O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

22 de fevereiro de 2011

"A bênção original". Um livro polêmico


 Entrevista com Matthew Fox
"Não um pecado original”, não uma humanidade caída, ferida e depois redimida por Jesus Cristo. Mas, um Deus criador panenteísta (presente em tudo e em todos). A morte como fato natural, parte do ciclo vital e não conseqüência do pecado de Adão. “A bênção originária” da criação prenuncia a Redenção. São as teses expressas no livro de Matthew Fox, intitulado precisamente Original Blessing (1) [Bênção original], que saiu nos EUA, em 2000 e agora é traduzido na Itália com o título In principio era la gioia [No princípio era a alegria]. Um texto no qual a tradição católica e apostólica se transmuda numa religiosidade sapiencial, feminista, ecológica, sensual, com forte veia vitalista e new age.
A entrevista é de Maria Antonietta Calabrò e publicada pelo jornal Corriere della Sera, 17-02-2011. A tradução é deBenno Dischenger.
Eis a entrevista.
Matthew Fox, o então cardeal Ratzinger “condenou” o seu livro como “perigoso e conduzindo em erro”. Qual tem sido sua reação à eleição a Papa de um “discípulo” de Agostinho, que o senhor acusa de estar na raiz da teologia negativa e pessimista do pecado?
Minha reação tem sido a de ir a Wittenberg, na Alemanha, durante o tempo de Pentecostes e afixar 95 teses na mesma porta onde Martinho Lutero havia afixado as suas. Pareceu-me particularmente apropriado porque Ratzinger foi o primeiro papa alemão em centenas de anos, mas principalmente por fazer ressaltar a profunda necessidade de uma reforma da Igreja  em nossos dias. Penso que minhas 95 teses indiquem a direção apropriada para a qual devamos mover-nos. Os eventos que aconteceram depois que ele foi feito Papa, incluindo o tsunami de revelações sobe a pedofilia dos padres e sobre a cobertura do escândalo da parte da Congregação para a doutrina da fé que ele guiava, indicam que minhas ações eram justificadas”.
O grande convertido inglês Chesterton exprime conceitos muito semelhantes aos de “Original Blessing”.  Mas, sustenta que a Igreja católica é o único “lugar onde todas as verdades se encontram”. Por que o senhor não está de acordo?
Chesterton era, de muitos modos, um celebrante da teologia da “bênção originária” ou da beleza e bondade originárias Em seu livro sobre Tomás de Aquino (que li como garoto e influenciou o meu desejo de me tornar frade dominicano) ele fala do “velho puritanismo agostiniano” e do pessimismo que o Aquinate combateu tão fortemente. Quanto à eclesiologia de Chesterton, o nosso conhecimento do mundo cresceu desde o início do século vinte, quando ele escrevia. E aprendemos do Concílio Vaticano II que o Espírito Santo trabalha através de todas as tradições. E que a Igreja institucional é semper reformanda. Chesterton escreveu que o diabo se encontra tanto na Igreja como no mundo”.
O Credo codificado em 325 no Concílio de Nicéia afirma: “Confesso um só batismo para o perdão dos pecados.
Este Credo fala da remissão dos pecados (no plural) e não da remissão de um só (o pecado original). O batismo dos adultos “re-limpava” as pessoas dos pecados do passado e os acolhia na nova vida em Cristo. O batismo dos neonatos os acolhe na comunidade dos fiéis no mundo e na plenitude de vida com Cristo. Opostamente à falsa caracterização feita por Ratzinger do meu livro, eu não nego o pecado original. Eu contesto o que nós entendemos com isto. A palavra “pecado” é muito problemática e não aparece em nenhuma parte na consciência hebraica (isto é, a de Jesus). Não é uma palavra bíblica.
O papa Wojtyla está para ser declarado beato: sua abordagem não era positiva, criativa, numa palavra, como diria ele, bendizente?
Há sérios questionamentos sobre esta beatificação. A começar pelo fato que defendeu a canonização de um homem violento como Escrivá, o fundador do Opus Dei.
