vezes, o aspirante a xamã fica doente durante muito tempo, às vezes por anos. Da mesma forma que a escura e cálida noite precede o amanhacer, as doenças, as feridas e os sofrimentos são uma provação iniciática, que precede um grande despertar. Existe certo padrão em todas as experiências xamânicas de iniciação, tal como foi atestado por vários estudos, em especial por Mircea Eliade. O candidato recebe um chamado (algumas vezes de seus espíritos guardiães ou auxiliares) e aceita seguir a sua vocação. É então levado aos reinos inferiores, onde se depara com a presença de várias entidades trevosas. Ele então é submetido a uma série de torturas, onde na maioria das vezes percebe o seu corpo sendo estraçalhado e devorado por espíritos das sombras. O futuro xamã é ferido em várias partes do seu corpo. Porém, o mais interessante é que, esses ferimentos são os grandes agentes da transformação que se processa dentro dele e que o fazem despertar para uma renovação integral em seu ser, capacitando o iniciando a se tornar um xamã, um indivíduo com sabedoria, poderes curativos e outras habilidades.
Vale ressaltar que no Xamanismo, a atuação dos espíritos inferiores é uma benção, posto que são eles os agentes da doença ou do sofrimento que trará a cura. São, nesse sentido, os agentes da purificação que trará a cura interior, uma forma de cura muito superior ao alívio de um sintoma.
Assim, os xamãs têm a consciência de que apenas o indivíduo que sentiu em si mesmo uma ferida, ou uma grave doença se abater sobre ele, pode despertar para o dom da cura. Apenas aqueles que chegaram ao extremo da doença, das dores e dos ferimentos conseguem conhecer intuitivamente os mecanismos e a natureza da própria doença, e assim obter a cura dos mesmos males. Diz Mircea Eliade que: “Cada um dos espíritos devora a parte do corpo que lhe cabe, cujo efeito é conferir ao futuro xamã a faculdade de curar as doenças correspondentes”. Como já dissemos, Padre Pio ficou doente durante boa parte de sua vida, sofrendo de moléstias gravíssimas. Após essas experiências, ao contrário de ficar debilitado, ele parecia estar renovado interiormente, regressando à rotina com conhecimentos superiores.
Conta-se que Padre Pio dificilmente dormia. O convento de San Giovanni Rotondo vivia cheio e pessoas de diferentes partes do mundo vinham com ele se confessar. Padre Pio, com a sua inesgotável benevolência e amor que sentia pelas pessoas, permanecia longos períodos ouvindo suas confissões, seus pecados e suas queixas. Passava longos períodos atendendo no confessionário e alguns dias ficava até 16 horas contínuas ouvindo os devotos. Apesar de realizar tudo com amor, Padre Pio às vezes sentia um forte cansaço e chegava mesmo a dizer “Não tenho um minuto sequer para mim”. Apesar disso, todos sentiam uma vibração muito positiva que emanava do Padre. Ele não deixava de atender nenhum dos seus devotos necessitados.
Além de todas as correlações da vida do Padre Pio com outras tradições espirituais, há ainda uma semelhança com a devoção do Padre Pio perante a humanidade sofredora. Num dos seus discursos, próximo de sua morte, Padre proferiu algumas palavras que muito se assemelham aos seres que no Budismo são conhecidos como Bodhisatwas. Os Bodhisatwas são indivíduos que venceram a roda dos nascimentos e morte, extinguiram todo seu karma e se libertaram da ilusão do mundo, estando bem próximos do Nirvana. Nirvana é um estado de consciência de pura felicidade e bem aventurança, estado o qual aspiram todos os praticantes budistas. Os Bodhisatwas, ainda em vida, fazem um voto de renunciar ao nirvana até que toda a humanidade sofredora também possa alcançar o nirvana, o estado que eles mesmos alcançaram. Então, eles abdicam desse estado de sublime consciência universal e continuam no mundo, servindo aos necessitados e contribuindo para a sua evolução. Padre Pio, num dos seus discursos, disse que “Ficarei na porta do Paraíso até o último dos meus filhos entrar”. Para aqueles que conhecem o voto do Bodhisatwa, essa frase traduz perfeitamente a intenção da ajuda prestada aos seres que ainda permanecem no samrara, ou a roda dos nascimentos e mortes, onde há ilusão, erros e limites. Padre Pio prometeu permanecer na porta do paraíso, ou seja, fora dele, até que cada um dos filhos de Deus possa nele ingressar. Essa atitude demonstra um desprendimento muito grande e um profundo amor por todos os seres.

