O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

31 de dezembro de 2011

Para um ano novo mais feliz

Marcelo Barros

O desejo é uma palavra mágica. Quando desejamos com força interior, emitimos uma energia misteriosa que nos impulsiona para o compromisso de realizarmos aquilo que desejamos. Isso pode ter conseqüências concretas para as pessoas e para o mundo. Nesses dias, há quem diga aos amigos e amigas "feliz ano novo” como mera formalidade. Entretanto, o mundo e nosso continente necessitam muito de que 2012 seja um ano mais feliz e de paz para cada um de nós e para nossa pátria grande. Por isso, quem almeja de coração os melhores votos de ano novo precisa saber como transformar o seu desejo em caminho positivo que construa um futuro novo e melhor.
Quando eu era menino, as pessoas acreditavam muito no poder do olhar. Diziam que existe o olhar bom que emite energia positiva e existe o mau olhado que provoca problemas. As vizinhas gostavam de contar histórias de uma visita que receberam. A mulher gostou da planta ornamental que havia no terraço da casa. Olhou-a com inveja. No dia seguinte, a planta que estava viçosa e florescente, amanheceu seca e murcha. As antigas culturas e religiões crêem na força da palavra. Em algumas religiões, as palavras curam ou, ao contrário, podem matar. Na Bíblia, vários salmos pedem a Deus que nos proteja das pessoas que, com sua palavra, podem provocar males como doenças e tragédias ecológicas (Cf. Sl 6, 39, etc). Essa cultura de pessoas que amaldiçoam vinha de Sumer, onde havia rituais de Shurpu, maldições comuns em algumas culturas populares que não tinham outra força além da palavra. No tempo da escravidão, um senhor de engenho mandava dizer a um escravo que, naquela noite mandasse a sua filha de menor idade à casa grande. O negro já sabia quais as intenções do senhor. Ele não tinha outro recurso do que a ameaça de uma maldição, principalmente se o senhor acreditasse que o despacho lhe faria mal. De fato, a própria Bíblia diz que a maldição de um empobrecido é ouvida e atendida por Deus (Cf. Eclo 4, 6). No Novo Testamento, a carta de Pedro insiste que temos a vocação de abençoar e não de maldizer. Somos chamados para invocar o bem sobre as pessoas e o universo (1 Pd 3, 9).
A palavra é eficaz quando nasce no mais profundo do coração e é precedida pela prática da vida. A Bíblia diz que é como uma espada de dois gumes que penetra até as entranhas (Hb 4). Isaías compara a palavra de Deus com a chuva que cai, molha a terra. E não volta ao céu sem ter cumprido sua missão de fecundar e produzir o grão (Is 55). O Mahatma Gandhi ensinava: "Comece por você mesmo a mudança que deseja para o mundo”. Somente pelo fato de desejar, não temos a força para transformar organizações e sistemas do mundo, mas podemos sim colaborar para que se façam as condições necessárias para que elas mudem. Então, que você expresse para os seus e para todos o desejo de um feliz ano novo, através de um verdadeiro compromisso social, solidário e renovador. Então se tornarão verdadeiras em sua vida, as palavras de uma antiga bênção irlandesa: "O vento sopre suave em teus ombros. Que o sol brilhe suavemente sobre o teu rosto, as chuvas caiam serenas onde vives. E até que eu te encontre de novo, Deus te guarde na palma de sua mão”.