E as multidões que o seguiram?
Não creio que o culto do papado ou grandes multidões falem necessariamente de renovação da Igreja. A papolatria não é uma virtude. Alguns escritos de João Paulo II são admiráveis, mas creio que a história mostrará que ele desenraizou aTeologia da Libertação e as comunidades de base na América Latina. Sem contar sua completa indiferença para com a coragem e a santidade de leigos e membros do clero, centenas dos quais foram torturados e assassinados na mesma América Latina para defender os pobres e proclamar a Boa Nova da Justiça de um modo concreto (Oscar Romero era apenas uma destas pessoas santas). Os encargos assinalados a uma hierarquia de extrema direita (frequentemente doOpus Dei); a recusa de honrar o princípio de colegialidade fixado pelo Concílio Vaticano II; o apoio ao padre Maciel, fundador da Legião de Cristo, mesmo depois que as revelações sobre sua pedofilia tinham sido tornadas públicas; o diminuir as mulheres, a recusa até de tomar em consideração o clero casado ou as mulheres padres, também quando os sacramentos são denegados a muitos pela falta de sacerdotes; o apoio a movimentos fanáticos de leigos que na realidade não são leigos, como Comunhão e Libertação, o Opus Dei e a Legião de Cristo; as denúncias profundamente homofóbicas; a restauração da Inquisição contrária ao ensinamento e ao espírito do Vaticano II: tudo isso não me faz exprimir admiração.
O senhor deixou a ordem dominicana durante o papado de Wojtyla...
Eu não deixei a Ordem dominicana, fui expulso. Lutei 12 anos para permanecer e tive o apoio de muitos dominicanos, sobretudo na Holanda. O Concílio Vaticano II era focalizado para a renovação da Igreja, mas a grande parte das declarações sobre isso foi negada durante os papados de Wojtyla e Ratzinger. Este é o motivo pelo qual muitos pensadores de Igreja que conhecem um pouco de história retêm que o atual pontificado e o precedente sejam cismáticos”.
Cismáticos?
Um papa e sua cúria (não importa quantas dezenas tenham sido feitas cardeais e quantos estejam ocupados em canonizar-se um ao outro) não superam um Concílio. No grande cisma do século XIV, no qual três pessoas reclamavam contemporaneamente o papado, foi o Concílio de Constança que destituiu todos os três papas e elegeu um novo. Penso que seja a época de um catolicismo pós-Vaticano, uma verdadeira cristandade católica. Talvez a Cidade do Vaticano tenha algo a aprender do Cairo. Seria preciso derrubar do trono os ditadores e repelir um sistema corrupto, tão distante dos ensinamentos do Evangelho. Penso que o próprio Jesus poderia novamente derrubar as mesas dos mercadores no templo, se ele viesse ao cenário eclesial corrente.
Transmite-se que no fim da vida Santo Tomás tenha dito: “Tudo o que escrevi é palha”. O senhor que  é autor de best-seller; subscreveria esta frase?
Como ávido leitor do Aquinate, estou feliz que seus trabalhos tenham sido salvos e que não tenham tido o fim da palha. Sua experiência mística, em cuja perspectiva havia visto todo o seu trabalho “como palha” em comparação com a luz de Deus, é uma experiência profunda sobre a qual devemos meditar. Todos os nossos esforços no mundo do trabalho, da vida familiar e da nossa cidadania parecem palha no grande esquema da história. Isto não significa que nós não estejamos aqui para trabalhar duro, divertir-nos e amar generosamente. Isto significa somente que somos meros instrumentos de um drama de 13,7 bilhões de anos que chamamos universo. Mas, não era da evolução cósmica que falava Tomás...
Nota da IHU On-Line:
1.- O título completo do original do livro é: Original Blessing: A Primer in Creation Spirituality Presented in Four Paths, Twenty-Six Themes, and Two Questions.


