O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

29 de maio de 2010

não vale tapar o sol com uma peneira

J. Ricardo A. de Oliveira& Unisinos


Tem circulado na internet um e-mail justificando que apenas uma parcela mínima dos padres são criminosos.

eis em sintese o que aprece em todos os e-mails:

Reflita: Você sabe quantos padres tem o Brasil?

Temos 18 mil padres no Brasil (abril de 2010).
E mais de 100 milhões de fiéis.
Isso significa que cada padre tem que atender a mais de 5555 fiéis.

Agora faça essa conta comigo:
10% de 18 mil padres = 1.800 padres
1% de 18 mil padres = 180 padres
0,1% de 18 mil padres = 18 padres
0,01% de 18 mil padres = 1,8 padres

Quantos padres brasileiros estão envolvidos em escândalos pela mídia?
2 ou 3?
Isso significa menos de 0,02% de todos os padres do Brasil!

E os outros 99,98%?
Nós vamos condenar todos os padres por causa de 2 ou 3?
Nós vamos deixar de acreditar em 11 Discípulos porque Judas traiu Jesus?
Nós vamos deixar de acreditar no Senhor por causa disso?
Deixaremos de ir à Igreja e de comungar por causa da mídia escandalosa?

Pense bem: mesmo você sendo pecador e imperfeito, mesmo com dúvidas, mesmo assim Ele morreu por você!

A esse e-mail eu tenho sistematicamente respondido que:

Certamente que não vamos condenar inocentes e muito menos deixar de ir à igreja ou comungar, isso não faria o meno sentido, mas é preciso ter clareza.

Prefiro seguir Bento XVI e olhar de frente para o problema,porque se seguir o seu raciocínio posso refletir:

Qual a população do Brasil 180 000 000 de habitantes
10% = 18.000.000
quantos chefes de tráfico temos no Brasil
no máximo uns 1000
isso representa o,oo5%
será que não devemos nos preocupar em combater o Tráfico no país?

Seguimos a um Deus que nos recomendou sermos perfeitos como o Pai,
alertou-nos para que não fôssemos motivo de escândalo e foi um ferrenho denunciador
dos absurdos da classe sacerdotal de sua época.
Se quisermos preservar a tarefa que Ele nos enviou, a construção do Reino, precisamos
ser mais corajosos e combater tudo o que é joio no seio de nossa igreja.
Os padres que por acaso tropeçaram merecem todo o nosso cuidado e ajuda.
Entretanto, não podem continuar manchando o nome da igreja, não podem dar motivo para que a mídia se aproveite de suas faltas para enlamear toda a igreja.
A igreja precisa ser reconhecida, como sempre foi, como reserva moral, como uma instituição divina, não pode permitir que nela estejam abrigados aqueles que só fazem divulgar e fomentar a devassidão e o desregramento.
Não é a mídia que está tentando denegrir a igreja, mas sim aqueles que fornecem os motivos para a mídia ter assunto e motivo para isso.
Os fatos, lamentavelmente não podem ser negados, e escondidos,

Desculpe, mas prefiro acreditar no ato corajoso do papa em admitir que o pecado
está escondido dentro de nossa igreja e que precisamos trabalhar para erradicá-lo.
Um indivíduo que dirige embriagado, padre ou não é um criminoso que atenta contra vidas.
Tão grave como combater o aborto é combater motoristas embriagados que também são assassinos em potencial.
Tão grave como combater o sexo desregrado e promíscuo na sociedade e não admitir os preservativos com a justificativa de que preservamos a moral é combater pédofilos, sejam eles padres ou não, que matam a inocência daqueles a quem Jesus disse que herdariam o reino.

Sejamos simples, mansos e humildes, mas intolerantes para com o pecado.
O papa Paulo VI disse certa vez que a fumaça de Satanás havia entrado sorrateira na igreja,
precisamos apagar o fogo que produz esta fumaça...


Agora chegam notícias da Alemanha e as declarações são bombásticas e são de uma enviada da própria igreja.

Já não é mais a mídia.


O Artigo abaixo é verdadeiramente preocupante.