29 de dezembro de 2011

ERA UMA VEZ… E AINDA É


Vera Corrêa

Era uma vez, há muitos, muitos, muitos anos atrás… há tantos anos, que nem o tempo existia ainda… Nesse tempo sem tempo havia um Reino de Luz, onde tudo era Amor, Beleza e Harmonia… e nós vivíamos lá!… Nós éramos os habitantes desse Reino Encantado!
Mas éramos um pouco diferentes do que somos hoje. Nosso corpo não era deste jeito… era mais transparente, mais leve, mais luminoso. E não precisava de tanta coisa para sobreviver. Tudo o que precisávamos era suprido pela Luz da qual fazíamos parte.
Sim, porque, na verdade, não éramos seres totalmente separados uns dos outros, mas como células de um grande corpo luminoso e amoroso que nos sustentava e nos mantinha sempre felizes e saudáveis.
Mas não pense que ficávamos ali sem fazer nada! A Luz adorava criar, e nós, como parte dela, estávamos sempre criando também… criávamos estrelas, cometas, mundos das mais diferentes espécies! Era muito divertido!!! E tudo permanecia na mais perfeita ordem, porque era criado com Amor e sustentado pelo Amor.
Mas um dia resolvemos fazer uma coisa inédita; resolvemos criar um planeta onde se pudesse experimentar não só o Amor, mas a ausência dele também… porque queríamos saber como seria uma vida desse tipo. E assim fizemos!
Criamos um planeta lindo! Com mares, montanhas, cachoeiras, rios, lagos, florestas maravilhosas, flores incrivelmente belas, inúmeras espécies de animais, pássaros e peixes … tudo com muito Amor e Harmonia. E então pedimos à nossa Mãe-Luz que nos deixasse ir para lá e nos desse a liberdade de escolher permanentemente entre o Amor e a ausência dele.
A Luz, que era puro Amor, não podia deixar de atender este pedido dos seus filhos. Naturalmente, ela nos deu sua permissão, mas nos advertiu:
- “Meus Amados, sendo vocês Filhos do Amor, dificilmente conseguirão vivenciar qualquer coisa que não seja Amor, porque estarão sempre agindo, pensando e sentindo com base no Amor. Se realmente quiserem ter essa experiência, terão que esquecer provisoriamente a sua natureza verdadeira e assumir um papel totalmente estranho a ela. Inclusive precisarão de um corpo mais apropriado para essa nova condição. Vocês estão mesmo dispostos a fazer isto?”
- “Sim, estamos!” – respondemos em uníssono.
- “Façamos, então, o seguinte…” – disse a Luz – “Alguns irão e outros ficarão aqui para lhes dar apoio à distância. Assim, mesmo que vocês se esqueçam por completo que são Filhos da Luz e do Amor, seus irmãos estarão aqui para relembrá-los e ajudá-los a voltar ao Lar, caso esta seja a sua escolha.”
No Reino da Luz não existe competição, portanto foi fácil decidir quem ia e quem ficava.
A Luz criou, então, um corpo perfeito para nos abrigar e mais uma vez nos advertiu:
- “Este corpo exigirá de vocês alguns cuidados que ainda desconhecem, mas saibam que tudo o que ele precisar estará à disposição de vocês nesse planeta. Para que não se sintam totalmente isolados de nós, deixarei uma pequena centelha da nossa Luz permanentemente acesa num local recôndito desse corpo, numa das câmaras do que vocês chamarão de coração. Essa chama os conectará conosco naturalmente, sempre que sentirem saudades de algo que não saberão definir, mas que terão certeza que existe… um lugar de Amor, de Paz, de Conforto eterno… Vocês nos chamarão por muitos nomes, e nós sempre os atenderemos… mas nem sempre vocês reconhecerão a nossa ajuda.”
