O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

30 de junho de 2010

Só por Hoje - Os dez mandamentos da serenidade do Papa João XXIII


O Papa bom


1. Só por hoje tratarei de viver exclusivamente este meu dia, sem querer resolver o problema da minha vida, todo de uma só vez.

2. Só por hoje terei o máximo cuidado com o meu modo de tratar os outros: delicado nas minhas maneiras; não criticar ninguém; não pretenderei melhorar ou disciplinar ninguém senão a mim.

3. Só por hoje me sentirei feliz com a certeza de ter sido criado para ser feliz não só no outro mundo, mas também neste.

4. Só por hoje me adaptarei às circunstâncias, sem pretender que as circunstâncias, se adaptem todas aos meus desejos.

5. Só por hoje dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, lembrando-me que assim como é preciso comer para sustentar o meu corpo, assim também a leitura é necessária para alimentar a vida da minha alma.

6. Só por hoje praticarei uma boa ação sem contá-la a ninguém.

7. Só por hoje farei uma coisa de que não gosto e se for ofendido nos meus sentimentos procurarei que ninguém o saiba.

8. Só por hoje me fareu um programa bem completo do meu dia. Talvez não o execute perfeitamente, mas em todo o caso, vou fazê-lo. E me guardarei bem de duas calamidades: a pressa e a indecisão.

9. Só por hoje ficarei vem firme na fé, de quje a Divina Providência se opucpa de mim como se existisse somente eu no mundo - ainda que as circunstâncias manifestem o contrário.

10. Só por hoje não terei medo de nada. Em particular, não terei medo de gozar o que é belo e não terei medo de crer na bondade.

Durante doze horas de um dia posso fazer bem o que me desanimaria se pensasse que teria que fazê-lo durante toda a minha vida.

19 de junho de 2010

Um cristianismo capaz de aprender

"Um cristianismo segundo o estilo de Jesus não se apresenta como instituição detentora de um sistema de dogmas a serem ensinados ao mundo, mas sim como espaço em que as pessoas encontram a liberdade para que possa vir para fora a presença de Deus que já habita a sua própria existência."

A opinião é de Christian Albini, doutor em ciências sociais e teólogo italiano membro daAssociação Teológica Italiana, em artigo publicado em seu blog Sperare per Tutti, 16-06-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.
Do estilo de Jesus, surge a provocação de um cristianismo que aprende. As patologias e as infidelidades ao evangelho que invadem todas as épocas da história eclesial podem ser lidas como rupturas da correspondência entre forma e conteúdo. Quando prevalece a forma, tem-se um cristianismo reduzido a estetismo litúrgico, a instituição hierárquica, a estrutura onde está ausente a substância daquele amor que Jesus porta até a cruz.

Quando, ao contrário, prevalece o conteúdo, tem-se um cristianismo reduzido a um aparato doutrinal e dogmático, uma verdade feita de fórmulas às quais deve-se assentir, privada de um laço vital com a existência das pessoas. Este último seria um cristianismo sem conversão, em que Zaqueu não redistribuiria as suas riquezas...

Jesus, ao invés disso, indica o caminho de um cristianismo capaz de aprender. Jesus, segundo Christoph Theobald, não define a sua identidade e não a impõe a ninguém. Cria um espaço de liberdade em torno de si comunicando, unicamente com a sua presença, uma proximidade benéfica a todos os que encontra. Jesus não dá um ensinamento metafísico, ético ou moral, mas deixa intuir de modo diferente, de acordo com a pessoa que encontra, uma nova maneira de ver o mundo e de situar-se nele. É como se colocasse cada um na condição de experimentar a própria conversão, a própria descoberta do Reino de Deus em meio a nós.

Um cristianismo segundo o estilo de Jesus, por isso, é capaz de aprender. Em outras palavras, não se apresenta como instituição detentora de um sistema de dogmas a serem ensinadas ao mundo, mas sim como espaço em que as pessoas encontram a liberdade para que possa vir para fora a presença de Deus que já habita a sua própria existência.

Cada pessoa – qualquer que seja sua religião, o seu pensamento e a sua cultura – é portadora de uma imagem que Deus que espera se revelar, como para os apóstolos noPentecostes, isto é, de tornar próprio o estilo de Jesus. Não de imitá-lo segundo cânones padronizados, mas de realizá-lo dentro da própria unicidade e irrepetibilidade.

Por isso, os cristãos deveriam estar em busca da manifestação de Deus própria de cada religião, cultura e pensamento, ao invés de assumir atitudes de desvalorização e condenação.

16 de junho de 2010

Tao te King - A não-violência

.

A SABEDORIA DA NÃO-VIOLÊNCIA
(DO ‘TAO TE KING’ DE LAO-TSE, SÉCULO VI a.C)
A Vida verdadeira é como a água:
Em silêncio se adapta, ao nível inferior,
Que os homens desprezam.
Não se opõe a nada,
Serve a tudo.
Não exige nada,
Porque sua origem é da Fonte Imortal.
O homem realizado não tem desejos de dentro,
Nem tem exigências de fora.
Ele é prestativo em se dar
E sincero em falar,
Suave no conduzir,
Poderoso no agir.
Age com serenidade.
Por isto é incontaminável.
.