O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

29 de agosto de 2019

A primeira manhã na versão 6.8




Seguem interminavelmente os dias e as noites...
Muitas vezes, sem que eu nem perceba a aceleração do tempo.
Parece que foi ontem... 

A lembrança dos tempos de escola primária, ainda é muito viva.
Me surpreendo olhando uma fotografia daquele tempo
e reconhecendo pelo nome alguns companheiros...
Como se a roda do tempo, no seu incansável movimento,
 já não tivesse dado mais de sessenta voltas...

A foto está um tanto desbotada, estaria eu também desbotando?
Ah! Os cabelos sim, os poucos fios que ainda restam
Desbotaram, embranqueceram...
Mas éramos tão jovens...
Como pode o tempo passar tão rápido?
Será que só eu, como a Carolina do Chico, não vi?

Mas o que é ser Jovem? Não sou mais?
Tenho que confessar:
acho ótimo ser e me sentir jovem, cada vez mais, há mais tempo...

Há coisas que não faço mais, tenho que confessar.
Tenho tanta vontade de fazer...
Mas agora, correr tornou-se um pouco difícil...
Mas aquela sensação de tocar a campainha
e sair em disparada... Ah!!!
                                                         
O mundo cobra posturas,
falam de maturi-dade, serie-dade...
Mas isso, tem para mim, um jeito de uma outra “dade”
Uma “dade” que me assusta: a infelici-dade!

Não, não quero, não admito e não vou!
Na medida das minhas forças,
Não vou sucumbir a estas banali-dades...
Outra “ dade”? Chega!

Mas quando a vida parece me cobrar tristeza,
quero responder alegria!
Quando me impuser sofrimentos,
vou devolver gratidão!
Meus sonhos Minhas utopias! Meus valores!
Não vou permitir que os meus sonhos,
aparentemente derrotados, neste momento sombrio
que esta linda casa comum atravessa,
sucumbam às velhas lembranças.
A história é cíclica, ela sempre segue a mecânica do dia:
Amanhece, entardece e na noite morre, para renascer a cada manhã.
Duvidam?
Plantem uma semente...
Ela germina, cresce, floresce, dá frutos,
que quando caem,  parecem morrer, apodrecem!
Mas logo renascem, germinam em uma nova vida.

Não deixarei meus sonhos desanimarem,
Serão sonhos até que despertem!
Diz o poeta que sonhos, não envelhecem... eu confio nele!

Volto à velha foto,
Comparo aquele tempo com o meu agora,
Urge despertar para a realidade.
A esperança, teimosa e insistente.
A Fé um pouco machucada ainda resiste.
Porque então, não festejar?
Já não importam as dores nas costas,
o joelho que reclama,
os caminhos que insistem em parecer mais longos.
Nada, nenhuma destas armadilhas vai me impedir de ser grato.
Gratidão é o meu mantra.
Tenho algumas decisões e mudanças para fazer, e farei.
Recuperar a simplicidade, investir um pouco mais na espiritualidade.
Reservar mais tempo para ficar em silêncio e,  
poder ouvir os conselhos, o que diz o próprio Deus.
Conversar com ele, me tornar mais íntimo...
Ele e sua companheira, a esperança,
teimosa e insistente, me diz:
não esqueça, o rio, só para de correr, se o represam,
Seu fluxo é continuo, lento e uniforme.
Não caia na sedução de apressá-lo, muito menos detê-lo.
veja como contorna obstáculos,
como insistentemente molda e suaviza as arestas,
Do que tenta lhe impedir a passagem.  
Ele sempre corre sozinho, jamais perde a esperança,
ele mais do que crer,
ele sabe que seu destino é a imensidão do mar.
Tal como a vida.