Consertando a Igreja quebrada

"Um sacerdócio casado mais abrangente, não restrito a alguns clérigos anglicanos descontentes, seria um passo gigantesco no resgate da confiança de muitíssimos católicos que estão observando, esperando, torcendo por uma renovação substancial daquilo que rapidamente está se tornando uma Igreja moribunda", propõe a teóloga norte-americana.
Phyllis Zagano é professora e pesquisadora na Universidade de Hofstra, Nova York, e autora de vários livros sobre o catolicismo. Seu livro Women & Catholicism [As mulheres e o catolicismo] será publicado pela Palgrave-Macmillan em 2011.). Ela leciona "Introdução às Religiões Ocidentais", "Misticismo e questão espiritual" e "História da Espiritualidade irlandesa".
O artigo foi publicado por National Catholic Reporter, 16-02-2011. A tradução é deWalter O. Schlupp.
Eis o artigo.
O que dói no coração é que ninguém no Vaticano parece saber juntar ponto com ponto. Por maior que seja o número de relatórios oficiais, de revelações na mídia, de visitas ad limina ou de memórias publicadas por bispos, a burocracia simplesmente não entende.
A Igreja irlandesa está à beira do colapso total. Um terço dos teólogos naAlemanha está pedindo reformas. A Igreja nos EUA sofre um escândalo por dia.
Estou farta disso. Você também. Conversemos, então.
Mas vamos estabelecer alguns parâmetros. Para começar, não penso que haja qualquer coisa errada no voto do celibato. Centenas de milhares de homens e mulheres têm vivido vidas contemplativas ou ativas dedicadas a Deus e à Igreja – o povo de Deus. Muitos/as têm vivido em instituições e ordens religiosas. Alguns e algumas têm vivido como eremitas ou virgens consagradas.
Depois existe o outro celibato, aquele exigido da maioria dos sacerdotes seculares e de todos os bispos na Igreja ocidental. Esse também não tem problema, até certo ponto. Muitos sacerdotes seculares não conseguem lidar com ele. Alguns são infantilizados por suas exigências.
Por que as coisas precisam ser desse jeito? Vamos supor que a rede dos apóstolos pesque 153 peixes. Na maioria, são leigos e leigas. Além disso, freiras e irmãs, monges e irmãos, eremitas, virgens e grande número de homens solteiros que integram o clero diocesano. Naturalmente alguns peixes apresentam defeito, estão em pedaços, mas o que se enxerga principalmente é a diversidade de vocações. Então, que há de errado com um padre casado?
Esta é a questão central nas queixas e em muitos escândalos. Qual ministro casado, qual esposa de ministro permitiria que algum esquisitão cultive relações com adolescentes? Ninguém. Você sabe disso. Eu sei disso.
As mães irlandesas deixaram de torcer que um filho se torne padre. Os teólogos alemães não se conformam mais com o declínio da fé e da prática. Americanos de uma costa a outra estão arquejando sob o peso das reportagens sobre rolos que não acabam mais.
Ultimamente os casos têm sido na Filadélfia (um superior de religiosos foi preso por transferir pederastas), Los Angeles (um padre liga para uma mulher de 61 anos de idade da qual ele abusou quando adolescente), Louisville (um dedo-duro alega retaliação) e sacerdotes vão para a cadeia ou tendem para a mesma em Albany e em outros lugares do mundo.
Naturalmente também há as alegações de encrencas financeiras em Milwaukee, processos judiciais contra o atual e antigos arcebispos de Filadélfia e as memórias de tantos católicos comuns, que sempre voltam à mente. Algumas destas vieram à baila na hora do almoço esta semana: o professor-sacerdote em Phoenix, conhecido pelos meninos por suas apalpadelas, e o padre-professor em Nova York que dava nota máxima aos jogadores de futebol americano enquanto lhe dessem o que ele queria.
Tanto faz quantas vezes as histórias são contadas: cada repetição é embaraçosa e incrível. Elas simplesmente não acabam.
Esta é uma das minhas: indo de ônibus para meu primeiro dia no colégio católico, colegas do segundo ano alertaram as novatas sobre o Padre Mott, que "gostava" de garotas adolescentes.
Anos depois a diocese entrou em acordo com algumas delas. Isto não me sai da cabeça. Se cada garota no ônibus sabia, como é que o bispo não sabia? E se o bispo sabia – e eu suspeito que ele tenha sabido – por que ele não tomou providência alguma?
Anos atrás mencionei isto para um religioso graúdo, da geração de Mott. “Oh, ho, ho,Jack Mott velho sacana", riu. Isto também não consigo esquecer.
Você também tem suas histórias. As memórias se juntam à goteira constante e enjoativa. Qual é a próxima? Outro caso da Holanda? Outro processo na Bélgica? Outra carta da Cúria, de trinta anos atrás, varrendo as coisas para debaixo do tapete?
Esses teólogos alemães e centenas de outros que se juntaram a eles têm um monte de itens em sua agenda de reforma. Alguns são fáceis. Outros, difíceis.
Tomemos um fácil: padres casados.
Um sacerdócio casado mais abrangente, não restrito a alguns clérigos anglicanos descontentes, seria um passo gigantesco no resgate da confiança de muitíssimos católicos que estão observando, esperando, torcendo por uma renovação substancial daquilo que rapidamente está se tornando uma Igreja moribunda.
Os detalhes são problema? Então comecemos ordenando homens casados que tenham ou possam conseguir empregos de tempo integral, como capelães militares ou de hospital, como docentes e professores, assistentes sociais e juristas do direito canônico. Desta forma nada muda – e tudo muda.
Não é tão difícil. Tudo se reduz a conseguir que a burocracia, e por extensão o grande número de padres celibatários malformados mundo afora, amadureçam.

Luke Tobin, Sênior em Loreto [Convent College], frequentemente comentava ter ouvido dois bispos voltando do cafezinho durante o Concílio Vaticano II, onde ela fora observadora.
"Ora, eles querem se casar?", dizia um conciliar ao outro, "Que deixem eles ter suas esposas a seu lado."
Isto precisa acabar. Enquanto o carro da Igreja segue corcoveando pela estrada, todos a bordo sofrem de enjôo com os buracos e a fumaça.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40847

Religião, não; Cristianismo, sim


                                 


Um dos pesadelos do catolicismo romano é que são abundantes os crentes em Deus e em Jesus Cristo – Hans Küng, por exemplo – e que não obstante negam a Igreja como estrutura, hierarquia ou autoridade em matéria de costumes (moral). Contudo, a atitude eclesial oficial foi menos temerosa daqueles que negam a religião ou as religiões, mas afirmam os valores do cristianismo, e particularmente do catolicismo, como fundamentos do mundo moderno e contemporâneo.

