O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

21 de outubro de 2010

Sobre aborto e eleições

Neuza Tetzner
Sobre aborto e eleições:
Somos responsáveis pelo cuidado da Criação Inteira

Não sou escritora, política, ou entendida em assuntos muito profundos como os que estamos debatendo e assistindo no momento. Mas em meio à enxurrada de textos que recebo todos os dias, me vejo na necessidade de reagir. Mais que um texto de posicionamento pessoal, eu quero apenas "vomitar" algumas idéias e sentimentos que estão me corroendo por dentro, e na impossibilidade de poder soltar um grito, me atrevo a escrever e espalhar alguns pensamentos, assim como muitos estão fazendo nestes dias.

Desde os primeiros debates e pesquisas do primeiro turno, até o resultado das eleições tenho tentado refletir sobre a responsabilidade dessas duas mulheres que se dispuseram a assumir o risco de concorrer à presidência da República. Desde há muito tempo queremos ver como mulheres e feministas a nós mesmas representadas no Planalto. E para nós mulheres, creio que foi fundamental ver essas duas mulheres, diferentes e iguais ao mesmo tempo, demonstrando sua capacidade de articular e mobilizar o Brasil em torno de dois temas tão importantes e urgentes para todo o país, bem como para toda humanidade. A partir desta campanha o rosto da mulher brasileira fará parte dos debates políticos. Não será mais possível ignorar a presença das mulheres na política, porque através delas todas nós estivemos representadas e fomos o alvo das atenções. No rosto de Marina a mulher pobre pode se ver, no rosto de Dilma a intelectual, a empresária, as mulheres que tiveram acesso à educação. Fomos vistas não como objeto de cama e mesa, mas como mulheres capazes de conduzir um país, e representá-lo no mundo.

Após o resultado do primeiro turno recai sobre essas mulheres uma enorme responsabilidade.
De um lado a enorme responsabilidade de Marina Silva, por ter complicado a vitória de Dilma no primeiro turno e ter agora que tomar uma posição. Sem Marina, talvez teria sido mais fácil Dilma vencer. Talvez. De outro lado a terrível discussão sobre o aborto, tema nunca encarado de fato por nenhuma candidatura.
Dois temas polêmicos e urgentes e duas mulheres na condução do debate, ainda que o rosto de Marina esteja ausente da tela.
Conheço Marina como a maioria das pessoas. Sua história, sua vida de luta e sacrifício, sua coragem, que se mistura com o seu corpo franzino. Quando a vi em Porto Velho no intereclesial me impressionou a sua maneira de falar, mas me veio à mente, algo que às vezes experimento como mulher e pastora. Como é fácil arrancar aplausos no meio de quem pensa como a gente, ou está sedento de novidades. Como é fácil emocionar as pessoas com nossas estórias de vida.

Por sua força e determinação, e também pela estratégia de seus apoiadores, Marina foi capaz de trazer a discussão sobre o Meio Ambiente para o Ambiente Inteiro, em especial junto aos jovens, aumentando a onda verde. Mas toda onda é passageira, e o risco é que a discussão morra na praia, pois onda não se segura. É preciso mais Educação para que a juventude possa assumir essa luta com mais compromisso, e assim no futuro tenhamos um país mais "consciente e consistente" em relação ao Ambiente Inteiro.


Tão doloroso quanto ver a devastação do Ambiente Inteiro é assistir a discussão sobre o aborto, personalizado na candidatura de Dilma. Ninguém em sã consciência é favor do aborto. Assim como ninguém em sã consciência ateia fogo numa floresta em tempo de seca. Ambos são atos criminosos. A diferença é que os crimes contra a Natureza são difíceis de se comprovar. O aborto é fácil, pois a vitima é conhecida, está próxima de nós, e muitas vezes morta.
Se a questão do aborto surgiu nesta campanha, é porque ele é um fato tão grave e tão importante quanto a destruição Meio Ambiente, pois em ambos está presente a preservação da vida, em toda a sua plenitude. Por isso é hipócrita quem defende um projeto e exclui o outro. Se as Igrejas defendem a preservação da Natureza e trabalham o tema Ecologia, não podem deixar de trabalhar a questão do aborto com a mesma força e intensidade. Se é necessário preservar a Natureza é igualmente necessário preservar a Vida da Mulher.
Quando uma mulher recorre ao aborto é porque lhe faltaram todas as informações necessárias para não engravidar: Educação sexual, métodos anticoncepcionais de prevenção, e homens com o mesmo conhecimento e respeito, capazes de impedir que uma gravidez indesejada aconteça. Porque uma gravidez só acontece quando se tem um homem na relação. E aí está o grande problema na questão do aborto. O homem está saindo ileso na discussão. E pior está conduzindo a discussão como quem está fora do problema. Olhando apenas para a vida que foi gerada por ele, e não para a vida que está ameaçada por causa dele. É importante perceber que quem está escrevendo e debatendo mais sobre o aborto são homens, em nome das Igrejas ou de seus próprios interesses. Digo das Igrejas porque por trás da Católica, outras se escondem ou incluem o seu discurso. A vida da mulher não interessa para os homens, não interessa para as Igrejas, até o momento em que está para acontecer um aborto. Nesse momento todos entram com seus discursos baseados na religião, na ética, na moral, fazendo prevalecer a lei e a justiça.
Discriminalizar o aborto não significa apoiar para que as mulheres realizem o aborto sempre que engravidarem, mas significa não punir com uma pena maior, que aquela que já carregam por conta própria. Se uma mulher tiver que responder como crime por abortar, que também sejam punidos os que cometem crimes contra a Natureza, ou seja, contra o Ambiente Inteiro.
O tema do aborto entrou no debate para aterrorizar as pessoas e não para esclarecer e ajudar a pensar em políticas públicas para as mulheres. Somos mais de 50% das eleitoras e mãe dos outros 50%.

