O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

29 de dezembro de 2020

Refletindo sobre a vida no fim de 2020


Já quase passando a régua e fechando a conta desse ano de 2020, numa parada obrigatória para refletir e avaliar sonhos, perdas, danos e esperanças alguns pensamentos me assaltaram a mente. 

De que tem adiantado manifestar toda a nossa indignação com esse presidente canastrão que se aboletou com relativo apoio da população no planalto?
Aliás de que tem adiantado nossa indignação?
Não se chega à conclusão de quem mandou marar a Marielle,
Não sei o que aconteceu com o senador que escondia dinheiro na bunda,
O que tem acontecido aos machões que matam suas mulheres,
Ao juiz que rasgou a multa e jogou na cara do guarda que a entregou,
Ao outro juiz que disse que não dá a mínima para a lei Maria da Penha/

Não, não vou continuar essa lista porque infelizmente ela nada produzirá além de raiva, indignação e  nenhum efeito.
O mundo por alguma força sinistra mudou. A inversão de valores é flagrante. Não há no geral, uma preocupação e um respeito pelos que estão próximos, aliás nem com os muito próximos. Praias lotadas, bares botando gente pelo ladrão, festas milionárias, e toda sorte de desafios ao vírus que veio, aparentemente, para nos dar um alerta.
Não ninguém quer ser alertado de nada. É simples assim
.
Fico então me questionando do que pode ser uma postura razoavelmente séria e qual a estratégia para conviver, ou mais que isso sobreviver, em meio a esse verdadeiro caos.

A primeira ideia que me vem é fugir para o meio do mato. Mas logo me dou conta de que não tenho nem experiência de morar no interior, muito menos alguma prática com agricultura e principalmente não tenho mais idade e força para trabalhar a terra e dela tirar a minha sobrevivência.
Em seguida algum anjo ou espírito zombeteiro me sugere sair do Brasil. Só como piada mesmo posso pensar em começar uma nova vida aos setenta anos.
Sigo alternando de possíveis soluções, a soluções absurdas sem ter muita esperança de encontrar algo que realmente seja eficaz para essa situação.

Foi então que me veio à mente aquele pensamento que afirma:
 ”caminhante não há caminho, caminho se faz ao andar”.

Sendo assim algumas resoluções precisam ser tomadas para sobreviver em meio a esta crise. Descubro que são coisas simples, embora saiba que algumas delas não serão de agrado de muitos e que certamente, as críticas virão.

Decido então não mais re-clamar, a menos que tenha alguma chance de que esse clamor vá surtir efeito, do contrário, se só conseguir likes, joínhas ou, o que quer que seja, nas redes sociais, estou dispensando.
Também não pretendo mais ficar vociferando contra o comportamento irresponsável de boa parte da população que resolveu cagar e andar para o vírus e para as pessoas com quem convivem.
Eu vou me isolar e ponto. Quando me perguntarem: posso dar um pulo ai na sua casa, a resposta é uma só: NÃO !

Quanto ao psicopata, não quero mais saber.

Ele não vale a minha irritação, ou pior, uma úlcera ou um infarto como já aconteceu com várias pessoas que mergulharam na indignação.
É simples, o Brasil tem 35% de bolsonaros que pensam e agem como o presidente, 40% de omissos e 25% de verdadeiros opositores, ou seja, me considero de mãos atadas. E mais, não vai ser pelas redes que vamos ampliar a consciência das pessoas.

Mas então meu caro José o que vai então fazer?
Viver, espalhar boas vibrações, chamar a atenção para aquilo que pode fazer diferença.
Calar, quando só o que tiver para falar for abobrinhas. }
Fazer silêncio e incentivar às pessoas a fazer silêncio, meditar e principalmente ampliar o autoconhecimento.

Depois disso, eu tenho plena certeza de que o mundo só muda se cada um de nós mudar, e não adianta dizer ao outro o que ele tem que mudar. A mudança só acontece quando cada um de nós percebe o que precisa ser mudado, e corajosamente faz o movimento em direção à transformação. Tal como o toda a água dentro da piscina sofre uma mudança a cada braçada que um único nadador faz, a nossa mudança individual afeta o todo de alguma forma. Edward Lorenz em seu efeito borboleta já diz que o bater de asas de uma borboleta pode provocar um furacão em outra parte do planeta. James Lovelock também com seu efeito Gaia, nos alerta para que nosso planeta é um organismo vivo e que reage a pequenas reações de seus habitantes.

Que 2021 possibilite a realização de todas as iniciativas no sentido de nos transformarmos em pessoas melhores.