O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

22 de junho de 2009

O Profeta no deserto

Marcelo Barros *
Adital -

Nestes dias, a cultura popular brasileira é tomada pela memória do nascimento de São João Batista. Muitos cânticos tradicionais recordam o que conta o início do evangelho de Lucas. Trata-se de uma linguagem narrativa, como os mestres judeus costumavam comentar passagens bíblicas do primeiro testamento. Os grupos de novena e de folia sabem que o importante destas tradições é a proclamação de que começou um tempo novo. O útero da mulher estéril (Isabel) tornou-se fértil e o pai mudo começou a profetizar. São sinais de uma transformação que, durante toda a sua vida, João Batista, como profeta, anunciou e pelo qual trabalhou.Conforme a espiritualidade cristã, João Batista é uma figura paradigmática de todos os tempos e não apenas um santo que viveu há mais de dois mil anos. Como os profetas de todos os tempos, ele nos recorda que o deserto pode ser fértil e, como dizem profetas populares de movimentos messiânicos brasileiros, "o mar vai virar sertão". Hoje, a sociedade tende a nos tornar meros consumidores de um mundo banalizado como imenso centro comercial. E a natureza sofre as conseqüências de ser tratada como mercadoria. Neste contexto, a figura do profeta toma outro contorno. Ao ressaltar no deserto o rio Jordão e o batismo como mergulho em uma vida nova, nos chama a valorizar a água como sinal de vida e a descobrir, mesmo na aridez, oásis de fertilidade e caminhos de vida nova e sadia. João Batista nos ajuda a descobrir que, em meio a todas as dificuldades e como profetas no deserto, podemos ser pessoas mergulhadas no divino (é isso que quer dizer batizadas) e testemunhas da ação divina de transformação do mundo. Há quem se espante que tanto João como Jesus de Nazaré reuniram mais pessoas consideradas socialmente pecadoras do que os religiosos de sua época que, aliás, não os aceitaram. Existe um tipo de espiritualidade que põe as pessoas em uma espécie de elite sagrada, a se impor uma série de ideais e metas que as pessoas tentam alcançar através de exercícios espirituais e orações. Este tipo de espiritualidade tem seu valor porque aponta um alto objetivo que as pessoas devem alcançar. O risco é que muita gente não enfrenta o negativo presente em suas vidas. Então, o edifício espiritual fica construído como se fosse uma casa sem alicerce. A qualquer momento, aquilo que é negado, mas nem por isso deixa de existir, assoma e toma conta da casa. Faz parte essencial da espiritualidade, nos lembra João Batista, assumir nossas negatividades e trabalhá-las, nos descobrindo frágeis e divididos, mas objetos prediletos do carinho divino. Um monge antigo do Oriente dizia que o céu, mas também o inferno, estão dentro de nós mesmos. A espiritualidade da Bíblia não idealiza profetas nem se concentra em ideais e metas muito altas. Assume as ambigüidades de Abraão, capaz de, para escapar com vida, entregar a própria mulher a um rei estrangeiro como concubina. Não nega a esperteza mentirosa de Jacó para roubar do irmão Esaú o direito à primogenitura. Não disfarça que Moisés, ao encontrar com Deus no Horeb, estava fugido, porque tinha assassinado um egípcio. Não idealiza Davi que, por gostar de mulheres, é capaz de mandar matar um auxiliar que lhe servia. Não desconhece a inconstância de Salomão e assim por diante. Nos evangelhos, Jesus lida com a impetuosidade de Pedro, com a ambição de poder dos discípulos e a enorme fragilidade da adesão dos amigos. Corrige o que precisa ser corrigido, mas não nega a realidade e sim parte dela para caminhar. É isso que faz João ao batizar o povo e dizer "No meio de vós, (em vós), está Alguém que não conheceis". É quando Jesus mergulha nas águas do rio Jordão, carregadas dos pecados de todo o povo batizado por João, que o Espírito Divino desce sobre ele e o Pai manifesta o seu imenso bem querer por Jesus e pela humanidade, chamada a escutá-lo e acolhê-lo como testemunha do amor e mestre de vida.Corremos o risco de transformar o mundo inteiro em deserto e precisamos ser instrumentos da profecia que anuncia a transformação dos desertos em jardins floridos. Mas, o deserto geográfico nos mostra que temos também um deserto interior, um espaço de solidão e silêncio no qual precisamos entrar para nos encontrar e para reconhecer a realidade interior a partir da qual podemos acolher o divino e ser transformados por ele. Carl Jung dizia que somos apenas o estábulo, no qual Deus se digna nascer. Mas, isso é muito e precisa ser descoberto e valorizado.