Compete a nós mulheres termos clareza sobre o cuidado com o nosso corpo, clareza sobre os interesses que se tem sobre o nosso corpo. Com o nosso corpo vendem-se de sabonete a carros importados. Somos responsáveis pela propaganda e pela compra de milhares de produtos. Somos responsáveis pelo cuidado da Criação Inteira.
Façamos valer a nossa condição de Mulher e o nosso direito a Opinar sem o autoritarismo de quem quer que seja, Estado - Igreja - Marido.


Neuza Tetzner é pastora da IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

20 de outubro de 2010

Padre Zezinho - ENTRE A GRÁVIDA E O FETO

Pe. José Fernandes de Oliveira (Padre Zezinho)
Entre os humanos, grávida é mãe que ainda não deu à luz e feto é filha ou filho que se desenvolve no ventre da mãe. Trata-se de concepção, gestação e geração. É o pequeno ser humano concebido, gestado e gerado; ou interrompido...

Quando uma sociedade discute a regulamentação ou a proibição do aborto, sem rodeios e eufemismos discute a vida ou a morte do feto, os pais como protagonistas, os médicos e o Estado como cúmplices ou auxiliares, os crentes ou os não crentes como conselheiros. Aí a raiz do magno conflito entre mãe e feto. Deve a mulher ir até o fim e dar à luz o feto traz no ventre? Não pode escolher? Pode-se eleger um candidato que é a favor da mãe e, pelo bem da mãe, em algumas circunstâncias admite provocar a morte do filho dela? Pode-se eleger alguém que, entre a mãe indefesa e em risco de vida e o feto sadio, mas também indefeso, escolheria o feto?

O debate vai longe porque, como não poderia ser diferente, mexe com o conceito de liberdade, pessoa, vida e morte. Alguém pede uma lei que favorece a mulher; alguém luta contra esta lei, porque abrirá espaço para a mortandade financiada de milhões de fetos indesejados. Aparecerem os amenizadores a dizer que se trata de apenas alguns casos. Rebatem os éticos que, em questão de vida e morte, não existem isto de "apenas alguns"!

Declarar-se contra o aborto e garantir que jamais assinará uma lei do congresso em favor da interrupção da gravidez é ir contra o segmento que não ver o feto como filho ou como pessoa em formação. E há muitos que assim pensam. Para eles o dono da vida é o casal. Deus, ou não existe ou não se mete nisso! Declarar-se a favor da mãe que não quer ou não pode ter o filho agora e por questão de saúde permitir que ela aborte seu filho com assistência do Estado é bater de frente contra milhões de crentes das mais diversas religiões que afirmam que o dono da vida é Deus: o casal é o guardião. O tema vida resvala para o conceito de criação e criador e acaba em debate crentes x ateus. Divide a sociedade e assume conotação ideológica e, por isso, política.

O aborto legalizado favorece alguém e prejudica alguém. Os que pensam que o feto ainda não é alguém tomam a defesa da mulher que o concebeu e quer interromper sua macha para a luz. Os que o consideram alguém em formação tomam sua defesa: está vivo e tem o direito de nascer.

Depois aparecem os adjetivos: retrógrado, fanático, ateu, materialista, conservador, direitista, progressista... Tudo por causa da mulher que não deseja hospedar aquela vida ou daquela vida que não pode ser descartada nem por ela nem por ordem do juiz.

No meio do debate virão as manipulações de cunho político e religioso e as ofensas. Há quem discuta o tema com maturidade e há os que descambam para os gritos, as altercações e atos de violência. O Brasil caminha nesta direção. Se o debate não for enfrentado de maneira serena fará mais vítimas do que faz agora. O aborto já existe. Regulamentá-lo é admitir que prossiga, mas de maneira mais higiênica. Condená-lo é manter a clandestinidade. Cabe aos crentes motivar os fiéis a não matar seus fetos e cabe aos não crentes admitir que ao tomar a defesa da mulher estão aceitando a morte de uma vida humana, por menor que seja o seu tamanho. Acontece que o tamanho da vítima ao invés de diminuir, às vezes agrava o crime, ainda que não se chame o crime de crime! Só que tem que é! Alguém morreu e alguém matou!

18 de outubro de 2010

Padre Zezinho - MUDAR DE RELIGIÃO

Pe.José Fernandes de Oliveira(Pe. Zezinho)

O filho de um amigo meu, levado por sua devoção a esposa, mudou de religião. Incidentemente os dois têm nome de santo católico! Numa conversa informal que um dia tivemos, ele disse que estava mais feliz agora, mas que admirava o fato de eu também ser feliz, felicidade que atribuo a minha Igreja e que ele agora atribui a Igreja da qual faz parte. Conversa vai, conversa vem... eu lhe disse:

- “Sua mãe, que já morreu, agora tem certeza sobre Deus e sobre ela mesma. Creio que ela está no céu pertinho de Deus, no colo dele. Quando eu morrer, terei certezas muito maiores do que tenho hoje, porque estarei, espero eu, no colo de Deus. Quando você morrer também descobrirá quem esteve mais certo neste mundo: sua mãe, eu, você, sua esposa, o povo da nova religião que você adotou ou os da religião da qual você saiu para não ter conflitos com a esposa. Agora, só podemos ter fé e viver desta fé. Você resolveu vivê-la numa outra Igreja e eu continuo vivendo na minha que, para mim, é mais do que mãe e é mais do que suficiente”.
A conversa mudou para outros temas e nos despedimos civilizadamente com chá vermelho e torrada. Quando se é civilizado, é bem assim que se faz. Lá no céu saberemos quem esteve certo. Aqui vivemos de procuras. Quem acha que achou, continue! Quem acha que não achou, continue também! Em algum lugar haverá verdade suficiente para a gente ser feliz, sempre na caridade, porque sem esta, nenhuma verdade vale a pena.

