O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

25 de março de 2013

Um Papa fora do comum



" Jesus é Deus, mas desceu a caminhar conosco como nosso amigo, como nosso irmão; e aqui nos ilumina ao longo do caminho. E assim hoje O acolhemos. E aqui temos a primeira palavra que vos queria dizer: alegria! Nunca sejais homens e mulheres tristes: um cristão não o pode ser jamais! Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa alegria não nasce do facto de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, que está no meio de nós; nasce do facto de sabermos que, com Ele, nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis… e há tantos! "
(Papa Francisco)


Demorei para me decidir a escrever sobre o novo papa Francisco. Confesso que fiquei com os dois pés atrás, mas há mais de 40 anos não se via um papa assim, tão humano e tão despojado dos vícios da corte. Mas agora depois de uma série de eventos e situações bastante esclarecedoras, que me fizeram querer acreditar e empenhar nele aposta de esperança e de mudanças.
Desde que chegou o Papa Francisco tem nos feito reacender uma esperança que a ,maioria de nós já tinha guardado na prateleira mais alta, junto com aqueles sonhos que vão ficar para uma outra vida...
Por é, ele faz o que  sempre imaginei ser o certo, pensa e diz aquilo que eu sempre repeti. É uma figura carismática ( sem ter nada com a RCC) e parece que está disposto a fazer correções imprescindíveis no curso da história da igreja. Ele fala nos pobres, celebra para  jardineiros e serventes, senta-se junto deles, escolhe o lugar na ultima fila da igreja, rejeita o trono...  
Sei que posso levar uma grande rasteira, as coisas certamente podem mudar mas tenho uma certeza estranha  de que Francisco  já está engajado em nosso meio, sabe todos os nossos defeitos, não acredito que possa ser um ator a este ponto. 
A favor dele falam nomes de muita responsabilidade: Boff, Betto, Casaldáliga, Esquivel, Dom Cláudio seu cabo eleitoral e mentor da escolha do nome Francisco.
Chico, Papa Chico !
Que ele tome para si a tarefa de um outro Francisco que muito lutou para atender ao pedido de seu Pai -Jesus. Morreu triste e de certa forma frustrado por ter escrito e reescrito sua regra e ter que ao final aprovar uma regra que não era a que queria, e mais ainda, por terem obrigado a que assumisse o diaconato.
Acho que ambos, o de Assis e o de Buenos Aires, tem em sua frente uma missão de grande envergadura :  reconstruir uma igreja em ruínas.

 Que o Espírito Santo o conduza como o conduziu ao Papado.

24 de março de 2013

24 de Março: 33 anos sem São Oscar Romero

SÃO ROMERO DA AMÉRICA

..

"Tenho sido freqüentemente ameaçado de morte.
Devo dizer a eles que, como cristão,
não creio na morte sem ressurreição:
se me matarem, ressuscitarei no povo salvadorenho".
(Dom Óscar A. Romero)


Na homilia de 11 de novembro de 1977, Monsenhor Romero afirmou:

"a missão da Igreja é identificar-se com os pobres.

Assim a Igreja encontra sua salvação."

Óscar Romero foi assassinado em 24 de março 1980 por um atirador de elite do exército salvadorenho, treinado nas Escola das Américas, enquanto celebrava a missa.

Sua morte provocou uma onda de protestos em todo o mundo e pressões internacionais

por reformas em El Salvador.

Foi declarado servo de Deus pelo Papa João Paulo II.




Na Galeria dos mártires do século XX da Abadia deWestminster: Madre Elisabeth da Rússia, 
o Rev. Martin Luther King, 
o Arcebispo Óscar Romero 
e o Pastor Dietrich Bonhoeffer


SÃO ROMERO DE AMÉRICA PASTOR E MÁRTIR
O anjo do Senhor anunciou na véspera...
O coração de El Salvador marcava
24 de março e de agonia
Tu ofertavas o Pão, o Corpo Vivo
o triturado Corpo de teu Povo:
Seu derramado Sangue vitorioso
O sangue "campesino" de teu Povo em massacre
que há de tingir em vinhos e alegria a Aurora conjurada!
E soubeste beber o duplo cálice
do Altar e do Povo,
com uma só mão consagrada ao Serviço.
O anjo do Senhor anunciou na véspera
e o verbo se fez morte, outra vez, em tua morte.
Como se faz morte, cada dia, na carne desnuda de teu Povo.
E se fez vida Nova
Em nossa velha Igreja!
Estamos outra vez em pé de Testemunho,
São Romero de América, pastor e mártir nosso!
Romero de uma Paz quase impossível, nesta Terra em guerra.
Romero em roxa flor morada da Esperança incólume de todo Continente
Romero desta Páscoa latino-americana.
Pobre pastor glorioso,
assassinado a soldo, a dólar, a divisa.
Como Jesus, por ordem de Império.
Pobre pastor glorioso, abandonado
por teus próprios irmãos de Báculo e de Mesa.