Fonte:
 https://hugolapa.wordpress.com/2009/11/03/padre-pio-de-pietrelcina/
(HUGO LAPA)
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14 de setembro de 2016

Mudança de Rumo

Diz a máxima de Dane Rudiar, o magnifico astrólogo teosofista que "não são as coisas que nos acontecem e sim, nós é que acontecemos às coisas.Quando olho para a realidade que nos cerca neste momento de nossa história, tomando por base o que diz o astrólogo e o que nos ensina a filosofia havaiana do Ho'oponopono, eu preciso curar em mim esses absurdos que estão me rodeando.Se para alguém que me lê, não conseguir acompanhar o que digo eu recomendo a leitura tanto do D.Rudiar como a do livro "Limite Zero" do Joe Vitale, onde ele descreve a experiência do psiquiatra Havaiano Dr Ihaleakala Hew Len em um manicômio de alta periculosidade e de como ele mudou a realidade deste lugar com essa técnica havaiana.Na verdade eu já vinha amadurecendo esta ideia há algum tempo. Afinal paradigmas só mudam a partir de mudanças em nós,Confesso que tenho a impressão de estar diante de uma hecatombe onde valores vem se degradando e desabando diante de meus olhos. Seja pelo que acontece na politica, ou nas relações pessoais, no comportamento de numerosas pessoas que parece terem perdido o senso mínimo de humanidade, ou na opção pela mentira que norteiam os veículos de comunicação, tudo parece estar nos levando para um final de linha.
Vejo que já ultrapassamos o que o F. Capra chamou de "Ponto de Mutação" em seu livro da década de 80 e rumamos aceleradamente em queda para uma mudança drastica de valores. A nossa civilização ultrapassou seu ponto mais alto.
Algo novo, a nova civilização já deve ter surgido, mas levará algu tempo para que se possa perceber ou reconhecer. Acho que já não estarei aqui quando isso acontecer, mas sei que posso e devo contribuir para essa mudança.Sendo assim é tempo de mudanças, de investir no novo de partir para uma outra realidade. Como toda mudança sei que será dificil, dolorosa, criticada e vista como insana. Mas vale a aposta, eu tenho certeza. Sei que poderei errar feio, mas a vontade de encontrar o caminho certamente me guiará pela escuridão que logo se transformará em noite enluarada e depois dia claro.

Vamos em frente:
Se eu ou algum dos meus ancestrais contribuíram para este estado de desarmonia em mim e ao meu redor, digo ao divino criador que eu sinto muito, me perdoe, sou grato e te amo.E aproveito para pedir que Ele, o divino criador, cure em mim as memorias que estão causando este estado de coisas em minha vida e ao redor dela.Minhas queridas memórias, sou grato por poder libertá-las e desta forma também me libertar.A todos que me acompanham um caloroso abraço e votos de Paz e Luz!

11 de setembro de 2016

13 de Setembro - São João Crisóstomo

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O doutor da Igreja São João Crisóstomo
disse um dos mais profundos gritos de libertação:




"Queres honrar o Corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O honres aqui no templo com vestes de seda, enquanto lá fora o abandonas ao frio e à nudez. Aquele que disse: « Isto é o meu Corpo », [...] também afirmou: « Vistes-Me com fome e não me destes de comer », e ainda: « Na medida em que o recusastes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o recusastes. [...] De que serviria, afinal, adornar a mesa de Cristo com vasos de ouro, se Ele morre de fome na pessoa dos pobres? Primeiro dá de comer a quem tem fome, e depois ornamenta a sua mesa com o que sobra »
S. João Crisóstomo: Fonte: Homilias sobre o Evangelho de Mateus, 50, 3-4: PG 58, 508-509; cf. João Paulo II, Carta enc. Sollicitudo rei socialis (30 de Dezembro de 1987), 31: AAS 80 (1988), 553-556."