15 de outubro de 2010

Aborto. assunto sério, virou um ''samba do teólogo doido'. Entrevista especial com Gedeon Freire de Alencar

“Eu não sou a favor do aborto, e, teoricamente, creio que ninguém é a favor disso. Mas precisamos discutir isso porque aborto ainda é uma questão de pobre nesse país. Os ricos continuam abortando e não morrem, porque fazem em clínicas bem aparelhadas”, ressalta o sociólogo e presbítero da Igreja Assembleia de Deus, Gedeon Freire de Alencar, durante a entrevista que concedeu por telefone à IHU On-Line. Ele discute a importância do voto evangélico para definição do primeiro turno e analisa seus caminhos para o segundo. Gedeon vibra ao apontar que, finalmente, a política esteja na pauta das igrejas e instituições religiosas, mas afirma que o “tiro pode sair pela culatra” dos conservadores que estão levantando essas questões: “se a nova geração se acostuma a discutir isso, vai também querer discutir outras coisas”.

Gedeon Freire de Alencar é presbítero da Igreja Assembleia de Deus Betesda em São Paulo, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista, diretor pedagógico do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos (ICEC). É membro da Associação Brasileira de História da Religião. É autor de Protestantismo Tupiniquim: Hipóteses Sobre a (não) Contribuição Evangélica à Cultura Brasileira (Arte Editorial).

Confira a entrevista.


Confira a entrevista.

IHU On-Line – Dilma ganhou nas regiões onde o Bolsa Família tem mais abrangência. Conforme uma entrevista que o senhor nos deu, nas regiões mais pobres da sociedade aonde o pentecostalismo chegou, houve uma melhora na questão da alfabetização. Como o senhor vê a relação que se dará entre Dilma e os evangélicos neste segundo turno?

Gedeon Freire de Alencar –
Uma coisa que tenho dito nessas últimas semanas é que, ironicamente, nós nos tornamos atores políticos no Brasil. Os evangélicos sempre viveram na marginalidade em quase todos os aspectos. Entramos quase pela porta dos fundos na política e agora, plagiando uma expressão, “nunca na história desse país” se falou tanto em religião na época de eleição. Segundo as pesquisas e analistas, a questão religiosa foi fundamental, principalmente, em função de o pleito ter chegado ao segundo turno. Agora, eu queria que fosse realizada uma pesquisa mais específica sobre essa questão do voto dos pobres e da religião, porque não estou muito convencido de que obrigatoriamente o pessoal vota ou não vota naquele candidato por alguma razão religiosa.

Sei que, quanto mais escolarizadas, as pessoas têm mais informação e o voto se torna mais complexo. Eu presumo que nas classes mais baixas, o voto se dá de forma muito instrumental e pelo meu interesse imediato. Nesse caso, a votação da Dilma na periferia se deu basicamente em função das necessidades imediatas que estavam sendo alcançadas, inclusive pelo Bolsa Família. Bom, aí você tem o recorte de evangélicos nessa região. Eu vi uma senhora de uma região muito pobre do nordeste sendo entrevistada e a repórter pergunta: “Você não vai votar na Marina que é evangélica?” E ela responde: “Pois é, na minha igreja todo mundo está falando nisso, mas eu vou votar no Lula porque tenho Bolsa Família”. Ou seja, para além das questões mais religiosas, as pessoas votam de fato em função de suas questões imediatas que estão sendo respondidas.

Nesse caso, como vai continuar a questão da eleição? A questão do aborto, ou do moralismo do aborto, esteve muito presente nessas eleições e isso pesou muito na decisão dos evangélicos. Porém, segundo tenho visto nos jornais, foi um fenômeno de internet. E poucas pessoas das classes C e D têm acesso à internet. As classes A e B do Brasil já têm acesso 100% à internet. Eu tenho minhas dúvidas em relação ao fato de as classes C e D estarem formando suas opiniões em função da discussão de internet. Tem algumas coisas que precisam ficar mais claras em relação a isso.

IHU On-Line – Teoricamente, vivemos num Estado laico. Como o senhor vê a dimensão que a religião está tomando nesse debate para o segundo turno?

Gedeon Freire de Alencar –
Apesar de todos os males e problemas do “talismã gospel” que existe por aí, eu acho muito interessante porque, antes, exercitávamos o nosso evangelho dentro de quatro paredes e as questões do mundo não diziam respeito a nossa espiritualidade. Os pessimistas diziam que estava sendo algo muito confuso, muito ridículo essa relação entre religião e política, mas acho muito válido. Isso porque mal ou bem as igrejas começaram a discutir a eleição, mal ou bem os pastores se envolveram e as novas gerações começam a discutir esse negócio. Quem sabe as pessoas, com isso, se entusiasmam e começam a discutir esse negócio? Por mais que seja uma discussão moralista, conservadora, truncada, cheia de ressalvas e mentiras, eu vejo como algo muito interessante essa nova geração evangélica se inserindo na sociedade dessa forma.

Claro, há dois tipos de interesses envolvidos: uma coisa é pastor-deputado, senador-deputado, entre outros, que entram na discussão de disputa de poder. Estes não estão se esforçando para que a figura da Dilma ou do Serra seja digerida. Está se "cacifando" para que, quando um deles for eleito, se leve a nota promissória do que ele ganhou com isso. O povão está se entusiasmando com a discussão. E o tiro pode sair pela culatra das lideranças conservadoras, porque grandes pastores conservadores desse país (e é quase redundante falar em pastor conservador) têm trazido a questão do aborto e da homossexualidade para o debate das eleições e, se a nova geração se acostuma a discutir isso, vai também querer discutir outras coisas. Se entrar na moda, isto é, discutir todas as questões nacionais, isso vai ser muito bom, mas vai fazer com que as lideranças conversadoras percam o trem da história. Talvez eu esteja sendo ingênuo por achar isso maravilhoso, mas prefiro assim a ser pessimista em absoluto.

IHU On-Line – As diferentes igrejas deveriam, então, se posicionar em relação a um ou outro candidato?