Pedofilia: o escândalo sacode os jesuítas

Centenas de crianças e jovens foram violentados ou sofreram agressões físicas brutais durante décadas nas instituições escolares dos jesuítas da Alemanha, e durante décadas a ordem sistematicamente encobriu e silenciou as denúncias. A denúncia foi feita nesta quinta-feira pela advogada Ursula Raue, estudiosa [b]encarregada pela própria Igreja[/b] para investigar o escândalo dos abusos sexuais nas escolas jesuítas, e pelo padre StefanDartmann, provincial da Companhia de Jesus na Alemanha.
A reportagem é de Andrea Tarquini, publicada no jornal La Repubblica, 28-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto
O relatório de Raue revela que o horror teve dimensões ainda mais amplas do que se pensava. E coincide com um êxodo em massa da Igreja Católica na Alemanha: 125 mil fiéis a deixaram, um recorde histórico que denuncia a gravíssima crise de credibilidade do catolicismo no país do Papa e que o expõe também a sérias dificuldades financeiras, com a diminuição das contribuições fiscais do fiéis.
"É escandaloso, é uma realidade que nos enche de vergonha e desonra. Peço perdão a todas as vítimas", disse o padre Dartmann. Ele condenou as décadas de silêncio, "fruto de uma cultura de solidariedade com os culpados em vez de suas vítimas, uma cultura não só escolhida por pessoas individuais, mas bem radicada na ordem naquele momento e, temo, ainda hoje". Mas Dartmann não quis indicar se haverá indenizações financeiras ou materiais para quem sofreu o martírio.
"Os casos confirmados são 205, mas temo que o número real é ainda maior", explicou Ursula Raue. Muitas vítimas, teme a investigadora oficial, provavelmente ainda não encontraram a coragem para superar a vergonha e para denunciar seu caso, enquanto outras já poderiam estar mortas. Segundo a mídia, pelo menos outros 50 casos foram confirmados em instituições católicas não administradas pelos jesuítas.
No seu relatório, a doutora Raue apresentou testemunhos terríveis. Pelo menos 12 sacerdotes, seis dos quais já faleceram, são culpados diretos. Outros 32 entre religiosos e assistentes leigos são fortemente suspeitos.
Havia o padre Eckhart, do prestigioso colégio Canisius de Berlim, que "batia muitas vezes e com gosto", ou o padre Michael, "que gostava de bater na bunda dos meninos nus na presença de outros menores e depois controlava quais dos outros menores tinha uma ereção".
Um outro religioso, do qual não se diz o nome, é acusado de ter violentado uma menina de nove anos e outra de 14 no confessionário. "O limite entre estupro e violência física era muitas vezes efêmero. Frequentemente, os padres se excitavam batendo nos menores", explicou Ursula Raue.
A lista das escolas religiosas envolvidas é um mapa de todo o país: Canisius de Berlim,Sankt Blasien, o colégio Aloisius em Bonn, Sankt Ansgar em Amburgo, instituições emGöttingen, o colégio da Imaculada em Büren e em Westfalia, diz a lista parcial divulgada nesta quinta-feira pela revista Spiegel.

Fonte:
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32898

26 de maio de 2010

''Mulheres sacerdotisas''

A igreja são os ramos e as folhas das árvores. O chão, asfalto e grama, aquela que cresce corajosamente no meio das rodovias de Milão. O altar é uma mesinha Ikea. E atrás dele está ela, Maria Vittoria Longhitano, paramento vermelho e a voz afetada pela emoção.
A reportagem é de Annachiara Sacchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 24-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.