* Monge beneditino e escritor

20 de junho de 2009

O maravilhoso mundo moderno

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Um jovem que estava assistindo a um jogo de futebol, tomou para si a responsabilidade de explicar a um senhor, já maduro, próximo dele, por que era impossível a alguém da velha geração entender esta nova geração:

“Vocês cresceram em um mundo diferente, um mundo quase primitivo”, o estudante disse alto e claro de modo que todos em volta pudessem ouvi-lo.

“Nós, os jovens de hoje, crescemos com televisão, aviões a jato, viagens espaciais, homens caminhando na Lua, nossas espaçonaves tendo visitado Marte.
Nós temos energia nuclear, carros elétricos e a hidrogênio, telefones celulares, computadores com grande capacidade de processamento e...,
fez uma pausa para tomar outro gole de cerveja.
Então o senhor se aproveitou do intervalo do gole para interromper a liturgia do estudante em sua ladainha e disse:
“-Você está certo, filho.
Nós não tivemos essas coisas quando nós éramos jovens...


Por isso nós as inventamos!!!
E você, seu rapazinho arrogante dos dias de hoje, o que você está fazendo para a próxima geração?”

"Todo mundo pensa em deixar um planeta melhor para nossos filhos...
Já é hora de pensarmos em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"


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19 de junho de 2009

Enfim Energia Limpa !

Brasil pode ter uma Itaipu dos ventos


A energia tirada dos ventos é tida, para muitos, como a união a fome com a vontade de comer. O Brasil tem, principalmente em seu litoral, uma forte incidência de ventos e há investidores que querem explorar esse potencial. O problema é a falta de um marco regulatório sobre essa atividade. “Do dia para a noite a regulação muda ou cria-se uma regra nova”, ressalta Luis Pescarmona, diretor geral da IMPSA, empresa argentina que atual no setor, e que participou dos debates sobre o tema na Conferência Ethos 2009.
A reportagem é de Glória Vasconcelos e publicada pela Agência Envolverde, 18-06-2009.


A IMPSA já atua em diversas regiões do Brasil e, segundo o seu diretor, tem obtido resultados muito positivos, não apenas nos seus resultados em termos de produção de energia, mas também no que se refere ao nível de desenvolvimento das comunidades em que está presente. “Não é apenas instalar as hélices. Temos visto pessoas que eram cortadores de cana, crescerem e produzerem coisas maravilhosas, com treinamentos e educação”, diz o empresário, explicando que o mercado de energia eólica é visto com bons olhos, pois gera, para cada 1500 MW produzidos, em média 2 mil empregos.
Até recentemente havia outras barreiras para o aproveitamento desse tipo de energia limpa, no Brasil, mas a maior delas, que era a tecnológica, já está superada, conta Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace Brasil. Outra dificuldade é a questão do preço da energia, que atualmente é definido em leilões promovidos pela Aneel.
Comentando o leilão programado para novembro, Pescarmona observa que até o momento as regras ainda não estão claras. Não sabemos o quanto será pago pela energia, que precisa ser um preço justo. “Ninguém vai investir se as regras para competição não forem claras”, ressalta. Na Europa para cada euro investido em estudo e tecnologia o retorno é cinco vezes maior. “Investimento é grande, mas o retorno é enorme” completa Pescarmona.
Hoje a energia eólica movimenta cerca de 50 bilhões por ano no Brasil segundo relatório do Pnuma divulgado recentemente. De acordo com Furtado, do Greenpeace, não há vontade política para regularizar o setor apesar de esse tipo de energia ser vista como uma solução mesmo com as mudanças climáticas.
Hoje o Greenpeace apoia o projeto de lei do deputado Edson Duarte (PV-BA), que incentiva as energias renováveis baseado no mecanismo tarifário feed-in, modelo que garante acesso dos geradores à rede e determina um preço justo e fixo pela venda dessa energia em contratos de longo prazo. E pode ser aprovado ainda este ano no Senado

17 de junho de 2009

“Sujeitos do Novo”

Carlos Signorelli Presidente do CNLB

[Curiosamente até setores da igreja de Roma que sempre se mantiveram à margem de discussãoes sobre mudanças e mudanças de paradigma parece que não podem mais ficar em cima do muro. (J Ricardo)]


Imaginemo-nos numa ponte pênsil, aquela feita de cordas e madeiras, e que une dois pontos separados por um despenhadeiro profundo.
Estamos em conjunto, uma multidão, caminhando de um lugar que conhecíamos e que estamos deixando para trás e rumando para um lugar, do outro lado do precipício, desconhecido para nós.
A ponte balança, as pessoas sentem-se mal, algumas temem por não saber onde vão chegar, como é o lugar, outras choram por se perceberem deslocadas do lugar que conheciam tanto. Por isso algumas param, sentam-se e negam-se a continuar. Outras decidem voltar, mas percebem que quanto mais caminham para o lugar de saída mais este vai se distanciando. Outros ainda, caminham como se nada estivesse acontecendo. Por fim, alguns decidem caminhar firmemente, acreditando que, onde quer que cheguem, ali vão construir a sua vida, a partir de sua utopia de vida.
Esta metáfora da ponte pênsil nos representa, ou seja, representa a todos os homens e mulheres que vivem agora neste Planeta. Estamos no processo de transição de um modelo civilizatório pra outro, ou seja, estamos em processo de mudança de paradigma de civilização.
O Documento de Aparecida chama isso de Mudança de Época, e para afirmar o seu sentido diz que não é apenas uma época de mudanças. Isto significa dizer é que este momento é o momento de transição de um conjunto de regras, costumes, valores, signos, estruturas e instituições sob as quais nascemos e às quais nos acostumamos, para outro, do qual nada sabemos, pois tudo está em processo de construção.
Tudo está em crise: o Estado, a forma de democracia que temos, a sustentabilidade do Planeta Terra, os símbolos todos, também os religiosos e, portanto, todas as religiões e suas instituições, inclusive a nossa Igreja. A educação está em crise, e a família, tão cara a muitos de nós, está em fase rápida de mudanças radicais.
Está se forjando um novo paradigma civilizacional, com um novo conjunto de valores e instituições. Nada está ainda dado de concreto desse novo. Mas sabemos que os valores da prática de Jesus devem estar presentes neste Novo. E estes valores só farão parte do novo se nós os plantarmos lá.
Eis a nossa responsabilidade como cristãos e cristãs: construirmos o Novo, nele plantando os valores que se originam da prática e da palavra de Jesus, e que queremos chamar de cristianismo.

16 de junho de 2009

Pedro Casaldáliga - 'Hoje não tenho mais esses sonhos'

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Circular 2009", de Dom Pedro Casaldáliga,
bispo emérito da prelazia de São Félix do Araguaia.
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O cardeal Carlo M. Martini, jesuíta, biblista, arcebispo que foi de Milão e colega meu de Parkinson, é um eclesiástico de diálogo, de acolhida, de renovação a fundo, tanto na Igreja como na Sociedade. Em seu livro de confidências e confissões
"Colóquios noturnos em Jerusalém", declara:

"Antes eu tinha sonhos acerca da Igreja. Sonhava com uma Igreja que percorre seu caminho na pobreza e na humildade, que não depende dos poderes deste mundo; na qual se extirpasse de raiz a desconfiança; que desse espaço às pessoas que pensem com mais amplidão; que desse ânimos, especialmente, àqueles que se sentem pequenos o pecadores. Sonhava com uma Igreja jovem. Hoje não tenho mais esses sonhos".