Gedeon Freire de Alencar –
Ao candidato não, porque fica muito corporativista. As igrejas e instituições deveriam se posicionar propositivamente. Alguém vai dizer que isso é muito ingênuo e idealista. Mas quantas eleições passaram e se discutiram essas questões e nós não tomamos partido algum. Transposição do São Francisco, privatização dos meios de comunicação entre outras questões foram debatidas e a igreja não se envolveu. Mas agora, a igreja está tendo a ver e tem uma resposta para dar. Portanto, as igrejas deveriam, de fato, se posicionar de forma prepositiva sobre, por exemplo, saneamento básico, remédios nos postos de saúde. Nós somos cidadãos desse país e do mundo, então podemos e devemos nos posicionar.

IHU On-Line – O que diferencia o posicionamento de Dilma e Serra em relação ao aborto e ao casamento gay?

Gedeon Freire de Alencar –
Eu troco um pelo outro e não quero volta. Deixo bem claro que vou anular meu voto no segundo turno. Votei na Marina não achando que ela seria solução da lavoura e a salvação para o país, mas eu não opto por Dilma ou Serra porque eles são, para mim, absolutamente iguais e ambos estão fazendo uma política interesseira. Estão fazendo agora todo um discurso religioso, cristão, de quem teme a Deus, a favor da vida, quando ambos são a favor da descriminalização do aborto. O problema é que nessa discussão há uma mistura do que vem a ser descriminalização do aborto e legalização. São duas coisas completamente diferentes, mas é pedir muito que no debate político essas questões fiquem claras.

IHU On-Line – Os evangélicos podem mesmo ser os responsáveis pela definição deste segundo turno?

Gedeon Freire de Alencar –
Pois não é. Não sei se a resposta é sim ou não. É lamentável que nem o Datafolha e nem o Ibope, nas últimas pesquisas, tenham colocado a questão religiosa na pergunta. Não dá para saber de fato se a maioria evangélica aderiu mesmo à Marina que teve toda essa simpatia dentro do universo religioso. Agora, afirmar que o universo evangélico será o grande diferencial, não é algo que tenho tanta certeza assim.

IHU On-Line – Então, que motivos vão conduzir os votos dos evangélicos?

Gedeon Freire de Alencar –
O voto do evangélico, na média, é conservador. Nessa altura do campeonato, portanto, o PT está sofrendo do mal do veneno que plantou. O PT expulsou deputado que é contra o aborto e colocou isso no projeto de governo, o que é uma bobagem porque poderia ter deixado a questão para ser discutida depois. Isso não é projeto de governo. O mais lastimável em toda essa campanha é que o aborto virou a grande questão a ser discutida e esqueceu-se de debater o problema da Receita, da Casa Civil e corrupções gravíssimas. Está sendo muito conveniente para o governo Lula e para o próprio Serra que a discussão do aborto se torne fundamental e, com isso, se esqueça das questões econômicas e corrupção que estão por aí.

IHU On-Line – O possível apoio de Marina pode mudar esse cenário atual?

Gedeon Freire de Alencar –
Espero que ela não apoie qualquer um dos dois. Se fizesse isso seria incoerente. Espero que ela permaneça neutra, continue fazendo o discurso da economia sustentável, levantando questões que Dilma e Serra não discutiram e se mantenha íntegra no seu posicionamento de questionamento. Eu acredito que ela não fará isso, embora a estrutura do PV possa se posicionar para ganhar alguns carguinhos.

IHU On-Line – Qual a importância dos valores religiosos na sociedade de hoje?

Gedeon Freire de Alencar –
São muito importantes. Mas, para além disso, é preciso que pensemos no que são esses valores, quem está estabelecendo-os e quem está lucrando com isso. Ser visceralmente contra o aborto, em quaisquer circunstâncias, é também não pensar na vida da mulher, da família e da própria criança depois que é vítima ou fruto de, por exemplo, um estupro. Ou seja, que valor é esse que é tão absurdamente a favor de uma vida que nem existe ainda e é tão contra outras vidas que já estão existindo ou, no futuro, da vida que será problematizada? Eu não sou a favor do aborto, e, teoricamente, creio que ninguém é a favor disso. Mas precisamos discutir isso porque aborto ainda é uma questão de pobre nesse país. Os ricos continuam abortando e não morrem, porque fazem em clínicas bem aparelhadas. Meninas da periferia abusadas e mulheres pobres vão fazer aborto em clínicas que estão mais para açougues e morrem, mas morte de pobre em periferia não importa. Nesse momento, estão deturpando essa questão fazendo um “samba do teólogo doido” em cima de um assunto muito sério.

‘A CNBB está vivendo um momento difícil’, diz Dom Demétrio

"Não foi, oficialmente, a CNBB que explorou eleitoralmente a questão do aborto”. É o que esclarece Dom Demétrio Valentini, numa breve entrevista por correio eletrônico ao Brasil de Fato, 13-10-2010. Segundo ele, certos episódios, como a distribuição de panfletos como o texto intitulado “Apelo aos fiéis”, distribuídos em algumas igrejas católicas paulistas, em plena campanha eleitoral, ameaçam seriamente a instituição.

Eis a entrevista.

Dom Demétrio, você achou legítima e democrática a distribuição de panfletos contra a candidatura de Dilma Roussef (PT) pela Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)? Por quê?

Já temos agora a declaração oficial da Presidência da CNBB, emitida no dia 08 de outubro, denunciando a manipulação feita, envolvendo indevidamente o nome daCNBB. Diz textualmente a Nota da Presidência da CNBB: "Lamentamos profundamente que o nome da CNBB - e da própria Igreja Católica, tenha sido usado indevidamente ao longo da campanha, sendo objeto de manipulação". A Nota da Presidência da CNBB se refere, evidentemente, à farta distribuição de folhetos, que usavam a "recomendação" feita pelo Sul 1, apresentando-a como se fosse uma recomendação oficial da própriaCNBB. É o caso típico de manipulação, com a clara intenção de enganar o eleitor. Infelizmente, foi o que a "recomendação" do Sul 1 proporcionou.

Essas eleições têm causado desconforto entre os bispos da CNBB?

