O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

29 de outubro de 2009

A Igreja católica Imperial - Livro "A Igreja Católica "

continuando o resumo da obra de H Küng:

Através de um sonho, Constantino, imperador de Roma viu no “Deus dos Cristãos” e no “símbolo da Cruz” o motivo de sua vitória e sua ascensão ao trono de Roma. Sendo assim em 313 dc concedeu a liberdade de religião ilimitada a todo império. Em 315 aboliu o castigo de crucifixão. Em 321 o domingo foi introduzido como feriado e a igreja foi autorizada a receber legados.
Em 325 Constantino tornou-se soberano único do Império Romano e convocou o I Concílio Ecumênico, realizado em sua residência em Nicéa.

Com a liberdade religiosa no império romano as tensões internas no cristianismo, já presentes há muito tempo vieram à luz. A Cristologia interpretada em termos helenísticos, ou seja, o mistério do filho e do pai, cada vez mais feriam o monoteísmo. Pareciam 2 deuses e não um só.

Ário (presbítero Alexandrino Ário) criador do Arianismo, afirmava que embora o filho, o Cristo, tivesse sido criado antes de todas as coisas e de todos os tempos, ainda assim era uma criatura. Por temer uma grande separação em seu império, que com tanta dificuldade estava unificando, Constantino Convocou o Concilio de Nicéa.

No concílio todo o poder de decisão era do imperador.
O bispo de Roma não foi sequer convidado!
Por fim Constantino tornou as suas decisões oficiais, transformando-as em leis da igreja e do império. Com isso aproveitou para unir a igreja com o seu império.
Muitas das leis da igreja ate hoje em uso vem de decisões do Imperador Constantino, dentre elas a obrigatoriedade de “ouvir missas aos domingos e dias santos de guarda”.

O império passou a ter então a sua religião oficial, e uma “igreja imperial”.
É deste primeiro concílio que a igreja passou a ter um credo oficial, lei da igreja e do império, para todas as igrejas.
O credo dizia: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, mas não criado, “c o n s u b s t a n c i a l “ ao Pai...
Constantino fez questão de inserir a palavra “consubstancial”. A palavra foi enxertada !

A igreja primitiva via Jesus como subordinado ao Pai (o Único)
Essa idéia é oposta a inclusão por parte de Constantino do termo
consubstancial= mesma substancia no credo Niceno.( de Nicéa)

Mesmo fazendo todas estas modificações e determinando artigos de fé e doutrina, o imperador feria um dos princípios mais caros e iniciais do cristianismo, ele não era batizado. Portanto não havia recebido os mistérios, o que nos faz pensar em uma atuação de fora para dentro da comunidade cristã apostólica.
É possível até pensar-se em um “golpe” ...
Constantino só foi batizado, já no final de sua vida, que ocorreu em 337.
Com a morte de Constantino o reino foi dividido.

Constancio
senhor do oriente adotou uma política fanática contra os pagãos. As outras religiões foram erradicadas a força, já que o cristianismo era a religião oficial.

Teodósio
imperador do séc IV tornou a heresia um crime contra o estado ( crime de “lesa majestade” ).


Em menos de um século a igreja passa de perseguida a perseguidora !

A partir desta época a igreja rejeita praticamente suas raízes judaicas Os judeus passam a ser um povo maldito: o povo escolhido que quebrou a aliança com Deus.

Segundo Concilio Ecumênico de Constantinopla
Convocado por Teodósio em 381, definiu a identidade de substancia do Espírito Santo com o Pai e o Filho ( SS.Trindade).
Estes conceitos foram então suplementados ao credo Niceno, que passou então a chamar-se Credo Niceno-Constantinopolitano.
Basílio o grande, Gregório Nazianzeno e Grigório de Nissa - os três Capadócios elaboraram a fórmula ortodoxa da Santíssima Trindade, a saber: um único ser divino em 3 pessoas.

Com a Morte de Teosdósio em 395 o Império sedivide em Império do oriente e Império do ocisente. Apesar de Roma ser a principal sede do império o ponto focal da igreja estava no oriente.

Em 451, no IV Concilio Ecumênico de Calcedônia criou-se a fórmula cristológica Clássica: Jesus Cristo = uma pessoa divina com duas naturezas uma divina e outra humana.
Neste concílio foram discutidas e deliberadas decisões mais políticas do que teológicas.
Em um cânon solene foi concedido a Constantinopla o status semelhante a Roma: “A nova Roma”.
Entre 381 e 451 foram formados os 5 patriarcados clássicos, que exiistem até hoje e que obedeciam a uma hierarquia.
Roma – Patriarcado do Ocidente
Nova Roma – Constantinopla
Alexandria
Antioquia
Jerusalém

Embora Roma possa se arvorar em ser a primaz, todas as igrejas fundadas pelos apóstolos estavam no oriente, e com o maior número de cristãos.
O Cristianismo latino parecia nesta época (381-451) um apêndice do cristianismo Romano Oriental Bizantino, que era a liderança espiritual. Era justamente o Império do Oriente quem transmitia o paradigma ecumênico da igreja inicial. ( é por essa razão que as igrejas Ortodoxas , separadas de Roma posteriormente, reclamam para si até hoje, autenticidade dos verdadeiros ritos e do verdadeiro carisma cristão).
Em 1453, com a queda de Constantinopla, a segunda Roma, o paradigma passaria para os eslavos e Moscou seria finalmente a 3ª Roma.
A Igreja Russa tem até hoje profundas marcas Bizantinas.

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