Esta afirmação categórica de Martini não é, não pode ser, uma declaração de fracasso, de decepção eclesial, de renúncia à utopia. Martini continua sonhando nada menos do que com o Reino, que é a utopia das utopias, um sonho do próprio Deus. Ele e milhões de pessoas na Igreja sonhamos com a "outra Igreja possível", ao serviço do "outro Mundo possível". E o cardeal Martini é uma boa testemunha e um bom guia nesse caminho alternativo; o tem demonstrado.Tanto na Igreja (na Igreja de Jesus que são várias Igrejas) como na Sociedade (que são vários povos, várias culturas, vários processos históricos) hoje mais do que nunca devemos radicalizar na procura da justiça e da paz, da dignidade humana e da igualdade na alteridade, do verdadeiro progresso dentro da ecologia profunda. E, como diz Bobbio, "é preciso instalar a liberdade no coração mesmo da igualdade"; hoje com uma visão e uma ação estritamente mundiais. É a outra globalização, a que reivindicam nossos pensadores, nossos militantes, nossos mártires, nossos famintos...A grande crise econômica atual é uma crise global de Humanidade que não se resolverá com nenhum tipo de capitalismo, porque não é possível um capitalismo humano; o capitalismo continua a ser homicida, ecocida, suicida. Não há modo de servir simultaneamente ao deus dos bancos e ao Deus da Vida, conjugar a prepotência e a usura com a convivência fraterna. A questão axial é: Trata-se de salvar o Sistema ou se trata de salvar à Humanidade? A grandes crises, grandes oportunidades. No idioma chinês a palavra crise se desdobra em dois sentidos: crise como perigo, crise como oportunidade.Na campanha eleitoral dos EUA se arvorou repetidamente "o sonho de Luther King", querendo atualizar esse sonho; e, por ocasião dos 50 anos da convocatória do Vaticano II, tem-se recordado, com saudade, o "Pacto das Catacumbas da Igreja serva e pobre". No dia 16 de novembro de 1965, poucos dias antes da clausura do Concílio, 40 Padres Conciliares celebraram a Eucaristia nas catacumbas romanas de Domitila, e firmaram o Pacto das Catacumbas. Dom Hélder Câmara, cujo centenário de nascimento estamos celebrando neste ano, era um dos principais animadores do grupo profético. O Pacto em seus 13 pontos insiste na pobreza evangélica da Igreja, sem títulos honoríficos, sem privilégios e sem ostentações mundanas; insiste na colegialidade e na corresponsabilidade da Igreja como Povo de Deus e na abertura ao mundo e na acolhida fraterna.Hoje, nós, na convulsa conjuntura atual, professamos a vigência de muitos sonhos, sociais, políticos, eclesiais, aos quais de jeito nenhum modo podemos renunciar. Seguimos rechaçando o capitalismo neoliberal, o neoimperialismo do dinheiro e das armas, uma economia de mercado e de consumismo que sepulta na pobreza e na fome a uma grande maioria da Humanidade. E seguiremos rechaçando toda discriminação por motivos de gênero, de cultura, de raça. Exigimos a transformação substancial dos organismos mundiais (a ONU, o FMI, o Banco Mundial, a OMC...). Comprometemo-nos a vivermos uma "ecologia profunda e integral", propiciando uma política agrária-agrícola alternativa à política depredadora do latifúndio, da monocultura, do agrotóxico. Participaremos nas transformações sociais, políticas e econômicas, para uma democracia de "alta intensidade".Como Igreja queremos viver, à luz do Evangelho, a paixão obsessiva de Jesus, o Reino. Queremos ser Igreja da opção pelos pobres, comunidade ecumênica e macroecumênica também. O Deus em quem acreditamos, o Abbá de Jesus, não pode ser de jeito nenhum causa de fundamentalismos, de exclusões, de inclusões absorventes, de orgulho proselitista. Chega de fazermos do nosso Deus o único Deus verdadeiro. "Meu Deus, me deixa ver a Deus? ". Com todo respeito pela opinião do Papa Bento XVI, o diálogo inter-religioso não somente é possível, é necessário. Faremos da corresponsabilidade eclesial a expressão legítima de uma fé adulta. Exigiremos, corrigindo séculos de descriminação, a plena igualdade da mulher na vida e nos ministérios da Igreja. Estimularemos a liberdade e o serviço reconhecido de nossos teólogos e teólogas. A Igreja será uma rede de comunidades orantes, servidoras, proféticas, testemunhas da Boa Nova: uma Boa Nova de vida, de liberdade, de comunhão feliz. Uma Boa Nova de misericórdia, de acolhida, de perdão, de ternura, samaritana à beira de todos os caminhos da Humanidade. Seguiremos fazendo que se viva na prática eclesial a advertência de Jesus: "Não será assim entre vocês" (Mt 21,26). Seja a autoridade serviço. O Vaticano deixará de ser Estado, e o Papa não será mais chefe de Estado. A Cúria terá de ser profundamente reformada, e as Igrejas locais cultivarão a inculturação do Evangelho e a ministerialidade compartilhada. A Igreja se comprometerá, sem medo, sem evasões, com as grandes causas de justiça e da paz, dos direitos humanos e da igualdade reconhecida de todos os povos. Será profecia de anuncio, de denúncia, de consolação. A política vivida por todos os cristãos e cristãs será aquela "expressão mais alta do amor fraterno" (Pio XI).Nós nos negamos a renunciar a estes sonhos mesmo quando possam parecer quimera. "Ainda cantamos, ainda sonhamos". Nós nos atemos à palavra de Jesus: "Fogo vim trazer à Terra; e que mais posso querer senão que arda" (Lc 12,49). Com humildade e coragem, no seguimento de Jesus, tentaremos viver estes sonhos no dia a dia de nossas vidas. Seguirá havendo crises e a Humanidade, com suas religiões e suas Igrejas, seguirá sendo santa e pecadora. Mas não faltarão as campanhas universais de solidariedade, os Foros Sociais, as Vias Campesinas, os movimentos populares, as conquistas dos Sem Terra, os pactos ecológicos, os caminhos alternativos da Nossa América, as Comunidades Eclesiais de Base, os processos de reconciliação entre o Shalom e o Salam, as vitórias indígenas e afro , em todo o caso, mais uma vez e sempre, "eu me atenho ao dito: a Esperança".Cada um e cada uma a quem possa chegar esta circular fraterna, em comunhão de fé religiosa ou de paixão humana, receba um abraço do tamanho destes sonhos. Os velhos ainda temos visões, diz a Bíblia (Jl 3,1). Li nestes dias esta definição: "A velhice é uma espécie de pós-guerra"; não precisamente de claudicação. O Parkinson é apenas um percalço do caminho e seguimos Reino adentro.

