O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

3 de abril de 2021

O Amor venceu

 A morte não é o final da vida, é apenas uma etapa,

uma transição necessária para atingirmos escalas mais altas,
mais próximas daquele que nos criou
.


Naquela manhã, diante do túmulo vazio, 

Maria de Magdala encontra-se com Jesus.

Era ela que estava com Maria aos pés da cruz
até o fim, quando os outros fugiram.

É a ela que Ele pede que avise a Pedro e aos outros.
Foi a ela que ele escolheu dar primeiro esta notícia:
Estou aqui !

eu vencí !



Da mesma forma que os apóstolos acreditaram

no que parecia impossível,

é preciso manter sempre acesa a esperança,

manter firme o sonho

de que uma nova maneira de viver é possível:

mais fraterna, igualitária e amorosa. 





Jesus Ressuscitou!

O AMOR venceu!

É tempo de ressuscitar os sorrisos,

 o amor, a certeza de novos e melhores dias

Ressuscitar a Alegria e a esperança.
Ressuscitar a vontade de lutar
por um mundo que tenha a face do amor.
A face de Jesus.

Que a nossa páscoa seja a certeza de que caminhamos todos para a luz, 
para a igualdade, para o renascimento da Paz, da justiça 
e da alegria para todos, sem exceções.


Feliz Páscoa !

A Vida que vence a morte - JESUS


 Ó Noite de Alegria verdadeira,

uniu de novo o céu e a terra inteira !



Na natureza tudo parece estar em vias de mudança,

as folhas mais amareladas, caem das árvores.

 A temperatura é mais amena, os dias um pouco mais curtos...

Momentos de transição.

O Outono, passagem do verão para o inverno parece nos lembrar 

que a vitalidade do verão 
 precisa passar por uma transformação
 
para que possa, mais adiante, voltar a ser verão.



A Páscoa é também a lembrança de uma passagem. 

A constatação, de que tudo é impermanente. 

Assim como na primeira páscoa 

o povo judeu conquistou a libertação de seu cativeiro no Egito, 

os cristãos rememoram a mensagem de libertação 

que Jesus veio nos trazer.


A morte não é o final da vida, é apenas uma etapa,
uma transição necessária para atingirmos escalas mais altas,
mais próximas daquele que nos criou
.

.

2 de abril de 2021

Calvário nos dias de hoje..

Hoje  num exercício de imaginação, fiquei  após a meditação a pensar sobre a crucificação de Jesus entre ladrões. Fiquei imaginando em como seria esta cena em nossos dias e em uma das nossas capitais do Sul/sudeste.


Imaginei aquela cruz e as pessoas ao redor a gritar:
 Vai pra Cuba! Ladrão! Enganador! Gentalha!
}Quem manda ficar vivendo com pobres, negros e putas>. Agora colhe o que plantou.
Bandido bom é bandido morto ! 

Imediatamente lembrei de como ainda se faz "justiçamento com as próprias mãos" 
Lembrei como as pessoas se apressam a julgar e a fazer o que chamam de “justiça”, sem se preocupar em avaliar o que realmente aconteceu, os motivos que levaram aquela pessoa a cometer aquele ato.

Pensei também, naquelas três figuras de rosto sofrido e desesperadas com a perda de alguém a quem amavam e por quem eram tão amadas: Maria, Madalena e João.
E um dos justiceiros repetindo aquilo que se tornou quase um mantra: Tá com peninha? Leva pra casa!

Pensei no calvário de milhares de cidadãos brasileiros, inocentes,  que são mortos pela inépcia e irresponsabilidade de nossos governantes.}

Dois mil anos ainda não foram suficientes para sensibilizar os corações da humanidade e para que aprendêssemos a saber o que estamos fazendo.
Por quanto tempo Deus nos perdoará por não sabermos o que estamos fazendo.

O longo caminho da nova civilização

                          

Eu em 1986, na época em que se comemorou uma grande conjunção de planetas no céu, tomei contato com um autor e com um livro que marcou a minha vida. O Livro foi “O ponto de Mutação” do Fritjof Cappra. Depois tive oportunidade de ler os outros livros dele, mas nenhum me impactou tanto quanto esse. Foi um tempo de intensa reflexão, fizemos grupo de estudos, grupos de discussão, mas acho que o que mais me cativou foi ver no livro, uma tese que um velho professor de biologia da faculdade, me apresentou em 1971, quando eu estava entrando na universidade. O Professor sustentava que a nossa civilização já naquela época estava agonizando, mas que em algum lugar do planeta, as sementes da nova civilização estavam já germinando. Eu na época com meus 19 para 20 anos, fiquei tão fascinado com a ideia que passei a buscar mais informação, mas não encontrava nada publicado sobre o assunto ou alguém que pudesse me ampliar esse conceito, o professor Fraga, infelizmente havia falecido e eu fiquei com isso, até encontrar o livro do Capra que lá pelas tantas sustentava com alguns gráficos inclusive essa mesma ideia.