(As Cúrias não podiam entender-te:
Nenhuma Sinagoga bem montada pode entender a Cristo)
(Poema "São Romero de América" de Dom Pedro Casaldáliga, 
bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia).

5 de março de 2013

Os 42 anos mais sórdidos do catolicismo


Teólogo revela como os papas Ratzinger e Wojtyla reintroduziram a Inquisição, perseguiram divergentes e tornaram quase impossível a renovação da Igreja.

Entrevista a Amy Goodman e Juan Gonzalez, no DemocracyNow

Desde que o Papa Bento XVI formalmente se retirou, na quinta-feira, as especulações passaram a ser sobre quem vai substitui-lo. Na quarta, Bento deu um adeus emotivo em sua última audiência geral, dizendo que compreendia a gravidade de sua decisão de tornar-se o primeiro pontífice a renunciar, em um período de cerca de 600 anos. Com 85 anos de idade, apontou sua saúde frágil como razão para a partida. Dirigindo-se a cerca de 150 mil fiéis na Praça de São Pedro, disse que está renunciando pelo bem da Igreja.

O mandato do papa Bento foi marcado por muitos escândalos, talvez mais notadamente por sua postura diante dos abusos sexuais. Há alegações de que ignorou ao menos um caso assim, quando era cardeal. Documentos mostram que, em 1985, o estão cardeal Ratzinger adiou esforços para afastar um padre condenado por abusar de crianças.

Enquanto isso, Bento supervisionou, no ano passado, uma sentença do Vaticano segundo a qual o maior e mais influente grupo de freiras católicas norte-americanas sofria “sérios problemas doutrinários”, por ter questionado os ensinamentos da Igreja sobre pontos como homossexualidade e a proibição das mulheres exercerem o sacerdócio. Mais recentemente, novas fontes italianas revelam que três cardeais foram investigados por terem vazado documentos que mostram a corrupção sem limites nos postos do Vaticano.

Para saber mais, fomos a San Francisco, onde entrevistamos o teólogo Matthew Fox. Ele é autor de mais de vinte livros, o mais recente dos quais é The Pope’s War: Why Ratzinger’s Secret Crusade Has Imperiled the Church and How It Can Be Saved (tradução livre: A guerra do Papa: Por que a cruzada secreta de Ratzinger ameaçou a Igreja e como ela pode ser salva). Fox é um ex-padre católico, que foi primeiro impedido de ensinar a Teologia da Libertação e Espiritualidade da Criação pelo então cardeal Ratzinger. Mais tarde, foi expulso pela Ordem Dominicana, à qual pertenceu por 34 anos. Hoje é padre na Igreja Episcopal. Eis sua entrevista:

Amy Goodman: Bem vindo ao Democracy Now! Você pode começar respondendo sobre a renúncia do Papa e seu significado?

Matthew Fox:
 Obrigado. Eu realmente aprecio o jornalismo de vocês. Ele significa muito, para muitos de nós.

Penso que eu vou acreditar na palavra do Papa, quando ele diz que está cansado. Eu estaria cansado também, se tivesse deixado atrás de meu mandato tanta devastação, como ele fez, primeiro como inquisidor-geral durante o papado anterior. Bento trouxe de volta a Inquisição. É verdade que fui um dos teólogos expulsos por ele, mas relaciono outros 104 em meu livro, e a lista continua crescendo. É assim que a História vai lembrar deste homem: como quem trouxe a Inquisição de volta, o que é o completo oposto do espírito e dos ensinamentos do Segundo Conselho do Vaticano. Portanto, acredito realmente que o papa está deixando seu posto porque não o suporta mais.

O Vaticano tornou-se um ninho de serpentes. Como teólogo, vejo o trabalho do Espírito Santo em tudo isso. A Igreja Católica como a conhecemos, a estrutura do Vaticano, está obsoleta. Estamos nos movendo para além dela. O que está ocorrendo é doentio e me refiro, por exemplo, à proteção dos padres pedófilos. Você pode ver este fenômeno em muitos lugares: com o cardeal Mahony em Los Angeles; o cardeal escocês que acaba de renunciar; o cardeal Law, que foi elevado após ter saído de Boston, promovido para dirigir uma basílica do século 4, em Roma; e o próprio papa, segundo informações recentes.