Tendo dito isto, a Luz nos perguntou mais uma vez se estávamos realmente dispostos a enfrentar essa nova vida e, como respondemos afirmativamente, no mesmo instante nos encontramos dentro de um corpo de carne e osso, num planeta maravilhoso, mas em condições totalmente novas!
A primeira novidade – nada agradável, aliás – foi a sensação de solidão, pois não chegamos todos juntos ao mesmo lugar do planeta e, mesmo aqueles que estavam relativamente próximos, também se sentiam isolados, pois já tínhamos nos esquecido que éramos todos parte de um só corpo e, assim, sentíamo-nos estranhos uns aos outros.
Então veio a noite e, com ela, o escuro e o frio. Em seguida, a fome, a sede, o cansaço… Sem perceber, estávamos tomando contato com a dualidade que nós mesmos tínhamos escolhido experimentar. A cada aspecto do Amor, que nos era familiar, correspondia um aspecto, até então desconhecido para nós, da ausência do Amor. Neste novo Reino, havia alegria, mas também tristeza; havia fartura, mas também carência; havia bondade, mas também maldade; saúde, mas também doença; prazer, mas também dor…
E o sentimento de puro Amor que antes nos unia, começou a dividir seu espaço com a ausência de Amor, que se expressava das mais diversas formas: desconfiança, inveja, ciúme, raiva, intolerância, gerando uma sensação que jamais havíamos experimentado antes: o medo!
No começo ainda tínhamos certa consciência da Luz amorosa que se mantinha intacta em nossos corações e intuitivamente nos conectávamos com Ela em busca de conforto e orientação para enfrentarmos todas as adversidades que se apresentavam em nosso caminho.
Através desse contato, fomos inspirados a pesquisar os recursos que estavam à nossa disposição e a inventar uma infinidade de meios materiais que nos assegurassem a sobrevivência do nosso corpo, bem como uma vida confortável, segura, prazerosa e feliz.
Mas, com o passar do tempo, fomos nos apaixonando tanto por nossas próprias invenções e nos apegando tanto a elas, que passamos a acreditar, não só que elas eram imprescindíveis, como também insuficientes para alcançarmos a felicidade que tanto almejávamos. E começamos a dedicar grande parte do nosso tempo a invenções cada vez mais sofisticadas e à busca de recursos para adquiri-las, de modo que pudéssemos satisfazer nossa vontade cada vez mais exigente de
ter, ter, ter… ter tanto ou mais do que os nossos semelhantes, acreditando que isso nos faria mais importantes e poderosos do que eles.
Assim passamos a competir uns com os outros na busca de uma vida material que considerávamos ideal. E essa competição aumentou tanto, que chegamos ao ponto de enganar uns aos outros para termos mais posses do que eles; chegamos ao ponto de escravizar uns aos outros; chegamos ao ponto de matar uns aos outros! E assim, nos esquecemos da Luz Amorosa que habitava nossos próprios corações.
Nossa Mãe-Luz continuava nos observando, e toda vez que a balança da dualidade começava a pender demais para o lado da ausência de Amor, Ela preparava um dos nossos irmãos de Luz para vir até nós e, através dos seus ensinamentos e do seu próprio exemplo, reacender a chama do Amor em nossos corações e nos reconectar à nossa própria Luz.