S. João Crisóstomo, em grego Ιωάννης ο Χρυσόστομος, (349, Antioquia da Síria, hoje Antakya, no sul da Turquia - 14 de Setembro de 407) foi um teólogo e escritor cristão, Patriarca de Constantinopla no fim do século IV e início do V. Sua deposição em 404 produziu uma crise entre a Santa Sé e a Sé Patriarcal. Pela sua inflamada retórica, ficou conhecido como Crisóstomo (que em grego significa «boca de ouro»).
"Como verdadeiro pastor, tratava a todos com cordialidade, (...) em particular nutria uma ternura especial pela mulher e dedicava uma atenção particular ao matrimônio e à familia" e "convidava aos fiéis a participar na vida litúrgica, que fez esplêndida e atractiva com criatividade genial". Mas "apesar de sua bondade (...) se viu envolto em freqüentes intrigas políticas, por suas contínuas relações com as autoridades e as instituições civis (...) e foi condenado ao exílio".
A atenção de João Crisóstomo para com os mais desfavorecidos é uma das suas mais relevantes características, a ponto de ter sido ele a celebrizar a expressão «o pobre é um "Alter Christus"». Para ele, de facto, oferecer atenção e dedicação a um pobre é dar ao próprio Cristo: «Não há diferença alguma em dar ao Senhor e dar ao pobre, pois Ele mesmo disse "quem dá a estes pequenos é a mim que dá."» ("Sobre o Evangelho de Mateus", LXXXVIII, 2-3)
Comentando os Atos dos Apóstolos, São João Crisóstomo propõe "o modelo da Igreja primitiva, como modelo da sociedade, desenvolvendo uma "utopia social", a idéia de uma cidade ideal, tratando de dar uma alma e um rosto cristão à cidade. Em outras palavras, Crisóstomo entendeu que não era suficiente dar esmolas, ajudar aos pobres, caso a caso, mas que era necessário criar uma estrutura, um novo modelo de
É considerado santo pelas Igrejas Ortodoxa e Romana; é, a par de Gregório de Nanzianzo, de Gregório de Nissa e de Basílio de Cesareia, um dos quatro grandes Padres da Igreja Oriental; é ainda um dos Doutores da Igreja Católica.

Natural de Antioquia, filho de uma família cristã, estudou, na sua cidade natal sob Libânio, filosofia e retórica. Com a idade de vinte e um anos, depois de estar três anos a colaborar com o bispo Melécio de Antioquia, e de ter recebido o baptismo, foi ordenado leitor. Contra a oposição familiar, viveu alguns anos como ermitão no deserto.
Ao longo deste tempo continuou o estudo das escrituras sagradas e, quando regressou a Antioquia foi ordenado Diácono por Melécio e Sacerdote pelo bispo Flaviano em 386. Acto contínuo, este último encarregou João Crisóstomo das pregações na principal igreja da cidade, cargo que desempenhou até 397. Este período de doze anos, foi o mais fecundo da sua vida e nele proferiu as sua homilias mais conhecidas e que, no século VI, lhe valeriam o qualificativo que passou a fazer parte inseparável do nome com que passou para a posteridade: crisóstomo, isto é, boca de ouro.
Os últimos anos de sua vida foram tumultuosos. Foi eleito bispo de Constantinopla em 397 e Teófilo de Alexandria foi, contra a vontade deste, obrigado a consagrá-lo bispo, coisa que não perdoaria jamais a João. Uma vez bispo, quis começar uma restauração eclesiástica na qual - quiçá por falta de habilidade - a sua boa, e decidida, vontade se deparou com os obstáculos existentes e com os muitos interesses de alguns privilegiados. Pouco a pouco entrou em conflito com parte do clero, e, pouco depois, com a imperatriz Eudoxia.
Nesta situação, Teófilo de Alexandria conseguiu reunir aquele que depois viria a ser chamado o Sínodo da Encina, perto de Calcedónia, onde, com acusações falsas, conseguiu que Crisóstomo fosse deposto e desterrado pelo Imperador. O povo de Constantinopla, em especial os mais desfavorecidos - por quem João tanto havia feito - amotinou-se e João, no dia seguinte ao da sua saída, voltou para a sua sé episcopal.
Contudo, poucos meses depois, a situação voltou a piorar e acabou por ser desterrado para a Arménia em 404, de onde, a pedido próprio - por causa do perigo que podia representar para a sua vida a inveja de seus inimigos face às multidões que a ele acudiam -, foi de novo desterrado para um lugar mais distante, na extremidade oriental do Mar Negro. A caminho deste seu último desterro, morreria no ano de 407. Os seus restos mortais foram levados para Constantinopla em 438, e o Imperador Teodósio II, filho de Eudoxia, pediu publicamente perdão em nome de seus pais.Desde o dia 1 de maio de 1626 o seu corpo repousa na Basílica de São Pedro .