O Livro sustenta que ao atingimos o ponto de mutação um novo paradigma surgiria. Na verdade o ponto de mutação é um hexagrama do I Ching , o velho oráculo Chines, que C. G. Jung tanto  gostava de usar, não como oráculo ou instrumento de predição, mas como ferramenta para autoconhecimento. Pois bem, no livro o hexagrama 24 tem o seguinte resumo:

Ao término de um período de decadência sobrevêm o ponto de mutação. A luz poderosa que fora banida ressurge. Há movimento, mas este não é gerado pela força... O movimento é natural, surge espontaneamente. Por essa razão, a transformação do antigo torna-se fácil. O velho é descartado, e o novo ê introduzido. Ambas as medidas se harmonizam com o tempo, não resultando daí, portanto, nenhum dano.  (I Ching – o livro/ oráculo das mutações)

Nestes tempos de perplexidade quando fica difícil manter a esperança, e seguindo os caminhos propostos por Jung. ao meditar sobre o livro das mutações, não há como não reconhecer o Hexagrama 24 como o mais indicador do momento atual de nossa história humana. Que venham logo os novos paradigmas, embora eu saiba que ainda teremos uma longa noite de muitas dificuldades e sofrimentos até raiar um novo dia...



Neste momento que estamos vivendo precisamos fazer uma reavaliação de nossas atitudes e comportamenteos. Promover uma reconciliação com nossos fantasmas, e isso
  passa fatalmente por um processo de perdão.

Não tenho dúvidas quanto a importância do perdão, mas  depois de tantos anos em que a humanidade passou sob o domínio do medo e da culpa, acho que precisamos em primeiro lugar começar a nos perdoar , afinal o nosso olhar precisa se voltar para dentro, lá onde Deus nos habita, Ele não está no alto, nem além de nós. Nas palavras de Jesus o reino de Deus está no meio de nós, e o próprio S. Paulo nos deixou por escrito em uma de suas cartas “ não sabeis que sois o templo onde habita Deus?

Tenho certeza de que a criação é perfeita e até esse vírus tem um importante papel na nossa história. Depois de um tempo de exterioridades somos obrigados a nos recolher, a viver na intimidade de nossos lares. É como se ele (o vírus) nos dissesse voltem-se para dentro, 
encontre o divino que habita em todos vocês. Avaliem o quanto de supérfluo nós fingimos que era imprescindível. Porque tanto cuidado em parecer o que não se é na realidade.

Neste isolamento cada um é o que é, sem retoques, sem maquiagens. E o medo, um medo verdadeiro agora nos afronta. Um vírus,  diminuto, invisível, que ameaça toda a humanidade. E que não faz nenhuma distinção de status, raça gênero. Faz-nos olhar de frente para o fato que todos são iguais perante a morte. Passamos a viver numa verdadeira guerra, num caos generalizado.

É é desse caos, que ainda deve perdurar, que vai nascer a nova civilização. Aos que perguntam quando, a resposta se faz simples e direta: quanto todos nós tivermos aprendido a lição.

1 de abril de 2021

Uma quinta feira entre uma aclamação e uma crucifixão

 

Ele havia sido aclamado como um Rei, era de se esperar que agisse como um, mas surpreendeu a todos, aliás como era de seu feitio. Tirou o manto, tomou um jarro e uma bacia, ajoelhou-se diante de seus companheiros e começou a lavar-lhes os pés. Mas essa não seria uma tarefa de escravos? 

Um deles tentou impedi-lo, e ele o repreendeu:  se não lhe lavo os pés, não terás parte comigo! 

Então era um ritual de iniciação aquilo? 

Sim era um ritual de iniciação mas muitos poucos entenderam desta forma,
e consta que ele ainda arrematou: Viram o que fiz ? Lavei os pés de vocês.
Então de agora em diante lavai os pés uns dos outros. 

Mas aquela era uma ocasião especial e que estava só começando, e ele ainda os fez sentar à mesa e tomando de um pedaço de pão ele proferiu a benção e mais uma vez os surpreendeu. 

Este é o meu corpo que será dado por vós.
Fez o mesmo com o vinho, e o deu para que repartissem entre eles.

E então deu a segunda parte da iniciação, todas as vezes que vocês fizerem isso, será para relembrar este momento.

Lavem os pés uns dos outros e jamais esqueçam que eu estou me doando por vocês e para completar, para que não houvesse nenhuma dúvida arrematou: Amai-vos uns aos outros como eu vos amo, nisto está TODA a lei e toda a profecia.

Ele, como sempre, foi tão simples, tão direto. Não falou em sacrifícios, não falou em transubstanciações. Toda a Lei e toda profecia estava resumida em Amar como ele amou, e todo aquele que quiser fazer parte de seu reino, que é o reino do Pai só precisa saber ajoelhar-se diante de um semelhante seu, e lavar seus pés, humildar-se, porque para quem ama não existe humilhação. E de forma simples repartir o pão e o vinho, se fazendo “um” com aquele a quem se ama.

Dou-vos um novo mandamento:

Que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei.