O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

28 de agosto de 2021

Alvorecer aos 70...


Silencio e me recolho para contemplar.
sirvo-me daquela oração havaiana:

“Minhas queridas memórias, eu as amo...”

Olhar o desenrolar da vida traz um gosto doce,
Que vez por outra, se mistura com o sal daquela lágrima
De alegre emoção, ou de uma  lembrança saudosa.
As vezes é  uma dor funda
Que vem de um canto triste da memória...
Mas há também lembrança boa,
Lembrar da risada gostosa de minha mãe preta,
E também dos carinhos da minha vó branca,
As reuniões familiares, o alvoroço dos primos...
De um tempo em que a vida passava bem devagar.
    
               

Quanta ternura neste baú de lembranças...
Remexendo encontro o pátio da escola pública,
Amigos, professora, comemorações cívicas...
E de repente o desafio do curso de admissão ao ginasial.
Revejo então a chegada no ginasial,
A insegurança de um mundo novo,
Depois o colegial, a universidade o primeiro emprego...
Os anos de chumbo, os tempos cinzentos...
As muitas perdas, pai, irmã, mãe...
Amigos que foram exterminados pelo regime da época...
Mas nem tudo é  só cinza neste baú.
Salta então da memória
O casamento, os filhos as realizações...
São muitos os recortes de lembranças,
Tantos, nestas setenta voltas do sol
Que se relatados aqui se tornariam um livro.

Mas, olhando daqui,
Me parece que passaram tão rápido.
Teriam sido setenta mesmo ?

Mas, é tempo de olhar adiante.
Há muito que fazer ainda.
É hora de rever a bagagem
Abandonar, desapegar.
Há muita coisa, coisa demais até
Que só pertence ao passado,
É urgente libertá-las:

Minhas queridas memórias, eu as amo.
 Sou grato por poder libertá-las
E assim também me libertar...

É hora de transformar lembranças em experiência.

Minhas queridas memórias...

Lembro que ultrapassei, e muito, o meio da viagem,
Não faz  mais sentido acumular bagagem.
Pra onde eu vou agora,
Nas urgências desta vida,
Uma pequena maleta de  sonhos,
Uma mochila com boas esperanças,
Cheia de muito amor e bem querer,
Que acondicione bem uma boa porção
De bom humor e muitos sorrisos,
É só o que eu preciso, pra terminar bem
Essa minha feliz e bem sucedida viagem.
Hoje a palavra e o sentimento são um só:
Gratidão.

Sinto muito,
Se no caminho desapontei alguém.

Me perdoe,
Se mais que desapontar eu magoei ou ofendi alguém.

Sou Grato ,
Ao Divino Criador que tudo me deu,

E, é a ele que não me canso de dizer
Eu te amo