Inicia assim, ao ar livre, a "primeira" missa celebrada pela "primeira" mulher ordenada sacerdotisa na Itália. Avenida Caterina da Forlì, é aqui que se reúne a pequena comunidade da Igreja Vétero-Católica. São cerca de 50 fiéis: crianças, famílias, idosos. Há também os parentes de Maria Vittoria (a mãe e a irmã que chegaram da Sicília e o marido, Andrea), os amigos valdeses e alguns homossexuais e transsexuais que "só aqui" se sentem "mais perto de Deus".
Um auditório comovido assim como a oficiante que inicia a missa assim: "Espero ter voz". Mas apesar do tráfego, as suas palavras são claríssimas quando, durante a homilia, explica ter "sentido dor como mulher e como sacerdote" pelo não da Igreja Católica Romana de lhe permitir que rezasse a missa na capela diante dos jardins onde, como diaconisa, sempre pôde fazê-lo. Eis por que a missa é celebrada ao ar livre.
E eis por que, a partir do próximo domingo, madre Vittoria encontrará "asilo" na Igreja Batista da rua Jacopino da Tradate. "Comunicaram-me na semana passada: uma mulher não pode celebrar". Mas, "quanto maior a cruz, maior é a obra de redenção, e então é justo abrir caminho em um país que não se acostumou a ver uma mulher com os paramentos".
Coragem e determinação. Madre Vittoria cita duas figuras femininas. Uma é Emanuela Loi, policial vítima da máfia. A outra é Santa Rita. "A santa dos milagres impossíveis", à qual, explica, desde criança pedia para ser coroinha. "Hoje, me sinto como naquele momento, discriminada".
Madre Vittoria (que lembra também o massacre de Capaci) diz: "Obrigado por estarem perto de mim. Nós somos fracos, pobres, pequenos, mas tudo o que é negativo Deus tem o poder de transformar em força". E acrescenta: "Se não compreendermos o que é a marginalização – mesmo que cause raiva quando ela ocorre em nome de Jesus – não podemos ser instrumentos de libertação".
A missa chega ao fim. Para a comunidade, chega uma nova fase na Igreja Batista. "Ali – sorri Maria Vittoria –, terei que evitar o incenso: é a única coisa que não é admitida".

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32803

24 de maio de 2010

'Bento XVI é o Papa das oportunidades perdidas'', afirma Küng

Bento XVI é o Papa das "oportunidades perdidas", avalia o célebre teólogo suíço Hans Küng, declarando-se em "oposição leal" a Roma, em una entrevista que foi publicada neste domingo no parisiense Journal du Dimanche.

"O pontificado de Bento XVI é o das oportunidades perdidas e não o das oportunidades aproveitadas", deplorou o teólogo, que se converteu, nos últimos dez anos, em um dos críticos mais férreos da Cúria Romana.




A reportagem é do sítio Religión Digital, 23-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Ao detalhar essas "oportunidades perdidas", Küng citou: "a aproximação com as Igrejas protestantes, o acordo duradouro com os judeus – ele fala deles como do povo deicida –, o diálogo aberto com os muçulmanos – qualificou o Islã de religião violenta e desumana – e a oportunidade de ajudar os povos africanos em sua luta contra a superpopulação mediante a contracepção e a utilização dos preservativos para lutar contra a Aids".

O teólogo também critica o Papa por fomentar o retorno da missa tridentina em latim e a prática da eucaristia dando as costas à assembleia de fiéis. "Não são em nada sinais de abertura", avalia.

Hans Küng, conhecido por seus posicionamentos liberais, em especial com relação ao celibato dos sacerdotes, afirma que está em "oposição leal" com o Papa, por quem diz sentir estima.

"É porque tenho estima por Ratzinger que me oponho a ele. Temos caminhos paralelos, ambos viemos de famílias católicas, conservadoras. Fizemos nossos estudos de teologia ao mesmo tempo. Éramos os dois mais jovens especialistas conciliares do Vaticano II. Em 1968, nossos caminhos divergiram. Os movimentos contestatários dos estudantes chocaram Ratzinger profundamente", lembrou.

"Ele voltou para a Baviera e tomou um caminho cada vez mais conservador. Ele se converteu em bispo e assumiu a direção da Congregação para a Doutrina da Fé. Ele se encerrou há 30 anos nessa bolha conservadora que o isolou da realidade humana", acrescentou Küng.

fonte:
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32733

23 de maio de 2010

Nem sempre o que você vê é realmente o que existe.

Eu recebi de um amigo um e-mail com estas curiosidades
e não resisti em colocá-las no Blog.
Na verdade mais do que simples curiosidade estas imagens e situações são fenômenos estudados pela psicologia e estão ligadas a leis de percepção
que muitos não conhecem.
Essas leis são estudadas por uma escola Gestaltista de psicologia.
São importantes para nos alertar que nem sempre vemos o que pensamos ver, o que pode realmente tornar temerário qualquer julgamento nosso
sobre algo ou algum comportamento de uma pessoa.
Há toda uma série de disposições internas e mecanismos
que impedem a nossa percepção da realidade.