Estamos tomando conhecimento das coisas horríveis que ocorreram em uma escola para surdos em Milwaukee, onde mais de 200 garotos, garotos surdos, foram abusados por um padre, e Ratzinger sabia disso. O padre Maciel, que era tão próximo do último papa que o levou para passeios de avião, abusou de 20 seminaristas; tinha duas esposas e abusou de quatro de seus próprios filhos. Ratzinger soube sobre esse caso por dez anos. Os documentos estavam em sua mesa, e ele não fez nada até 2005.

A história e a bajulação dos papas, que chamo de papolatria, não vão encobrir os fatos. Foram os 42 anos mais sórdidos do catolicismo, desde o Borgias. Acho que é algo realmente relacionado ao fim dessa Igreja, como a conhecemos. Acredito que o protestantismo também necessita de um reinício. Acho que o cristianismo pode voltar mais atrás, e se aproximar dos ensinamentos de Jesus, um revolucionário do amor e da justiça. É disso que se trata. E é por isso que tem havido uma resistência tão feroz, na ala direita.

A própria CIA esteve envolvida, especialmente com o papa João Paulo II, no esmagamento da Teologia da Libertação em toda a América do Sul, substituindo líderes heroicos, inclusive bispos e cardeais, por integrantes da Opus Dei, uma organização fascista. Tudo reduziu-se a uma questão de obediência: não se trata de ideias ou teologia. Eles não produziram um teólogo em 40 anos. Produziram advogados canônicos e pessoas que se infiltram onde o poder está: na mídia, na Suprema Corte, no FBI, na CIA e nas finanças, especialmente na Europa.

Juan González: Em alguns de seus escritos, você sustenta que, no fundo, os dois últimos papas – Bento XVI e João Paulo II – lideram um cisma e que, na realidade, agiram para burlar as decisões do Concílio Vaticano 2º. Você poderia detalhar este movimento histórico?


Matthew Fox: O papa João XXIII convocou o concílio no começo dos anos 1960. O encontro reuniu todos os bispos do mundo e todos os teólogos, muitos dos quais haviam vivido sob fogo no papado anterior, de Pio XII. Foi certamente um movimento de reforma. Inspirou os mais pobres, especialmente na América do Sul. Depois deste concílio, o movimento da Teologia da Libertação e a opção preferencial pelos pobres decolaram, criaram comunidades de base. Eram um novo jeito de fazer a Igreja, onde todos tinham voz, não apenas as pessoas no altar.

Esta aproximação não-hierárquica ao cristianismo e ao culto, muito mais horizontal e circular, foi uma grande ameaça a certas pessoas em Roma – ameaçou ainda mais à CIA. Dois meses depois de elito, o presidente Ronald Reagan convocou uma reunião de seu Conselho Nacional de Segurança em Santa Fé, Novo México, para discutir um ponto específico: como destruir a Teologia da Libertação na América Latina. Concluíram que não poderiam destruir a Igreja, mas conseguiriam dividi-la. Foram ao papa. Deram imensas somas de dinheiro ao sindicato Solidariedade, na Polônia, ao qual ele estava ligado. E em troca, conseguiram permissão ou – se você prefere assim – o compromisso do papado em destruir a Teologia da Libertação.

Isso está muito documentado. Por exemplo, por Carl Bernstein, num artigo de capa da revista Time, onde ele cria algo como uma hagiografia de Reagan e do papa juntos. Bernstein foi muito ingênuo sobre o que realmente estava acontecendo na própria Igreja. Parte importante do Concílio Vaticano 2º era declarar a liberdade de consciência, considerá-la um direito de todos os cristãos. Tudo isso foi destruído pelo papa João Paulo II e pelo cardeal Ratzinger.

As reformas do Concílio Vaticano 2º estavam se concretizando. Falo de um cisma porque, na tradição católica, um Concílio é superior a um papa. Mas nos últimos 42 anos, os dois últimos papados foram desfazendo todos os valores que o Vaticano 2º sustentou. É isso que as freiras estão sofrendo agora. Assim como o Vaticano atacou 105 teólogos, agora acusa as freiras de, digamos, não participar da Inquisição. E Deus abençoe essas freiras, as Nuns on the Bus. Muitos de nós as conhecemos porque elas têm estado nas linhas de frente, sustentando os valores do Vaticano 2º, especialmente os de justiça e paz, e trabalhando com os marginalizados.

Amy Goodman: Matthew Fox, por que você foi expulso da Igreja Católica? Você diz que é por causa da Teologia da Libertação. Explique.


Matthew Fox: Bem, primeiro eu fui silenciado por 14 anos, por Ratzinger. Em seguida, tive permissão para falar de novo e então, três anos depois, fui expulso. Mas ele construiu uma lista de reclamações. Primeira: eu seria um teólogo feminista. Não imaginava que este fato pudesse constituir uma heresia…

Número dois, eu chamava Deus de “Mãe”. Bem, provei que todos os místicos medievais chamavam Deus assim; e que a Bíblia também o faz, apesar de forma menos frequente.