A CNBB está vivendo um momento difícil, que certamente demandará uma profunda avaliação, passadas as eleições, para analisar com serenidade de espírito os episódios que estão ocorrendo nesta campanha eleitoral e que ameaçam seriamente a credibilidade desta instituição, que já deu no passado importante contribuição para a sociedade brasileira.

O senhor acredita que a questão do aborto, por exemplo, tem sido explorada de uma forma extremamente eleitoral por parte da CNBB e que, desse modo, alimenta enormemente os votos nos tucanos?

De novo é preciso reafirmar com clareza: não foi, oficialmente, a CNBB que explorou eleitoralmente a questão do aborto. É evidente que está havendo uma exploração eleitoral do questão do aborto. E para isto estão utilizando posicionamentos pessoais de alguns bispos e padres, para apresentar estes posicionamentos com se fossem daCNBB. Esta é a instrumentalização que está sendo feita. E os bispos e padres que usam a religião para manifestar publicamente sua opção partidária, deveriam se dar conta de quanto estão sendo explorados pelos partidários de uma determinada candidatura.

Alguns sociólogos afirmaram que o voto em Marina foi, sobretudo, uma resposta ao caráter antirreligioso da candidatura de Dilma Roussef, e denominaram isso como uma demonstração de uma face fascista do Brasil. Como o senhor analisa isso?

Pode ser que isto ajude a entender o resultado do primeiro turno. O fato evidente é que esta campanha está mostrando problemas muito sérios, existentes em nossa sociedade brasileira. Existem os saudosistas da ditadura militar, há ódios e rancores represados que começam perigosamente a se manifestar, há posturas religiosas fundamentalistas, que se aproximam perigosamente do fanatismo. Tudo isto nos desafia a todos e nos convoca para o bom senso e para a responsabilidade.

13 de outubro de 2010

MANIFESTO

“Se nos calarmos, até as pedras gritarão!”



Manifesto de Cristãos e cristãs evangélicos/as e católicos/as em favor da vida e da Vida em Abundânci
a!



Somos homens e mulheres, ministros, ministras, agentes de pastoral, teólogos/as, padres, pastores e pastoras, intelectuais e militantes sociais, membros de diferentes Igrejas cristãs, movidos/as pela fidelidade à verdade, vimos a público decla
rar:

1. Nestes dias, circulam pela internet, pela imprensa e dentro de algumas de nossas igrejas, manifestações de líderes cristãos que, em nome da fé, pedem ao povo que não vote em Dilma Rousseff sob o pretexto de que ela seria favorável ao aborto, ao casamento gay e a outras medidas tidas como “contrárias à mo
ral”.
A própria candidata negou a veracidade destas afirmações e, ao contrário, se reuniu com lideranças das Igrejas em um diálogo positivo e aberto. Apesar disso, estes boatos e mentiras continuam sendo espalhados. Diante destas posturas autoritárias e mentirosas, disfarçadas sob o uso da boa moral e da fé, nos sentimos obrigados a atualizar a palavra de Jesus, afirmando, agora, diante de todo o Brasil: “se nos calarmos, até as pedras gritarão!” (Lc 19,
40).
2. Não aceitamos que se use da fé para condenar alguma candidatura. Por isso, fazemos esta declaração como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais. Em nome do nosso compromisso com o povo brasileiro, declaramos publicamente o nosso voto em Dilma Rousseff e as razões que nos levam a tomar esta ati
tude:
3. Consideramos que, para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra, que, segundo nossa análise, nos levaria a recuar em várias conquistas populares e efetivos ganhos sócio-culturais e econômicos que se destacam na melhoria de vida da população brasil
eira.
4. Consideramos que o direito à Vida seja a mais profunda e bela das manifestações das pessoas que acreditam em Deus, pois somos à sua Imagem e Semelhança. Portanto, defender a vida é oferecer condições de saúde, educação, moradia, terra, trabalho, lazer, cultura e dignidade para todas as pessoas, particularmente as que mais precisam. Por isso, um governo justo oferece sua opção preferencial às pessoas empobrecidas, injustiçadas, perseguidas e caluniadas, conforme a proclamação de Jesus na montanha (Cf. Mt 5, 1-
12).
5. Acreditamos que o projeto divino para este mundo foi anunciado através das palavras e ações de Jesus Cristo. Este projeto não se esgota em nenhum regime de governo e não se reduz apenas a uma melhor organização social e política da sociedade. Entretanto, quando oramos “venha o teu reino”, cremos que ele virá, não apenas de forma espiritualista e restrito aos corações, mas, principalmente na transformação das estruturas sociais e políticas deste m
undo.
6. Sabemos que as grandes transformações da sociedade se darão principalmente através das conquistas sociais, políticas e ecológicas, feitas pelo povo organizado e não apenas pelo beneplácito de um governante mais aberto/a ou mais sensível ao povo. Temos críticas a alguns aspectos e algumas políticas do governo atual que Dilma promete continuar. Motivo do voto alternativo de muitos companheiros e companheiras Entretanto, por experiência, constatamos: não é a mesma coisa ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir. Neste sentido, tanto no governo federal, como nos estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobre
cido.
7. Sabemos de pessoas que se dizem religiosas, e que cometem atrocidades contra crianças, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo, por isso, não nos interessa se tal candidato/a é religioso ou não. Como Jesus, cremos que o importante não é tanto dizer “Senhor, Senhor”, mas realizar a vontade de Deus, ou seja, o projeto divino. Esperamos que Dilma continue a feliz política externa do presidente Lula, principalmente no projeto da nossa fundamental integração com os países irmãos da América Latina e na solidariedade aos países africanos, com os quais o Brasil tem uma grande dívida moral e uma longa história em comum. A integração com os movimentos populares emergentes em vários países do continente nos levará a caminharmos para novos e decisivos passos de justiça, igualdade social e cuidado com a natureza, em todas as suas dimensões. Entendemos que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano – como Marina Silva defende – só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido. No momento atual, Dilma Rousseff representa este projeto que, mesmo com obstáculos, foi iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula. É isto que está em jogo neste segundo turno das eleições de
2010.
Com esta esperança e a decisão de lutarmos por isso, nos subscrev
emos:



