O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

15 de dezembro de 2020

A demência como estilo de vida


 

Em uma antiga entrevista Mino Carta diz literalmente: ”O Brasil estabeleceu a demência como forma de governo” e nesta entrevista que é de 2018, ele diz que o IBOP fez uma pesquisa de satisfação, e que 75% dos brasileiros estavam esperançosos e otimistas com o próximo governo, que é o desastre atual. Hoje os 75 andam em torno de 35% o que ainda é um espanto.

De minha parte, nada mais me surpreende, não acho que a demência seja só a forma de governo do Brasil, acho que vai muito além disso, acho que a demência se tornou o modo de vida em nosso país, uma rápida passada pelo noticiário iremos encontrar notícias de acontecimentos que ultrapassam esta linha, indicam que a frágil linha da normalidade está comprometida, completamente desligada da verdade, da ética. Vivemos o tempo da Demência, da Lei de Gerson e da Razão Cínica. Nada do que se ouve, lê ou vê, pode deixar de ser muito bem checado, tal a quantidade de fakes, pós verdades ou no popular, mentiras, que abundam as redes sociais, o noticiário e até as conversas entre amigos. Perdemos muito da sanidade que tínhamos, perdemos a seriedade e a capacidade de investigar o que existe por trás de cenários bem montados para nos enganar. São vídeos de pseudo-médicos combatendo as máscaras, o isolamento social, recomendando que não se tome vacina e dizendo abertamente que o vírus não existe, já que se trata de uma estratégia do comunismo chinês para dominar a terra. A despeito da insanidade destas ciosas o apedrejamento da ciência é de causar perplexidade.
As redes sociais deram a muitos a autoridade e neste quadro de insanidade essas pessoas se acham gabaritadas para falar em nome de uma ciência que eles jamais se deram ao trabalho de estudar. Mas como eu já disse em algum comentário, o Brasil é sim um país único e que jogadores de futebol se acham experts em política, e presidente delira que é médico e pode receitar, mas o velho e saudoso Tim maia dizia que no Brasil prostituta se apaixona pelo cliente, cafetão sente ciúmes, traficante se vicia e pobre vota na direita... E é isso mesmo.

Vivemos tempos de guerra, de abuso coletivo, de predomínio da SOMBRA. Em tempos assim só há uma saída, silenciar e olhar para dentro, buscar lá no interior do interior a chama que arde e nos mantém, e, uma vez encontrada, deixar que ela guie nosso caminho, e nossa vida. Nada além dessa voz interior é merecedora de crédito. Nas horas mais difíceis, quando o desespero, o medo ou a revolta estiverem rondando, é lá, na intimidade, na sala interior, onde habita a chama da vida que encontraremos refúgio e paz.
Só assim não seremos contaminados pela demência que parece contaminar em todo o mundo.
Eu estou fazendo planos de me mudar para o interior do meu interior, lá onde  a ilusão não é a regra, e onde as redes não nos raptam e nos aprisionam em futilidades, ou em reclamações que não surtem o menor efeito.

Sabe o que eu queria agora, meu bem?
Sair, chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também

Que me oferecesse um colo, um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano
Mas, a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém

Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender por que se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber

Meu amor
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir

Minha dor
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui, pode sair

“Onde Deus possa me ouvir “
 Vander Lee(3/3/66/ 5/8/16)