Número três, eu prefiro a expressão “bênção original” a “pecado original”. Escrevi um livro chamado Original Blessing (Bênção Original, em inglês), no qual provo que nem Jesus, nem judeu algum, jamais ouviu falar de “pecado original”. Como você pode construir uma igreja, em nome de Jesus, a partir de um conceito que é do século 4 d.C.?

Sabe o que mais aconteceu no século 4, além da ideia do pecado original? Foi a conversão do Império Romano ao catolicismo. Se você passa a comandar um império, o pecado original é um ótimo dogma a difundir. Faz com que todos fiquem confusos sobre por que estão aqui. Nessa condição, é muito mais fácil colocá-los sob comando.

Acusaram-me por não condenar homossexuais, o que é claro que não faço. Obviamente Deus quer homossexuais, ou não haveria entre 8% e 10 % da população de todo o planeta com essa graça especial.

Disseram que trabalho muito perto dos índios norte-americanos. Bem, realmente trabalho com eles. Aprendi muito com os professores índios e seus rituais, tais como saunas, danças do sol, busca de visões. Não sei se isso é heresia também – eu não sei o que significa “trabalhar perto demais”.

Essas eram algumas das objeções. E realmente, nenhuma delas se sustentava. São testes de Rorschach sobre o que apavora o Vaticano. E acima de tudo, é claro, sobre mulheres e sexo. Essa é a agenda. Em qualquer situação onde há fundamentalismo e fascismo, existe controle. É por isso que o Vaticano, o Talibã e o pastor Pat Robertson têm algo em comum: estão todos apavorados com a possibilidade de trazer a divindade feminina de volta, e com isso, é claro, os direitos iguais para as mulheres.

Juan González: Além da pedofilia, que tem sacudido o Vaticano e toda a Igreja, há também os escândalos de corrupção no próprio Vaticano. Fala-se da denúncia produzida por um grupo de cardeais, que investigaram parte da corrupção mas não vão divulgar nada até o próximo papa ser nomeado. Você sabe quanto qualquer desses temas tem a ver com a renúncia de Bento XVI?

Matthew Fox: Tenho certeza que tiveram. Eu fui informado de que ele recebeu a denúncia, examinou-a e, seis horas depois, anunciou que estava renunciando. Pôs-se a salvo e encarregou o próximo papa de lidar com o tema. Penso ser muito claro que há uma conexão. Há muito mais nos bastidores do que a imprensa já anunciou, posso assegurar.

Quando Ratzinger fez-se papa, fui a Wittenberg e preguei as 95 Teses [de Martinho Lutero] na porta. Um ano e meio atrás, estava em Roma, e as traduzi para o latim – quer dizer, italiano, e entreguei-as para a basílica do cardeal Law numa manhã de domingo. Foi muito interessante. Um homem de 40 anos de idade veio a mim, um romano. Ele me disse, muito simplesmente: “Eu costumava me dizer um católico. Agora, só me chamo de cristão”. Foi um golpe para mim. Logo embaixo do nariz do papa, italianos, também, estão começando a compreender a verdade, estamos em um ótimo momento histórico. Uma instituição ocidental de 1.800 anos está derretendo diante dos nossos olhos. É doloroso e feio. Por outro lado, é também um momento de avanço e para apertar o botão de reiniciar no cristianismo, retornando à mensagem realmente poderosa de Jesus e seus seguidores através dos séculos: os místicos e os profetas.

Susan Sontag define “fascismo” como violência institucionalizada. Os católicos têm passado por violência institucionalizada há 42 anos. Pergunte a qualquer um desses teólogos que foram afastados de seu trabalho. Alguns morreram de ataque cardíaco. Outros, na pobreza das ruas, porque não conseguiram arrumar emprego. Mas, é claro, fale com os jovens que foram abusados por padres e acobertados por Ratzinger, que “protegeu” a instituição às custas de cada uma dessas crianças.

Juan González: Vamos às especulações sobre quem vai ser o sucessor do papa Bento XVI, Fala-se muito sobre a possível escolha, pela primeira vez, de um papa do hemisfério sul. Você ve alguma possibilidade de mudança real e substantiva na política da Igreja, seja quem for seu sucessor?