Dom Thomas Balduino, bispo emérito de Goiás velho, e presidente honorário da CPT nacion
al.
Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Feliz do Araguaia-MT.
Dom Demetrio Valentini, bispo de Jales-SP e presidente da Cáritas nacional.
Dom
Luiz Eccel - Bispo de Caçador-SC
Dom Anto
nio Possamai, bispo emérito da Rondônia.
Dom Sebastiã
o Lima Duarte, bispo de Viana- Maranhão.
Dom Xavier Gille
s, bispo emérito de Vina- Maranhão.
Padre Paulo Gabriel,
agente de pastoral da Prelazia de São Feliz do Araguaia /MT
Jether Ramalho, Rio de J
aneiro.
Marcelo Barros, monge benedi
tino, teólogo
Professor Candido Mendes, cientis
ta político e reitor
Luiz Alberto Gómez de Souza, cientista
político, professor
Zé Vicente, cantador popular. Ceará
Chico
césar. Cantador popular. Paraíba/são paulo
Revdo Roberto Zwetch, igreja IELCB e professor de teologia em São Leopoldo.
Pastora Nancy Cardoso, metodista, Vassouras / RJ
Antonio M
arcos Santos, Igreja Evangélica Assembléia de Deus - Juazeiro - Bahia
Maria Victoria Benevides, professora, da USP
Monge Joshin, Comunidad
e Zen Budista do Brasil, São Paulo
Antonio Cecchin
, irmão marista, Porto Alegre.
Ivone Gebara, religiosa católica
, teóloga e assessora de movimentos populares.
Fr
. Luiz Carlos Susin – Secretário Geral do Fórum Mundial de Teologia e Libertação
Frei
Betto, escritor, dominicano.
Luiza E. Tomita – Sec. Executiva EATWOT(Ecumenical Associa
tion of Third World Theologians)
Ir. Ir
io Luiz Conti, MSF. Presidente da Fian Internacional
Pe. João Pedro Baresi, pres. da Comissão Jus
tiça e Paz da CRB (Conferência dos religiosos do Brasil) SP
Frei
José Fernandes Alves, OP. – Coord. da Comissão Dominicana de Justiça e Paz
Pe. Oscar Beozzo, diocese de Lins
.
Pe. Inácio Neutzling – jesuíta, diretor do Instituto Humanitas Unisinos
Pe. Ivo P
edro Oro, diocese de Chapecó / SC
Pe. Igo
r Damo, diocese de Chapecó-SC.
Irmã Pompeia Bernasconi, cônegas de Santo Agos
t
inho
C
ibele Maria Lima Rodrigues, Pesquisadora.
Pe. John Caruana, Rondônia.
Pe. Julio Gota
rdo, São Paulo.
Toninho Kalunga, São Paulo,
Washingtonn L
uiz Viana da Cruz, Campo Largo, PR e membro do EPJ (Evangélicos Pela Justiça)
Rica
rdo Matense, Igreja Assembléia de Deus, Mata de São João/Bahia
Silva
nia Costa
Mercedez Lopes,
André Marmilicz
Raimundo Cesar Barreto Jr, Pastor Batista, Doutor em é
tica social
Pe. Arnildo Fritzen, Carazinho. RS.
Darciolei Volpato, RS
F
rei Ildo Perondi - Londrina PR
Ir. Inês W
eber, irmãs de Notre Dame.
Pe. Domingos Luiz Costa Curta, Coord. Dioc de Pastoral da Diocese
de Chapecó/SC.
Pe. Luis Sartorel,
Itacir
Gasparin
Célio Piovesan, Ca
noas.RS
Toninho Evangelista - Hortolâ
ndia/SP
Geter Borges de Sousa, Evangélicos
Pela Justiça (EPJ), Brasília.
Caio César Sousa Marçal - Missionário da Igreja de Cris
to - Frecheirinha/CE
Rod
inei Balbinot, Rede Santa Paulina
Pe. Cleto João Stu
lp, diocese de Chapecó.
Odja Barros Santos
- Pastora batista
Ricardo Aléssio, cristão de tradição presbiteriana,
professor universitário.
Maria Luíza Aléssio, professora universitária, ex-secre
tária de educação do Recife
Rosa Maria Go
mes
Roberto Cartaxo Machado Rios
Rute Maria Mon
teiro Machado Rios
Antonio Souto, Caucaia,
CE
Olidio Mangolim – PR
Joselita Alves Sampaio – PR
Kleber Jorge e silva, teologi
a – Passo Fundo - RS
Terezinha Albuquerque
PR. Marco Aurélio Alves Vicente - EPJ - Evangé
licos pela Justiça, pastor-auxiliar da Igreja Catedral da Família/Goiânia-GO
Padre Ferraro, Ca
mpinas.
Ir, Carmem Vedovatto
Ir.
Letícia Pontini, discípulas, Manaus.
Padre Manoel, PR
Maga
li Nascimento Cunha, metodista
Stela Maris da Silva
Ir.
Neusa Luiz, abelardo luz- SC
Lucia Ribeiro, socióloga
Marcelo Timotheo da Costa, historiador
Maria Helena Silva Timotheo da Costa
Ianete Sampaio
Ney Paiva
Chavez, professora educação visual, Rio de janeiro
Ant
onio Carlos Fester
Ana Lucia Alves, Brasília
I
vo Forotti, Cebs – Canoas - RS
Agnaldo da Silva Vieira - Pasto
r Batista. Igreja Batista da Esperança - Rio de Janeiro
Irmã Cl
audia Paixão, Rio de Janeiro
M
arlene Ossami de Moura, antropóloga / Goiânia.
Ir. Maria Celina Correia Leite, Recife
Pedro Henriques de Moraes Melo - UFC/ACEG
Fernanda Seibel, Caxias do Sul.
Benedito Cunh
a, pesquisador popular, membro do Centro Mandacaru - Fortaleza
Pe. Lino Allegri - Pastoral do P
ovo da Rua de Fortaleza, CE.
Juciano de Sousa Lacerda, Prof. Doutor de Comunicação Social da
UFRN
Pasqualino Toscan - Guaraciaba SC
Fr
ancisco das Chagas de Morais, Natal - RN.
Elida Araúj
o
Maria do Socorro Furtado Veloso - Natal, RN
Maria Letícia Ligneul Cotrim, educadora
Maria
das Graças Pinto Coelho/ professora universitária/UFRN
Ismael de Souza Maciel membro do CEBI - Centro de Estudos Bíbi
cos Recife
Xavier Uytdenbroek, prof. aposentado da UFPE e membro
da coordenação pastoral da UNICAP
Maria Mércia do Egito Souza agente da Pa
storal da Saúde Arquidiocese de Olinda e Recife
Leonardo Fernando de Barros Autran Gonça
lves Advogado e Analista do INSS
Karla Juliana Souza Uytdenbroek Ba
charel em Direito
Targelia de Souza Albuquerq
ue
Maria Lúcia F de Barbosa, Professora UFPE
Débora Costa-Maciel,
Profª. UPE
Maria Theresia Seewer
107. Ida Vicenzia Dias Maciel

108. Marcelo
Tibaes

109. Sergio Bernardoni, diretor da CARAVIDEO- Goiânia - Goiás

110. Claudio de Oli
veira Ribeiro. Sou pastor da Igreja Metodista em Santo André, SP.

104 . Pe. Paulo Sérgio Vail
lant - Presbítero da Arquidiocese de Vitória – ES

106. Roberto Fernandes de
Souza. RG 08539697-6 IFP RJ - Secretario do CEBI RJ

107
. Sílvia Pompéia.

108. Pe.
Maro Passerini - coordenador Past. Carcerária - CE

109. Dora Seibel – Pedagoga, caxias
do sul.

110. Mosara Barbosa
de M
elo

111. Maria de Fátim
a Pim
entel Lins

112
. Pr
of. Renato Thiel, UCB-DF

114 . Alexandre Brasil Fonseca
, Soc
logo, prof. da UFRJ, Ig. Presbiteriana e coordenador da Rede FALE)

115 Daniel
a Sa
nches Frozi, (Nutricionista, profa. da UERJ, Ig. Presbiteriana, conselheira do CONSEA Nacional e vice-presidente da ABUB)

116. Marcelo Ayres Camurça –
Prof
essor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião – Universidade Federal de Juiz de Fora

117. Revd. Cônego Francisco
de Assis da Silva,Secretário Ger
al da IEAB e membro da Coordenação do Fórum Ecumênico Brasil

11
8.
Irene Maria G.F. da Silva Telles

119. Manfredo Araújo de Oliveira

120. Agnaldo da Silva Viei
ra -
Pedagogo e Pastor Auxiliar da Igreja Batista da Esperança-Centro do Rio de Janeiro

121. Pr. Marcos Dornel - Pastor Evangélico -
Igrej
a Batista Nova Curuçá - SP

122. Adriano Carvalho.

123. Pe. Sérgio Campos, Fundação Redentorista de Comunicações Sociais –
Para
naguá/Pr.

124. Eduardo Dutra Machado, pastor presbiteriano

125. Maria Gabriela Curubeto Godoy - médica psiquiatr
a - R
S

1
26. Genoveva Prima de Freitas- Professora – Goiânia

127. M. Ca
ndida
R. Diaz Bordenave

128. Ismael de Souza Maciel membro do CEBI - Centro de Estudos Bíbicos Recife

129.
Xavie
r Uytdenbroek prof. aposentado da UFPE e membro da coordenação pastoral da UNICAP

130. Maria Mércia do Egito Souza agente da Pastoral da Saúde Arquidiocese de Olinda e Recife

131. Le
onard
o Fernando de Barros Autran Gonçalves Advogado eAnalista do INSS

132. Karla Juliana Souza Uytdenbroek Bac
harel
em Direito

133. Targelia de Souza Albuquerque

134.
Maria Lúcia F de Barbosa (Professora - UFPE)

135. Paulo Teixeira, parlamentar, são paulo.

136. Alessandro M
olon,
parlamentar, Rio de janeiro.

137. Adjair Alves (Professor - UPE)

138. Luziano Pere
ira M
endes de Lima - UNEAL

139. Cláudia Maria Afonso de Castro-psicóloga- trabalha
dora
da Saúde-SMS Suzano-SP

140. Fátima Tavares, Coordenadora do Programa de Po
s-Gra
duação em Antropologia FFCH/UFBA

141. Carlos Caros
o, Pr
ofessor Associado do Departamento deAntropologia e Etrnologia da UFBA.

142. Isab
el To
oda

143. Joanildo Burity (Anglicano, c
ienti
sta político, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco,

14
4. Prof. Dr. Paulo Fernando Carneiro de Andrade, Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Professor de Teologia PUC- Rio

145. Aristóteles R
odrig
ues - Psicólogo, Mestre em Ciência da Religião

146. Zwinglio Mota Dias - Profes
sor A
ssociado III – Universidade Federal de Juiz de Fora

147. Antonio Francisco Braga dos San
tos-
IFCE

148. Pa
ulo C
outo Teixeira, Mestrando em Teologia na EST/IECLB

149. Rev. Luis Omar Dominguez Espinoza


15
0. Anivaldo Padilha - Metodista, KOINONIA, líder ecumênico

151. Nercina Gonçalves

152. Hélio Rios, pastor presbiteriano

153. João Jos
é Sil
va Bordalo Coelho, Professor- RJ

154. Lucilia Ramalho. Rio de janei
ro.

155. Maria tereza Sartorio, educadora, ES

156. Maria jose Sartorio, saúde, ES

157.
Ni
lda Lucia sartorio, secretaria de ação social, Espírito santo

158. Ângela maria fernandes -Curitiba paraná

159. Lúcia Adélia Fernandes

160. Jeanne Nascimento - Advogada em São Paulo/SP

16
1,. Frei José Alamiro, franciscano, São Paulo, SP

162.Leonardo Boff, teólogo e escritor

163 Marcia M.M.Miranda, Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petropolis RJ

164 J. Ricardo A de Oliveira , Psicoterapeuta, RJ

2 de outubro de 2010

Esta é a Hora





Súplica a Deus brasileiro no tempo eleitoral

por Zé Vicente - poeta e cantor da caminhada popular.