Por hora, divirtam-se com as pegadinhas a seus cérebros.
Mas não esqueçam que o frio pode ser quente,
como quando seguramos por muito tempo uma pedra de gelo.
O doce pode ser amargo embora o tamanho da colher seja o mesmo,
dependendo apenas se o que ela contém é um doce saboroso
ou um daqueles xaropes que de tão doce chegam a amargar.
Bom divertimento!
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Leia em voz alta o que está escrito no quadro abaixo.





Mais do que provavelmente você disse, 'A bird in the bush,'!
e...se isso É o que VOCÊ disse, então você não viu
que a palavra THE está repetida duas vezes!
Desculpe, olhe novamente.

Agora, vamos brincar com algumas palavras.
O que você vê?
Em preto você pode ler a palavra GOOD, em branco a palavra EVIL (dentro de cada letra preta tem uma letra branca).
Agora, o que você vê?

Você pode não ver isso à primeira vista, mas nos espaços em branco pode-se ler a palavra optical, na paisagem azul lê-se a palavra illusion. Olhe novamente! Pode ver porque esta pintura é chamada de ilusão de ótica?

O que você vê aqui?



Esta é difícil!
A palavra TEACH reflete como LEARN.

A Última.

O que você vê?
Você provavelmente leia a plavra ME em marrom, mas.......
quando olha através de ME você vê
YOU!

Precisa olhar novamente?
Teste Seu Cérebro

Esta é muito legal. A segunda é impressionante então por favor leia tudo.



TESTE DE OLHOS DE ALZHEIMERS

Cunte todos os '
F ' no seguinte texto:


FINISHED FILES ARE THE RE
SULT OF YEARS OF SCIENTI
FIC STUDY COMBINED WITH
THE EXPERIENCE OF YEARS...

(VEJA ABAIXO)

QUANTOS ?
ERRADO, TEM
6 -- sem brincadeira.
LEIA NOVAMENTE !
Realmente, Volte e Tente encontrar o 6 F 's antes de rolar para baixo.

A razão por trás disso está mais abaixo.

O Cérebro não consegue processar 'OF'.


Incrível não? Volte e olhe novamente!!


Qualquer um que contar todos os 6 'F's' de primeira é um gênio.



Três é normal, quatro é bastante raro.

Envie isso para seus amigos.
Isso vai deixá-los doidos.!
E mantê-los ocupados
Por vários minutos..!

AGORA olhe para a mulher girando e veja para que lado ela está girando. Pense bem antes de olahr a resposta...

olhe para a mulher girando e veja...

se ela estiver girando para a direita o lado direito do seu cérebro está funcionando.
Se ela estiver girando para a esquerda o lado esquerdo do seu cérebro está funcionando.
Se ela girar para os dois lados você tem um QI de 160 ou melhor
CONTINUE ROLANDO A BARRA QUE TEM MAIS...

Mais coisas de cérebro. . . Da Universidade de Cambridge .


Só pssaoes epsertas cnsoeugem ler itso.

Eu não cnogseui acreidatr que relmanet pidoa etndeer o que etvsaa Lndeno. O pdoer fnemoeanl da mntee huamna, de aorcdo com uma psqueisa da Unvireisadde de Cmabrigde, não ipmrota a odrem em que as lteras em uma plavara etsão, a úcina cisoa ipmotratne é que a piremira e a útimla ltreas etseajm no lguar ctreo. O rseto pdoe etasr uma ttaol bnauguça e vcoê adnia pdoreá ler sem perolbmea. Itso pruqoe a mtene haunma não lê cdaa lreta idnvidailuemtne, mas a pvrlaaa cmoo um tdoo. Ipessrinaonte hien? É e eu smrepe pnenesi que slortaerr era ipmorantte! Se vcoê pdoe ler itso pssae aidntae !!

..........

22 de maio de 2010

O ilusório sistema capitalista!