Matthew Fox: É triste dizer isso, mas eu não acredito, porque todos os que vão votar foram nomeados com aprovação do Ratzinger. Pensam como ele. O emburrecimento da igreja veio com toda essa crise pedófila. Quando você não tem líderes inteligentes e com consciência por 42 anos, mas apenas gente que diz sim, não é possível responder de modo inteligente à crise que emerge quando se acha um pedófilo em seu meio. Há um arcebispo norte-americano – não vou nomeá-lo – que, vinte anos atrás, chorou na presença de um amigo meu e lhe disse: “Não há um único bispo nomeado nos últimos vinte anos que eu consiga respeitar”. Bem, agora nós podemos dizer 42 anos.

Por isso, francamente, poucos nomes me vêm à cabeça. Existe este na África, que por azar é um completo homofóbico, e está endossando todas as leis recentes de violência homofóbica na África. É o chefe da Comissão de Justiça e Paz no Vaticano. Seria de esperar que não chegasse tão longe. Existe o cardeal austríaco, que é dominicano e mostrou um pouquinho de independência uma ou duas vezes. Há esse O’Malley, de Boston, que é franciscano, e portanto não quer ser papa.

Fonte: Blog Outras Palavras. Tradução: Gabriela Leite


3 de março de 2013

A igreja católica tem novo papa. 76 anos, Jorge Mario Bergoglio

“É o Vaticano mais corrupto, desde os Bórgia”