9 de junho de 2009

Novos desafios para o planeta

Marcelo Barros*





Apesar de todas as agressões e crimes cometidos contra o Planeta, ainda podemos salvá-lo

Em torno ao dia 05 de junho que a ONU consagra como “dia internacional do meio ambiente”, o mundo inteiro promove uma série de discussões e eventos que durarão toda a semana. De fato, os problemas ambientais se agravam. Hoje, não há quem não se assuste com a freqüência e a intensidade de inundações e secas, assim como, em algumas regiões do mundo, terremotos e furacões ganham fúria nunca vista.

Como disse Leonardo Boff na assembléia geral da ONU: “se a crise econômica é preocupante, a crise da não sustentabilidade da Terra se manifesta, cada dia mais, ameaçadora. Os cientistas que seguem o estado do Planeta, especialmente a Global Foot Print Network , haviam falado do Earth Overshoot Day, isto é, do dia em que se ultrapassarão os limites da Terra. Infelizmente, os dados revelam que, exatamente no dia 23 de setembro de 2008, a Terra ultrapassou em 30% sua capacidade de reposição dos recursos necessários para as demandas humanas. Neste momento atual, precisamos de mais de uma Terra para atender à nossa subsistência. Como garantir ainda a sustentabilidade da Terra, já que esta é a premissa para resolver as demais crises: a social, a alimentar, a energética e a climática? Agora, não temos uma “arca de Noé” que salve alguns e deixe perecer a todos os demais. Como asseverou recentemente, com muita propriedade, o Secretário Geral desta casa, Ban Ki-Moon: ´não podemos deixar que o urgente comprometa o essencial´. O urgente é resolver o caos econômico, mas o essencial é garantir a vitalidade e a integridade da Terra. É importante superar a crise financeira, mas o imprescindível e essencial é como vamos salvar a Casa Comum e a humanidade que é parte dela. Esta foi a razão pela qual a ONU adotou a resolução sobre o Dia internacional da Mãe Terra (International Mother Earth Day) a ser celebrado no dia 22 de abril de cada ano. Dado o agravamento da situação ambiental da Terra, especialmente o aquecimento global, temos de atuar juntos e rápido. Caso contrário, há o risco de que a Terra possa continuar, mas sem nós” (discurso na ONU – abril de 2009).