Meu Deus Brasileiro concede que assim te chame e assim ti clame,
Ao contemplar a grandeza e a beleza que de ti emana em nossos mares e biomas,
Em nossa gente tão diversa e tal capaz,
em nossa Pátria tão grandiosa e graciosa, Brasil!
Eu sei que És a fonte e a origem da Vida, e que é pouco demais chamar-te com nossas palavras e títulos. E nenhuma intenção, por melhor que seja, pode reduzir-te ao nosso gênero homem ou mulher e às nossas intenções particulares! És tudo em todos e em todas as criaturas!
Ó Deus Brasileiro, que o teu Espírito sopro e luz, se faça presente nestes instantes em que estamos mergulhados na maior campanha eleitoral de nossa história.
Ilumine-nos e desarme-nos das ambições pessoais, de nossos medos e preconceitos, que nos aprisionam ao que já passou e não serve mais como sementes do futuro!
A presença das mulheres nesta campanha para Presidente é sinal e elemento de Esperança e afirmação de mudança, para o país que precisamos construir.
Que nada, ó Divina Estrela Guia, possa interromper essa caminhada rumo ao dia em que uma mulher possa assumir o posto de Servidora Pública Número 1 de nossa Pátria e de nossa gente, principalmente das grandes maiorias sem terra, sem teto, sem toda assistência que um Governo e um Estado devem ao seu povo!
Dá-nos, a nós homens, a humildade que nos livra de todo machismo!Cura as mulheres que também foram contaminadas por tal doença!
Liberta-nos de candidatos e candidatas que usam o dinheiro, as ameaças, as mentiras para confundir e entravar nosso caminho de amadurecimento na democracia popular!
Confunde, sim, a quem em teu nome sagrado, usa a palavra, a fé e os altares, numa falsa postura não partidária, para semear nos corações a dúvida, o medo e o preconceito, contra quem não reza de seu jeito!
Livra-nos dos poderosos escondidos na escuridão e nos bastidores do poder, criminosos e traficantes de interesses dos inimigos do Brasil!
Tua força esteja na nossa união, quando movida para o bem maior! Tua justiça brilhe em nossos sonhos e atos para criamos leis e instrumentos como a da Ficha Limpa e outras que precisamos para fazer da Política bons ensaios do teu Reino entre nós!
Bendito seja, ó Deus Brasileiro, pelos avanços conquistados, pelos homens e mulheres que não se venderam e nem se renderam ao poder das elites do dinheiro, do latifúndio, da grande mídia, do grande mercado!
Bendito és, pela juventude militante, que sabe distinguir onde está o rumo certo e segue adiante, sem medo de aprender com os possíveis erros, contando com tua luminosa presença!
Seremos vigilantes em teu nome! Seguiremos adiante, animados pelo firme exemplo de Maria, mãe de teu filho, que canta pelos séculos a derrota dos poderosos e a vitória dos humilhados em todas as nações da terra, também do nosso Brasil!
Assim seja!


1 de outubro de 2010

Padre Zezinho - ADORADORES RADICAIS

Pe. José Fernandes de Oliveira (Pe Zezinho)
Ouvi esses dias um pregador falar da “cultura de pentecostes” e do “povo de adoradores radicais”. Não se aprofundou, por isso não sei o que ele quis afirmar. Se explicasse em que consiste esta cultura dentro da cultura cristã e, dentro da Igreja Católica o que significa ser um “adorador radical” seria mais fácil dialogar com ele.
É que eu me considero pregador da cultura do coração solidário e penso que sou um adorador moderado. Sigo ou tento seguir Mt 5, 23. Já, Jesus diz que a oferta diante do altar espera. O radical é criar um clima de paz. A oferta pode vir depois. Mas o diálogo tem que vir agora, já.
Então, não acho que basta louvar e orar. Releio Mateus 7, 15-23 e vejo que Jesus põe a justiça em primeiro lugar. Primeiro o justo, depois adorador. Posso citar mais de 200 passagens dos evangelhos que apontam para a justiça, a fraternidade, a caridade e a ajuda aos irmãos como caminho de luz, de paz e de salvação. Sei também que há pelo menos outras mil passagens que mostram que a oração salva e liberta. Entendo, então, que é preciso agir e orar. Num caso nós abrimos a porta do lado de fora. No outro Deus a abre do lado de dentro.
Encaro o céu como o lado de dentro da vida. É como tudo começou e para onde tudo irá um dia. Deus está lá e também no lado de fora. Ele é onipresente. Somos apenas presentes aqui, mas somos convidados, pela justiça, pela compaixão e pela caridade a criar a paz ao nosso redor e, com isso, abrir nós mesmos as portas do céu do lado de fora. O céu tem dois tipos de fechaduras: as de dentro e as de fora.
Somos, pois, convidados a falar com o Pai e o Espírito Santo e pedir a intercessão
do Filho, sem esquecer de pedir aos salvos por ele que também orem por nós. De tanto orar e tocar a campainha do céu Deus nos abre as portas do lado de dentro. Então o céu se nos abre. Estou convencido que Jesus tem as chaves e que as portas são muitas. No céu espero ver muitos seres humanos bons que chegaram lá por outras portas. É minha forma de ser ecumênico. Jesus deu a entender que é assim. Releio Mateus 25, 31-46 e me torno cada dia mais ecumênico.


fonte: http://www.padrezezinhoscj.com/index.php
.