A reportagem é de Javier Morán e está publicada no jornal espanhol La Nueva España, 20-02-2011. A tradução é do Cepat.
A escritora Oriana Fallaci morreu, em 2006, exaltando Bento XVI pelo que representava na defesa dos valores católicos europeus. A uma órbita similar, ainda que menos complacente com o Pontífice, pertence o filósofo italiano Gianni Vattimo, representante da pós-modernidade nos anos 1980, criador do conceito “pensamento fraco”, e há anos alinhado com o “ateísmo católico”, representado também na Espanha pelo filósofo Gustavo Bueno, ainda que com modulações próprias em seus trabalhosA fé do ateu ou Deus salve a razão.
Vattimo debate com o antropólogo francês René Girard no recente livro Verdade ou fé fraca? (Editorial Paidós), no qual o pensador italiano cita a célebre frase do teólogo protestante Dietrich Bonhoeffer: “Ele escrevia que um Deus que ‘existe’ não existe, porque Deus não é um objeto, nem sua existência pode ser artigo de fé”.
Vattimo acrescenta em outro ponto da obra que, portanto, “a missão ecumênica do Cristianismo” consiste em “se despojar das pretendidas declarações metafísicas, de definir a natureza humana, ou dizer como Deus é feito”. Este desafio de um Cristianismo sem metafísica é o que o teólogo espanhol José Ignacio González Fausdefine como a necessidade de “deshelenizar” a fé cristã, a qual desde muito cedo se fundiu com os conceitos da filosofia grega, graças a influências como a de Filão de Alexandria.
Contudo, essa fé helenizada e introduzida nas categorias racionais que foram a base do Ocidente é um dos processos mais louvados por Bento XVI, como mostrou no famoso discurso de Regensburg, em 2006: “Agir contra a razão está em contradição com a natureza de Deus”.
Não obstante, Vattimo aceita um papel contraditório da religião: “Me defino como cristão porque creio que o Cristianismo é mais verdadeiro que todas as outras religiões, precisamente porque em certo sentido não é uma religião”. Isso se explica porque “Jesus Cristo me libertou da crença em ídolos, nas divindades e nas leis naturais”.
O Critianismo como “religião que é a saída da religião” é uma ideia que funde suas raízes em Max Weber, recorda Pierpaolo Antonello na introdução ao livro deVattimo e Girard. “A secularização (e o laicismo) são substancialmente produtos do Cristianismo”, acrescenta, e o processo que o explica é que “a morte de Deus é encarnação, kenosis: um enfraquecimento de sua potência transcendental que nos levou historicamente à conseguinte desestruturação de todas as verdades ontológicas que caracterizaram a história e o pensamento humanos”.
Afora suas raízes filosóficas em Nietzsche (filósofo ao qual Vattimo dedicou grande parte de suas indagações), a “morte de Deus” se popularizou em 1965, quando a revista Time publicou uma capa com a pergunta “Deus está morto?” e a reportagem “Ateísmo cristão. O movimento ‘Deus está morto’”. A teologia protestante americana sobre a “morte de Deus” foi efêmera e sensacionalista, própria da cultura popular.
Contudo, Vattimo fez fortuna com colocações sobre a religião como esta: “Nenhuma prova natural de Deus, mas só caridade e certamente a ética”, o que matiza no citado livro com que “sempre digo que a ética é simplesmente a caridade, mais as leis de trânsito. Respeito as leis de trânsito porque não quero matar meu próximo, e porque devo amá-lo. Mas crer que passar no sinal vermelho seja algo não natural é ridículo”.
Este marco ético cristão do amor e da caridade leva, assim mesmo, Vattimo a rechaçar a regulação moral da Igreja católica em certas matérias. Em uma recenteentrevista publicada no El País, o pensador italiano se revolvia contra a “tradição repressiva e familiarista” da Igreja, que “tradicionalmente se baseou na repressão: fazemos um pouco de caridade ou um pouco de amor?”. Vattimo se perguntava, finalmente: “O Papa precisa pregar sobre o uso dos preservativos? Não”.
Salvo nessas partes, o filósofo da pós-modernidade compartilha o pressuposto de que “a democracia, o livre mercado, os direitos civis e a liberdade individual foram facilitados pela cultura cristã”, como destaca Antonello na citada introdução ao livroVerdade ou fé fraca?. Além disso, o que já não é pouco, Vattimo comenta: “Graças a Deus, sou ateu”.
Fonte:
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40842