Infelizmente, governos e instituições internacionais continuam insistindo no modelo capitalista depredador. Somente o governo americano destinou este ano mais de US$ 4 trilhões a salvar bancos e multinacionais irresponsáveis que perderam dinheiro no cassino financeiro da imprevisibilidade. Este dinheiro do povo, dado aos ricos, “é um valor 40 vezes maior do que os recursos destinados a combater as mudanças climáticas no mundo e a pobreza” (Le Monde Diplomatique Brasil, maio de 2009, p. 3). O próprio governo brasileiro advoga que, contra a crise econômica que assola o planeta e também atinge o Brasil, a solução será consumir e comprar, porque isso gera empregos e receitas. As conseqüências ecológicas desta escolha não se colocam. Menos ainda o a questão ética fundamental. Quantos brasileiros podem viver esta febre do consumo? O PNUD do ano passado confirma: 20% das pessoas mais ricas absorvem 82% das riquezas mundiais, enquanto 20% dos mais pobres têm de se contentar apenas com 1, 6% desta riqueza que deveria ser comum. Uma ínfima minoria monopoliza o consumo e controla os processos econômicos que implicam na devastação da natureza e em uma imensa injustiça social.

Ainda nestes dias, a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória 458 que permite legalizar milhares de posse de terras públicas com até 1500 hectares (15 Km2) na Amazônia Legal. A senadora Marina Silva alerta que esta medida acabará de abrir totalmente as portas para a grilagem na Amazônia, para a destruição da floresta, além de favorecer a concentração de terras já escandalosa.

Ao contrário, em alguns países, como a Alemanha e o Canadá, investimentos públicos incentivam o uso de energia limpa, ao mesmo tempo em que contribuem para a luta contra o desemprego. Entretanto, cada vez mais os analistas e cientistas percebem que todo esforço será inútil se não se superar uma economia capitalista que consiste em acumulação de riquezas e desperdício de recursos, em prol de uma economia que preserve o planeta em vez de esgotá-lo.

Para quem vive uma busca espiritual, o cuidado amoroso com a Mãe Terra, com a água e com todo ser vivo fazem parte do testemunho que Deus é amor, está presente e atuante no universo. Apesar de todas as agressões e crimes cometidos contra o Planeta, ainda podemos salvá-lo. Em 2003, a UNESCO assumiu a “Carta da Terra”, como instrumento educativo e referência ética para o desenvolvimento sustentável. Participaram ativamente de sua concepção humanistas e pensadores do mundo inteiro. É preciso que a ONU assuma este documento que qualquer pessoa pode ler e comentar na internet (basta consultar: “carta da terra”). É o esboço de uma “declaração dos direitos da Terra” e toda a humanidade é chamada a conhecê-la e praticá-la.

* Monge beneditino e autor de 26 livros, dos quais o mais recente é "O Espírito vem pelas Águas". Ed. Rede-Loyola, 2003.

Fonte: www.brasildefato.com.br

5 de junho de 2009

Dia do Meio Ambiente

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Um dia para lembrar de que em todos os nossos dias deveríamos estar em plena atenção contra a destruição do paraíso que nos foi legado.


Crescei e multiplicai-vos disse o senhor Deus no mito da criação, mas será que ele imaginava naquela época que levaríamos tão a sério este mandado e que o faríamos de forma tão irresponsável?

Pois está aí!
Aquecimento global, desestrutura por todos os lados, fenômenos naturais fora de previsãoe controle – a criação ameaçada!

Parece que dar um basta não é mais tão fácil.

Há interesses, e recursos em jogo e marchamos para um trágico final.
De qualquer forma depende de cada um de nós fazer a nossa parte.




CRIE

RECICLE

REAPROVEITE


PLANTE ÁRVORES

NÃO DESPERDICE ENERGIA

NÃO DESTRUA O MEIO AMBIENTE

NÃO JOGUE LIXO FORA DAS LIXEIRAS

DIMINUA A QUANTIDADE DE SACOS PLÁSTICOS

ARENDA A SEPARAR O LIXO ORGÂNICO DO INORGÂNICO

DEVOLVA UM PLANETA MELHOR PARA AS NOVAS GERAÇÕES