Uma fábula curiosa para mostrar o quanto esse sistema artificial, que já quase levou o mundo ao caos, ameaça no momento a Grécia e a Europa, pode ser manipulado e é, na verdade, uma grande ilusão.

Conta-se que no último mês de abril, às margens do Mar Negro, chovia muito e o vilarejo estava totalmente abandonado.
Eram tempos muito difíceis e todos tinham dívidas e viviam de
empréstimos.
De repente, chega ao vilarejo um turista muito rico. Entra no único hotel do vilarejo, coloca sobre o balcão uma nota de 100 euros e sobe as escadas para escolher um quarto.
O dono do hotel pega os 100 euros e corre para pagar sua dívida com o açougueiro.
O açougueiro pega o dinheiro e corre para pagar o criador de gado.
O criador pega o dinheiro e corre para pagar a prostituta do
vilarejo, que por conta da crise, trabalhou fiado.
A prostituta corre para o hotel e paga o dono pelo quarto que
alugou para atender seus clientes.

Nesse instante, o turista desce as escadas após examinar os
quartos, pega o dinheiro de volta, diz que não gostou de nenhum dos quartos e abandona o vilarejo.

Ninguém lucrou absolutamente nada, mas toda a aldeia vive hoje sem dívidas, otimista por um futuro melhor....
Assim é se lhe parece...

Tempestade sobre Roma

artigo de Luiz Paulo Horta


"Representantes da Igreja de Roma podem até dizer que houve excessos nos ataques à Igreja; que em outros estratos da sociedade o índice de pedófilos é maior; que a maioria dos casos registrados é antiga, quando o Vaticano prestava atenção relativa ao assunto. Mas as feridas no vasto corpo da Igreja estão à mostra; e doem", escreve Luiz Paulo Horta, jornalista, membro da Academia Brasileira de Letras, em artigo publicado no jornalO Globo, 23-05-2010.