Por Paul Jay x Matthew Fox


Novo papa nunca foi da Opus Dei (foi do movimento Comunione e Liberazione), mas...
Tradução pela equipe VIla Vudu
13/3/2013, Matthew Fox (ex-padre católico), entrevista, The Real News Network, TRNN
http://therealnews.com/t2/index.php?option=com_content&task=view&id=31&Itemid=74&jumival=9868
PAUL JAY, EDITOR SÊNIOR, TRNN: Bem-vindos à The Real News Network. Sou Paul Jay, em Baltimore.
A igreja católica tem novo papa. 76 anos, Jorge Mario Bergoglio, agora, Papa Francisco [eles só são numerados a partir do segundo. Como a 2ª. Guerra Mundial, que sempre se chamou “Grande Guerra” e só passou a ser 1ª., depois que começou a 2ª. (NTs)]. É o 266º pontíficie da Igreja Católica Romana. Também é o primeiro papa não europeu, em mais de mil anos.
Para discutir a significação dessa eleição, está Matthew Fox. Matthew é autor de mais de 30 livros sobre espiritualidade e cultura, dentre os quais The Pope's War, Original Blessing, Hildegard of Bingen, a Saint for Our Time e Christian Mystics. Matthew foi sacerdote católico. Agora é pastor episcopal e professor. Obrigado, Matthew, por nos receber.
MATTHEW FOX: Obrigado. É um prazer estar com você.
JAY: Para começar, por que nos interessamos tanto pelo novo papa? A rede CNN está ao vivo hoje, todo o dia – e acho que ontem também, e a coisa está na mídia global. E é sempre assim. É dia fraco, de noticiário, mas se não fosse, nada mudaria. A mídia não dá a mesma atenção a nenhuma outra igreja e, sinceramente, nós também não. Quero dizer... acho que estamos fazendo isso porque quero criticar a mídia. Não sei. Por que tanto alarido? Que significado e que poder tem o papa hoje?
FOX: Para começar, claro, ninguém faz melhor teatro que os italianos. Há a imagem dramática de São Pedro, o balcão e as cortinas de veludo entreabrindo-se e aquilo tudo. Ninguém faz melhor cenário, importantante, se o que se busca é o drama. Assim, aquelas imagens rendem excelentes imagens de televisão. Alguém que usa roupas esquisitas e, supostamente, representa 1,2 bilhão de pessoas que, de um modo ou de outro chamam-se “católicos”... É claro que o drama, o teatro, contam muito.
Mas acho que há também uma coisa mais profunda. Acho que as pessoas gostam de sentir que há alguma liderança espiritual em alguma parte, na nossa espécie humana. Ontem escrevi um artigo, publicado no Huffington Post, sobre por que o meu candidato a papa seria o Dalai Lama, porque acho que ele representa algum significado mais profundo de ser humano, a busca de compaixão... E acho que as pessoas gostariam de encontrar isso também num papa. Nem sempre acontece. O papa João 23, nos anos 60s, foi um homem raro. Mas... as pessoas gostam de ver, gostam de projetar alguma liderança em alguém. [fala cruzada]
JAY: Deixe-me perguntar... Não sei se você concorda, mas... Não lhe parece um pouco estranho – porque a mim parece... – Quero dizer, a mídia manifesta uma visão secular do mundo. Hoje, não se vê nem vestígio de algum tipo de gramática religiosa. No passado, tudo era enquadrado nessa gramática religiosa. Mas agora, é como se houvesse uma separação entre a mídia e as crenças religiosas. Conceitos como a infalibilidade do papa, a ideia de que Deus fala diretamente a ele... são ideias fortemente espirituais, que a mídia apresenta como se fossem fatos corriqueiros. Ninguém sequer questiona essas crenças.
FOX: É tudo é ‘sentimentalizado’ pela mídia, sem pensamento crítico. É uma das razões pelas quais gosto de falar com você. Para falar sobre significados mais profundos.
Mas há, sim, uma carência... Interessante: nas poucas palavras que disse, o papa Francisco usou uma expressão, algo sobre sermos todos irmãos, coisa assim. Veja, são tempos de globalização, o mundo é cada dia menor e temos o primeiro papa não europeu, em mais de mil anos [fala cruzada], o primeiro papa latino-americano. Há significados, aí, as coisas de deseuropeízam, até o papado. Mas, como você diz, nada é discutido em profundidde. Tudo isso é notícia durante um, dois dias, e, em seguida, a mídia muda de pauta.
JAY: (...) E qual é a influência que o papa teria sobre tantos milhões de pessoas – que me parece influência real. Antes, outra questão: quanto, nessa influência, tem a ver com o fato de que o Vaticano ainda é uma potência financeira, que acaba de nomear um presidente executivo, como qualquer grande e poderoso centro financeiro?
FOX: É verdade. E sabe-se que a situação financeira do Vaticano é escândalo à parte. É área a ser saneada, também, como o encombrimento de crimes de pedofilia, praticamente em termos tão graves quanto foram os crimes da Inquisição. Escrevi sobre isso em meu livro The Pope's War. Nos últimos 42 anos, com os dois últimos papas, a Inquisição voltou ao Vaticano.
A situação financeira é absolutamente escandalosa. Há cerca de um ano, o governo italiano proibiu o uso de cartões de crédito do Vaticano, não podiam ser usados em lugar algum, porque havia denúncias de lavagem de dinheiro, dentre outras. Aí não há novidade. A falta de transparência nas finanças do Vaticano é antiga.
E há também a questão dos reais laços que ligam o Vaticano à política mundial. Lembro, por exemplo, que, no governo Reagan, a CIA e o Vaticano do papa João Paulo II uniram-se para atacar a Teologia da Libertação das comunidades de base na América Latina e destruíram o movimento, e, afinal, substituíram aquela ação pela ação da Opus Dei, da Communion and Liberation [it. Comunione e Liberazione[1] (NTs)], todos esses grupos de extrema direita que pregam valores da extrema direita ou, se você preferir, pregam atitudes de poder, de dominação, de patriarcado, até de fascismo.