Isto aconteceu muitas e muitas vezes no decorrer da nossa experiência neste planeta, até que um dia nos envolvemos numa guerra tão horrorosa, que Mamãe-Luz decidiu mudar de tática… Ao invés de nos enviar um dos nossos irmãos, Ela resolveu intensificar um pouco mais a Centelha de Luz que habitava o coração de cada um de nós, de modo que nossa mente percebesse a existência dessa Luz e ficasse curiosa sobre sua procedência e função.
No início, foram poucos que lhe deram atenção. Mas estes lançaram tantos questionamentos, que aos poucos foram despertando a curiosidade de outros e mais outros, até que chegou um momento em que a grande maioria dos seres humanos estava se perguntando: “Quem sou eu, realmente?… O que é isto que sinto em meu coração e que me traz a lembrança de um lugar de paz, harmonia e eterna felicidade?… Se existe um lugar como esse, o que estou fazendo aqui, então?…”
E cada questionamento nos levava mais perto da reconexão com o Reino de Luz de onde viemos, permitindo-nos perceber ligeiramente a presença amorosa dos seres de Luz, que a princípio chamávamos de Mestres, por não nos lembrarmos que eram nossos próprios irmãos que haviam se comprometido a nos ajudar a voltar ao Lar, quando assim decidíssemos.
E quanto mais nos conectávamos com esses “Mestres”, mais ia clareando a lembrança da nossa identidade verdadeira; mais íamos percebendo o Amor em todos e em tudo; mais íamos nos dando conta do nosso poder de transformar a ausência de Amor em Amor, pois fomos compreendendo que nós somos o próprio Amor se expressando das mais diversas maneiras e, na verdade, a ausência de Amor é apenas uma ilusão, uma espécie de sonho que quisemos experimentar para expandirmos a nossa noção de Amor.
Nesse processo, tomamos consciência de que formamos uma unidade e que, assim como não existe competição entre as partes de um corpo humano, também não deve existir competição entre nós. Do mesmo modo que o nosso fígado tem uma função, os rins têm outra, os pulmões têm outra, as glândulas outra e todos trabalham juntos em estreita colaboração para o perfeito funcionamento do nosso corpo físico, assim também cada um de nós tem sua função específica neste planeta, e todos precisamos colaborar uns com os outros, de modo que a Humanidade, como um todo, reflita a Paz, o Amor e a Harmonia do Reino de Luz de onde viemos.  
E assim chegamos no ponto em que nos encontramos hoje, finalizando um ciclo que durou séculos e séculos. Muitos ainda estão adormecidos, apegados ao sonho da dualidade, enredados nas malhas da competição e do consumo desenfreado de bens materiais. Mas muitos mais estão despertando, e estes estão ajudando os adormecidos a despertarem também para a realidade de que somos seres incrivelmente criativos e que, assim como criamos um mundo de dualidade, baseado no medo, na manipulação e no poder de uns sobre outros, podemos voltar a criar - através da nossa intenção pura - um mundo baseado no amor e respeito mútuos, onde todos vivam em perfeita colaboração, felizes para sempre!
Neste momento, as portas do Reino de Luz e Amor estão abertas para nós, aguardando o nosso retorno; e nossos irmãos, que lá ficaram, estão nos lembrando que esse Reino não é um lugar definido no espaço e no tempo, e sim um Estado de Ser infinito e atemporal. E nos dizem alegremente:
- “Estamos apenas esperando que despertem desse sonho, pois
O QUE ERA UMA VEZ… AINDA É!”

autororização da autora via e-mail:
Fico feliz de saber que gostou do meu texto e está ajudando a divulgá-lo. “Era uma vez e ainda é” foi escrita para isso mesmo – quanto mais pessoas tiverem acesso a essa mensagem, melhor!

Diga a seu amigo que tem minha autorização para publicá-la no Blog dele, e que lhe serei muito grata por isso.
Só lhe peço que mantenha meus créditos como autora, como indicado no final do texto – não apenas meu nome, como também meu e-mail, para que outros como você possam me escrever em caso de dúvidas ou sugestões.

Abraços e Feliz Ano Novo para ambos!

Vera Corrêa





19 de dezembro de 2011

Para um Natal novo e feliz

Marcelo Barros
Monge beneditino e escritor



O próprio termo Natal significa nascimento e, portanto, vida nova. O comércio faz das festas natalinas uma incessante repetição das mesmas músicas, mesmos tipos de ornamentação e até os mesmos artigos de consumo. Ao contrário, a festa cristã do Natal não deve ser apenas a repetição de outros natais que já vivemos e sim celebração de uma nova e atual visita divina à humanidade. O Natal não é o aniversário do nascimento de Jesus, visto que ninguém sabe o dia exato em que ele nasceu. Os cristãos antigos transformaram a festa do solstício do inverno na festa do nascimento de Jesus para testemunhar que, através de Jesus, o próprio Deus veio assumir nossa história e trazer ao mundo o seu projeto de paz, justiça e amor.
Atualmente, o Natal tomou uma dimensão maior do que a celebração cristã. Mesmo entre pessoas não religiosas ou de outras tradições, o Natal se tornou ocasião de confraternização e unidade. Uma vez, em Caracas, na porta de uma mesquita, vi um cartaz, através do qual os muçulmanos desejavam a todos que passassem por ali um feliz Natal. Nessa época, é comum as famílias se encontrarem. Mesmo irmãos que moram longe uns dos outros viajam à casa dos pais para passar o Natal outra vez juntos. As mães e pais têm alegria de preparar a casa para receber os filhos que nesses dias voltam ao aconchego familiar. No âmbito da fé, a celebração do Natal tem este mesmo espírito: preparar a casa e o coração para acolhermos o mistério de amor (que as religiões chamam de Deus) e que se oferece ao nosso alcance.
Neste Natal, a casa da humanidade está pouco preparada. Uma grave crise de civilização assola o mundo. Em todos os continentes, a pobreza e a injustiça aumentaram. Nas casas, as pessoas enfeitam salas e armam presépios, mas Jesus continua a dizer: "É quando vocês socorrem um pequenino que acolhem a mim” (Mt 25, 31 ss).
Na América Latina, há muitos sinais de mudanças. Vários países aprovaram novas constituições políticas. Pela primeira vez na história, os mais pobres estão sendo sujeitos ativos de um processo de transformação social e política que não se limita a figuras importantes como o presidente da República ou tal chefe político. O processo envolve grupos e comunidades de pessoas pobres, índios, lavradores e gente de periferia urbana. Em vários países, dificilmente isso teria ocorrido se não tivesse sido preparado pela participação de cristãos nos grupos e movimentos sociais. Apesar de muitos sofrimentos e de contradições inerentes a todo processo deste tipo, para muitos latino-americanos, neste ano, isso significa poder celebrar um Natal novo e renovador.
Muitos se negam a crer em qualquer novidade e outros torcem o nariz procurando defeitos e erros nestes processos sociais e políticos. O profeta João escreveu: "nós somos as pessoas que acreditam no amor” (1 Jo 3). Este Natal vem como uma interpelação para que cada pessoa se reveja e responda: "Como você está de utopia?”
O Natal nos chama para revigorarmos em nós a capacidade de crer, esperar e preparar a realização do projeto divino nesse mundo. Esta é a proposta de Jesus. Quando o evangelho nos diz "a palavra se fez carne” (Jo 1, 14), está nos convidando a sermos cada vez mais humanos, como ele, Jesus. Carlos Drummond de Andrade interpretava isso ao dizer que, no Natal, imaginava o verbo outrar que, precisaria ser inventado na língua portuguesa. No Natal, uma das músicas cantadas pelas comunidades eclesiais de base no Centro-oeste foi composta por um lavrador do Pará. Tem como refrão: "Dentro da noite escura, da terra dura do povo meu, nasce uma luz radiante, no peito errante, já amanheceu”.

12 de dezembro de 2011

Livros de bronze do primeiro século foram encontados na Jordania

Ciência confirma a Igreja:
 Livros de bronze seriam a maior descoberta de todos os tempos 
e falam de Nosso Senhor Jesus Cristo


































Aspecto de um dos livros em análise

Numa gruta de Saham, Jordânia, localizada numa colina com vista ao Mar da Galiléia, foram encontrados 70 livros do século I da era cristã que, segundo as primeiras avaliações, contêm as mais antigas representações do cristianismo.

Os livros têm a peculiaridade de serem gravados em folhas de bronze presas por anéis metálicos. O tamanho das folhas vai de 7,62 x 50,8 cms a 25,4 x 20,32 cms. Em média, cada livro tem entre oito e nove páginas, com imagens na frente e no verso.

Segundo o jornal britânico "Daily Mail", 70 códices de bronze foram encontrados entre os anos 2005 e 2007 e as peças estão sendo avaliadas por peritos na Inglaterra e na Suíça.

A cova fica a menos de 160 quilômetros de Qumran, a zona onde se encontraram os rolos do Mar Morto, uma das maiores evidências da historicidade do Evangelho, informou a agência ACI Digital.

Importantes documentos do mesmo período já haviam sido encontrados na mesma região.