Eis o artigo.
A mística continua. Se você for a uma cerimônia na Basílica de São Pedro, dificilmente deixará de se impressionar com a majestade do lugar. E a eleição de um novo Papa sempre será capaz de desencadear maratonas jornalísticas.
Mas o clima em Roma, e em outras cidadelas do catolicismo, é de inquietação.
Há uma crise do catolicismo, e a tendência é que, antes de melhorar, ela piore.
A questão da pedofilia é só uma mancha num cenário bem mais vasto.
Representantes da Igreja de Roma podem até dizer que houve excessos nos ataques à Igreja; que em outros estratos da sociedade o índice de pedófilos é maior; que a maioria dos casos registrados é antiga, quando o Vaticano prestava atenção relativa ao assunto. Mas as feridas no vasto corpo da Igreja estão à mostra; e doem.
Por toda parte, caem os índices de adesão a Roma. Na Europa, isso é tão sério que já estão vendendo igrejas, por falta de uso.
No Brasil, dados sociológicos poderiam ser citados como atenuantes.
A “esmagadora maioria de católicos” de décadas passadas era uma ficção estatística. Cem anos atrás, o Brasil era maciçamente positivista, e só as mulheres iam à igreja. Mas rapazes de origem humilde ainda buscavam o sacerdócio como forma de afirmação social e tranquilidade econômica.
Hoje, o que vale mais a pena: enfrentar cinco, seis anos de seminário e a obrigação do celibato, ou entrar num curso rápido de formação de pastores, sem nenhuma obrigação maior e com retorno financeiro quase certo? No Brasil de hoje, em plena transformação, as comunidades evangélicas dão às pessoas deslocadas da cidade grande um ambiente afetivo, uma sensação de belonging. E você sai das reuniões com a Bíblia na mão, e amplas sugestões de abordagem para o Livro dos Livros.
Encontrar algo parecido, nos meios católicos, exige um certo esforço. A paróquia tradicional, muitas vezes, não é acolhedora, e o padre tem de dividir-se entre um excesso de tarefas. Há hoje, no Brasil, cerca de 15 mil padres para 180 milhões de habitantes, enquanto os pastores, segundo se diz, já passam de 50 mil. Quem vai ganhar essa corrida? A Igreja Católica já foi a alma da civilização ocidental. Depois, muita coisa aconteceu — começando com o próprio “racha” do cristianismo.
A reforma luterana bateu tão forte, que instalou-se um clima geral de desconfiança (regado a cachoeiras de sangue). A Igreja de Roma, que já mantinha a Bíblia a uma certa distância (por ser um livro difícil), passou a ser a Igreja do catecismo — a fé trocada em miúdos, para que todo mundo soubesse em que acreditar. A intenção era boa. Mas o legalismo e o juridicismo tomaram o lugar da experiência da fé. E esse é um caminho que terá de ser refeito. Ninguém adere a um determinado credo porque ele oferece um livro de normas bem explicadinhas.
O que provoca a fé é o encontro com uma realidade que extrapola os limites da razão; que se apresenta como uma experiência transformadora Esse encontro nunca foi exclusividade do cristianismo; mas, dentro da Igreja de Roma, o que se pode chamar de misticismo já teve momentos gloriosos, na vida de um São Francisco, de uma Teresa d’Ávila. É essa “novidade” da fé que contagia, que comove, que liberta da mediocridade.
A Igreja de Roma continua a ter trunfos poderosos. Por exemplo, a missa católica, que não encontra paralelo nos cultos evangélicos. Não apenas ela é uma obra-prima em termos de arquitetura, de organização, como ela se propõe a reencenar o sacrifício do Calvário. Nas mãos de um padre Pio, ou de outros santos, era isso mesmo o que ela significava, e o impacto era esmagador.
Esse sentido do mistério é que teria de ser recuperado nos cultos católicos de hoje, que às vezes parecem tão displicentes, e sem maior significação — um simples encontro de pessoas que concordam em pertencer à mesma denominação.
Uma outra riqueza da Igreja é a tradição, palavra que se tornou malvista, mas que significa, basicamente, transmissão — transmissão de uma mensagem que vem do fundo dos séculos.
Esse conhecimento comum, partilhado, está presente na vida dos santos, que nunca pensaram em reinventar a teologia: eles se limitavam a reativar, em suas vidas, os tesouros de uma experiência milenar. Mesmo quando erravam, ou perdiam o caminho — no Antigo Testamento, a história do rei Davi —, eles sabiam por onde regular as suas bússolas.
Há uma história moderna que ilustra essa aventura: a do cardeal Newman, que lá por 1830, ainda jovem, era a luz mais brilhante da Igreja Anglicana. Aos seus sermões em Oxford acorria a elite da Inglaterra, que estava conquistando o mundo mas não queria perder a pista das velhas crenças. Até que,um dia , Newman se põe a refletir sobre as bases da sua fé; entra numa grande crise pessoal, estuda a tradição cristã, e chega à conclusão de que o fio de ouro dos tempos apostólicos passava por Roma. Em nome desse reencontro com o catolicismo, ele abre mão de todos os títulos, de todas as honras; torna-se quase soldado raso num ambiente que custou a aceitá-lo definitivamente.
É o fascínio de Roma, que não morreu.
Mas, para torná-lo efetivo num mundo como o de hoje, muito exame de consciência vai ser necessário, muita mudança de atitude. E a disposição de, como Newman, começar lá de baixo.


21 de maio de 2010

Tradições, convenções, religiões...

(J. Ricardo A. de Oliveira)
Porque não escapar?
Será preciso seguir sem questionar?
Perpetuar a dúvida,
Eternizar o tédio?
Repetir a mesmice da falsa tradição.



Porque não buscar a Luz?
A simples e clara luz
Que aquece e derrete a frieza da dúvida
E ilumina os difíceis e sofridos caminhos,
Que estreitos, conduzem a libertação.



Só é livre
Quem se descobre
Passageiro do eterno
Mensageiro do futuro,
E, de olhos bem arregalados
Surpreende-se a cada momento
Com a novidade do óbvio.

18 de maio de 2010

Os limites do último sistema feudal do Ocidente


Os bispos são "membros de elite do último sistema feudal do Ocidente e de uma das últimas monarquias absolutas do mundo". Por isso, não deveríamos ficar surpresos se eles, "assim como os príncipes do reino, respondem apenas ao seu soberano, o bispo deRoma".

Essa é a opinião do padre norte-americano
Donald Cozzens, autor de "The Changing Face of the Priesthood" [A mutável face do sacerdócio] e escritor da John Carroll University, universidade jesuíta de Cleveland, Ohio. O artigo foi publicado no sítioNational Catholic Reporter, 17-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Com mitras um pouco tortas, a fila recente de bispos da
Irlanda à Alemanha, e de outros lugares, que deram um passo à frente para pedir desculpas pelos abusos sexuais cometidos por seus sacerdotes é algo sem precedentes para a Igreja Católica europeia.

Mesmo que as desculpas se acumulem e as políticas para lidar com as denúncias de abuso sejam endurecidas e encontros com as vítimas sejam prometidos, alguma coisa continua errada, o que diminui o valor do
"mea culpa" dos bispos.

Não existe nenhuma verdadeira responsabilização dos bispos que foram cúmplices dos abusos sexuais, por deixarem de remover padres predadores para que não tivessem acesso a crianças, ou dos bispos que falharam em cumprir com as leis civis que exigem que se denunciem abusos de menores.

E nem haverá tão em breve.

Duas explicações sobressaem. Uma pode ser considerada divina; a outra, completamente humana.

Bispos são homens ciumentos. Eles tem ciúmes da sua responsabilidade como mestres divinamente indicados da Igreja Católica. De acordo com a sua maneira de pensar, qualquer coisa que possa enfraquecer a sua autoridade divina e dada por Deus como professores e guardiães da fé merece uma imediata e feroz resistência. Desse ponto de vista, apelos para que os bispos sejam responsabilizados, salvo o próprio Papa, ofendem a dignidade do mandato dos bispos e são enquadrados por autoridades do
Vaticanocomo ataques à Igreja.

Em vez de responsabilizações, somos informados de que foram cometidos erros, às vezes trágicos em suas consequências. Mas, explica-se, foram erros cometidos pelos melhores interesses da Igreja. Qualquer coisa além disso, teme o Vaticano, debilitaria a autoridade da posição de ensino do bispo e diminuiria sua credibilidade.

A outra explicação jaz sobre bases mais humildes, embora ainda elevadas. Bispos são príncipes. Basta olhar para os seus mantos de arminho e pegar seus anéis com seus títulos corteses, "Sua Excelência", "Sua Graça", "Sua Eminência". Como membros de elite do último sistema feudal do
Ocidente e de uma das últimas monarquias absolutas do mundo, não deveríamos ficar surpresos se os bispos, assim como os príncipes do reino, respondem apenas ao seu soberano, o bispo de Roma.

Se os acúmulos reais da hierarquia fossem simplesmente vestígios do seu passado medieval, eles poderiam ser bastante inofensivos. Mas esses conceitos episcopais forjaram uma cultura do privilégio, do sigilo e da exceção, que agora é exposta como um prejuízo tanto para o seu ensino quanto para suas funções pastorais.

Mesmo os psicólogos mais teóricos conseguem imaginar como a vida da realeza inevitavelmente pode se tornar isolada – e como o poder real pode ser perigoso mesmo nos melhores homens. Uma perspectiva sóbria: é excessivamente difícil para qualquer um que tenha poder sentir a dor dos outros, mesmo a dor de jovens vítimas abusadas por seus pastores. É o bispo excepcional que mantém contato real com os membros do seu rebanho, que escuta os leigos como um discípulo a outro, que deixa a dor do abusado despedaçar o seu coração. Infelizmente, parece que é o bispo excepcional que coloca o bem dos filhos acima do bem da Igreja institucional.

Mais de meio século atrás, o teólogo luterano
Paul Tillich escreveu que qualquer religião que tomou para si o direito de julgar os valores e os costumes do mundo deve estar preparada para se sujeitar aos mesmos padrões de julgamento pelos quais julgou a esfera secular . Se uma religião não conseguir fazer isso, adverte Tilich, fica justificadamente sujeita ao julgamento do mundo.

Então, acrescenta Tillich, esse é o perigo particular da Igreja Católica.



fonte:http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32526