JAY: Você disse que há na igreja uma nova Inquisição?
FOX: Ah, sim. Mais de 105 teólogos – fui um deles – foram silenciados, expulsos ou perseguidos, caçados nos últimos 42 anos, nos papados de João Paulo II e Bento 16. E Bento 16 foi, é sabido, cabeça da Inquisição. Mudaram o nome, chamam de Congregação da Sagrada Doutrina da Fé, mas é a mesma organização que, antes, se conhecia como Inquisição. Bento 16 comandou o ataque contra nós, aqueles teólogos.
Podem-se listar os 105. Há, aliás, na lista, vários bons canadenses. Um deles morreu, de ataque cardíaco, quando fazia as malas para viajar a Roma e defender sua teologia, pela sexta vez, apesar de o Concílio Vaticano II afirmar que os teólogos seriam livres para pensar e que tinham garantida, como todos, o que se chama liberdade de consciência.
Isso foi o que realmente aconteceu nos últimos 42 anos, e acho que tivemos dois cismas, porque os padres e suas cúrias haviam realmente compreendido os ensinamentos do Vaticano II, que tratava de reformar a Igreja, oferecia pensamento novo, ligado ao evangelho dos valores da justiça social. Acabaram com tudo isso. O silêncio imposto àqueles 105 teólogos teve a ver com esse movimento.
Portanto, não cabe qualquer dúvida de que a Inquisição voltou. Espero, de todo coração, que o novo papa esteja alerta para esse retrocesso e consiga reverter esse processo.
JAY: E quanto ao novo papa, Bergoglio, papa Francisco. Qual o papel dele na América Latina? Sempre houve, na AL essa separação entre a Teologia da Libertação e os setores mais dominantes e hierárquicos da Igreja que, uns mais outros menos, trabalharam com vários ditadores ao longo do tempo. E claro que aconteceu na Argentina, como aconteceu com Pinochet. A Igreja tem pouco de que se orgulhar do papel que desempenhou, pelo menos a alta hierarquia da Igreja, no relacionamento com Pinochet. E quanto ao papa Francisco, em tudo isso? E o que representa?
FOX: Pelo que mostram minhas pesquisas, não teve ação corajosa contra a ditadura militar argentina, em 1983 e dali em diante, e foi muito criticado por isso. Também nunca apoiou os teólogos das comunidades de base. Pertenceu a um grupo chamado Comunione e Liberazione, muito fortemente direitista, que surgiu na Itália. Tem sido comparado à Opus Dei. Dizem que têm base laica, como diz também a Opus Dei, mas de fato são movimentos dirigidos por religiosos.
JAY: Expliquemos um pouco, às pessoas que não conhecem essas coisas. A Opus Dei – e corrija-me se estiver errado – é grupo que reúne a extrema direita da Igreja, em aliança com a extrema direita de vários grupos das elites governantes em vários países; e é uma espécie de grupo secreto, conspiracional, que sempre aparece associado a ações obscuras, quando não criminosas.
FOX: Bem, é verdade. Tenho um capítulo inteiro dedicado a esses grupos, em meu livro The Pope's War. E é assustador, porque são hoje membros muito destacados da Igreja Católica. Por toda a América Latina estão sendo nomeados cardiais e bispos ligados à Opus Dei e, agora, também na América do Norte. O padre Escrivá [Josemaría Escrivá de Balaguer], um padre fascista espanhol que fundou a Opus Dei, foi empurrado até a canonização, mais depressa que qualquer outro santo em toda a história [foi canonizado em 2002, por João Paulo II]. E todos os que se opunham a ele  – que viam o lado obscuro daquilo tudo, o sexismo, o fato de que várias vezes elogiou Hitler – vou repetir: Escrivá várias vezes elogiou Hitler. Agora, nos dizem que é santo. Não sei o que isso significa.
Sim, a Opus Dei tem, sim, de ser vigiada. E estão em toda parte. São muito fortes na imprensa-empresa nos EUA. São muito fortes na CIA e no FBI. O maior espião da história dos EUA, que entregou mais segredos que qualquer outro, que contribuiu para o assassinato do maior número de espiões norte-americanos de todos os tempos – hoje está na cadeia, acho que foi condenado à prisão perpétua, porque trabalhou livremente no FBI durante 20 anos, passando adiante quantidade descomunal de segredos da Agência... Bem, era homem que assistia à missa todos os dias. Durante o restante do dia, traía os EUA. Não há dúvidas de que a Opus Dei é assustadora [fala cruzada].
JAY: Você estava dizendo que o papa Francisco é membro de uma organização assemelhada à Opus Dei...
FOX: Não. Ele nunca foi membro da Opus Dei.
JAY: Uma organização semelhante?
FOX: Foi muito próximo da organização Comunione e Liberazione e, sim, são outra versão próxima da Opus Dei. A Opus Dei começou na Espanha. Comunione e Liberazione é grupo mais recente, começaram na Itália. São menos secretivos que a Opus Dei. Por isso, precisamente, se sabe que o papa Francisco esteve ligado ao movimento. A Opus Dei é mais secretiva, dificilmente se sabe quem é ou não é ligado a eles.
Mas, seja como for, espero que...
Sabe, não quero associá-lo exclusivamente à Comunione e Liberazione, mas não há dúvida de que foi parte da história pessoal do novo papa e é história que é preciso considerar cuidadosamente e criticamente.
JAY: Permita que eu leia uma frase de Sergio [rub@n], autor de um livro intitulado The Jesuit e que entrevistou o novo papa antes de ele ser papa. Ele diz o seguinte: “Bergoglio é progressista, teólogo da libertação? Não, não é. Não é absolutamente um sacerdote do Terceiro Mundo. Mas ele critica o Fundo Monetário Internacional e o neoliberalismo? Sim, critica. Passou grande parte de seu tempo nas favelas? Sim, passou.” Eis o que diz esse autor. O que tudo isso lhe diz?