                                                               a gruta onde foram encontrados
No local ter-se-iam refugiado, no ano 70 d.C., os cristãos de Jerusalém, durante a destruição da cidade pelas legiões de Tito, que afogaram em sangue uma revolução de judeus que queriam a independência.

Cumpria-se então a profecia de Nosso Senhor relativa à destruição de Jerusalém deicida e à dispersão do povo judaico.

Segundo o "Daily Mail" os académicos, que estão convencidos da autenticidade dos livros, julgam que é uma descoberta tão importante quanto a dos rolos do Mar Morto em 1947.

Nelas, há imagens, símbolos e textos que se referem a Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Paixão.

David Elkington, especialista britânico em arqueologia e história religiosa antiga, foi um dos poucos que examinaram os livros. Para ele, tratar-se-ia de uma das maiores descobertas da história do Cristianismo.

"É uma coisa de cortar a respiração pensar que nós encontrámos estes objectos deixados pelos primeiros santos da Igreja", disse ele.

                                                               S. Simeão de Jerusalém

Com efeito, na época da desastrosa rebelião judaica, o bispo de Jerusalém era São Simeão, filho de Cleofás (irmão de São José) e de uma irmã de Nossa Senhora. Por isso, São Simeão era primo-irmão de Nosso Senhor Jesus Cristo e pertencia à linhagem real de David.

Quando o apóstolo Santiago, "O Menor" (primeiro bispo de Jerusalém) foi assassinado pelos judeus que continuavam seguidores da Sinagoga os Apóstolos que ficaram, em rotura com o passado, escolheram Simeão como sucessor e ele recebeu Espírito Santo em Pentecostes.

Os primeiros católicos - naquela época não tinham aparecido heresias e todos os cristãos eram católicos - lembravam com fidelidade o anúncio feito por Nosso Senhor de que Jerusalém seria destruída e o Templo arrasado. Porém, não sabiam a data.

O santo bispo foi alertado pelo Céu da iminência do desastre e de que deveriam abandonar a cidade sem demora. São Simeão conduziu os primeiros cristãos à cidade de Pella, na actual Jordânia, como narra Eusébio de Cesárea, Padre da Igreja.

Após o arrasamento do Templo, São Simeão voltou com os cristãos que se restabeleceram sobre as ruínas. O facto favoreceu o florescimento da Igreja e a conversão de numerosos judeus pelos milagres operados pelos santos.

      Os livros geraram muita disputa














Assim, começou a reconstituir-se uma comunidade de judeus fiéis à plenitude do Antigo Testamento e ao Messias Redentor aguardado pelos Patriarcas e anunciado pelos Profetas.

Porém, o imperador romano Adriano mandou arrasar os escombros da cidade, e os seus sucessores pagãos, Vespasiano e Domiciano, mandaram matar a todos os descendentes de David.

São Simeão fugiu. Mas, durante a perseguição de Trajano foi crucificado e martirizado pelo governador romano Ático. São Simeão recebeu com fidalguia o martírio quando tinha 120 anos. (cf. ACI Digital)



Emociona pensar que esses heróicos católicos judeus tenham deixado para a posteridade o testemunho da sua Fé inscrito em livros tão trabalhados. O facto aponta também para a unicidade da Igreja Católica.

Philip Davies, professor emérito de Estudos Bíblicos da Universidade de Sheffield, disse ser evidente a origem cristã dos livros que incluem um mapa da cidade de Jerusalém. No mapa é representada o que parece ser a balaustrada do Templo, mencionada nas Escrituras.

"Assim que eu vi fiquei estupefato", disse. "O que me impressionou foi ver uma imagem evidentemente cristã: Há uma cruz na frente e, detrás dela, há o que deve ser o sepulcro de Jesus, quer dizer, uma pequena construção com uma abertura e, mais no fundo, ainda os muros de uma cidade".

"Noutras páginas destes livros também existem representações de muralhas que, quase de certeza, reproduzem as de Jerusalém. E há uma crucifixão cristã acontecendo fora dos muros da cidade", acrescentou.