FOX: É. Confirma tudo o que eu sei. Como homem, digamos, é visivelmente um homem simples, não é nem jamais foi carreirista. Contam que dispensou a limosine e demitiu o motorista. Vive vida simples. Anda, toma ônibus, usa o transporte público. Durante certo tempo, ia trabalhar de ônibus. Prepara a própria comida, num apartamento modesto, recusa-se a viver no [incompreensível] palácio onde sempre viveram os ‘grandes’ da Igreja. Tudo isso, parece, é bom sinal. Acho que é a mesma inspiração que o levou a adotar o nome de Francisco – que foi homem simples, humilde.
Interessante, o que diz o seu e-mail, que ele não é um bispo do Terceiro Mundo. Não é, mesmo. (...) Mas, na minha opinião, a questão mais importante é: quem o novo papa indicará como secretário de Estado? Porque esse é o cargo, esse é o trabalho que de fato faz acontecer e supervisiona tudo, na Curia. Terá de indicar alguém firme e que conheça o jogo. Veja... Esse papa jamais trabalhou no Vaticano, o que, por um lado, me parece fator positivo. Mas, por outro lado, é indispensável conhecer aquilo, conhecer os jogos, os jogadores, tudo aquilo. E é indispensável ser muito firme. Por isso, acho que temos de esperar para ver quem será secretário de Estado.
Os dois secretários de Estado foram criaturas das sombras. Posso contar algumas histórias sobre eles, se interessar. (...)
JAY: Voltaremos a esse assunto, mas infelizmente não temos tempo, hoje. Agora, para encerrar essa entrevista, queria que você falasse um pouco sobre a igreja da Teologia da Libertação na América Latina. Como fica a Igreja Católica em tudo isso. Com Hugo Chávez, por exemplo, recentemente falecido, a Igreja teve relação tumultuada. O que sobrou da Teologia da Libertação?
FOX: Bem... Pode-se dizer que vários dos presidentes de esquerda que hoje governam a América Latina nasceram no movimento da Teologia da Libertação, como [José Inácio Lula da] Silva, o grande ex-presidente do Brasil.
Há vários anos, quando tive de cumprir o voto de silencio de um ano, imposto pelo Cardeal Ratzinger, viajei ao Brasil para saber o que estaria acontecendo nas comunidades de base. E Leonardo Boff disse, naquela ocasião, que assistíamos a uma grande reunião com [Lula da] Silva, que eu prestasse atenção naquele homem, “Pode vir a ser o próximo presidente do Brasil”. Era ainda líder sindical. Tudo isso é parte de onde está, hoje, a Teologia da Libertação [fala cruzada].
Na verdade, se se conversa com eles hoje, o que me dizem é que “antes, servíamos à Igreja; agora, servimos à humanidade.” Acho que podem ter conseguido romper as barreiras do sistema exclusivamente eclesial e hoje veem não só a humanidade, mas acho que já veem também a crise geral da terra, do planeta, em que todos estamos. Entendo que já não estejam fechados, só, numa caixa rotulada “igreja”. (...) Essa é uma das razões pelas quais meu candidato a papa seria o Dalai Lama: aproximava-se logo ocidente e oriente.
JAY: E você sabe de como Bergoglio, agora o papa, como se posicionou em relação a essa deriva para a esquerda que se vê hoje na América Latina?
FOX: Sei que nunca se aproximou amigavelmente desses movimentos. Essa é uma das causas por que não se pode deixar de considerar suas relações com Comunione e Liberazione, mesmo que hoje já não existam, não sei. Esse grupo fez declarada oposição à Teologia da Libertação.
Houve outro cardeal jesuíta, de Milão, que morreu ano passado. No testamento, escreveu que a Igreja está 200 anos atrasada. E sempre combateu o grupo Comunione e Liberazione. É interessante, porque assim se vê que houve outro cardeal, também jesuíta, que não se desligou da tradição libertadora do Concílio Vaticano II e da Teologia da Libertação e que, ao morrer, ainda apoiava as comunidades de base e a teologia da libertação. Mas o novo papa, não. Sempre foi, pode-se dizer, mais moderado, mais de meio. (...)
JAY: Uma das questões a acompanhar, é se e o quanto o Vaticano cooperará com a CIA, dessa vez, na América Latina.
FOX: Ora... Sempre cooperou, no passado. Mas sempre houve grande frenesi na imprensa-empresa, como você bem disse. Tudo, na imprensa-empresa tende a ser ‘santificado’, a tudo aplicam um verniz sentimental. Quem sabe, talvez, acalmem-se e seja possível fazer alguma avaliação objetiva produtiva do que o novo papa venha a fazer. Não esqueçamos que, como disse Carl Jung, por traz de muito sentimentalismo sempre se oculta muita violência. Não basta ao papa ser ‘doce’. Teremos de acompanhar as ações e a filosofia efetiva que anima o novo papa, como temos de vê-las também em qualquer movimento e qualquer indivíduo que represente qualquer movimento. Sem projetar coisas demais sobre ele. O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente.
Nunca antes, na história, houve tanta e tal corrupção no Vaticano, que só se compara ao Vaticano dos Bórgias no século 16. Veremos se o novo papa conseguirá, ou não, limpar a casa. Mas, ao mesmo tempo, tampouco se deve investir muita energia nisso. Temos de investir nossa melhor energia em criar novas comunidades de base, numa nova versão da cristandade que realmente ecoe o saber dos Evangelhos. Essa é a questão que realmente importa.
JAY: OK. Na próxima entrevista, falaremos sobre isso.