Uma reflexão para esse nosso tempo baseada no Apocalipse de João
No centro está o cordeiro.
O livro do Apocalipse nos indica e descreve a perversão das
faculdades e das qualidades humanas. É sem dúvida um livro riquíssimo por seu
conteúdo simbólico.
Na verdade ele descreve muito mais que os quatro vivente /cavaleiros diferentes, que são na verdade eventos diferentes que marcam a ação do Anticristo ( o predomínio do EGO) na terra, ou ainda os quatro estados involutivos da humanidade. Pode ser visto também como as quatro possibilidades de crescimento ou, se estas forem negadas e/ou rejeitadas, as quatro degenerações da humanidade.
Na verdade ele descreve muito mais que os quatro vivente /cavaleiros diferentes, que são na verdade eventos diferentes que marcam a ação do Anticristo ( o predomínio do EGO) na terra, ou ainda os quatro estados involutivos da humanidade. Pode ser visto também como as quatro possibilidades de crescimento ou, se estas forem negadas e/ou rejeitadas, as quatro degenerações da humanidade.
Os quatro viventes
/os quatro cavaleiros.
O cavaleiro esbranquiçado ( Ap 6,2)
“Olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele tinha um arco;
e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vencendo, e para vencer.”
– Á águia, a intuição, a Paz
Sua missão é iludir o mundo quanto a sua natureza perversa, a falsa Paz.
O Cavaleiro avermelhado (Ap
6,3-4)
Quando ele abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizer: Vem!
Quando ele abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizer: Vem!
E saiu outro cavalo, um cavalo vermelho; e ao que estava montado
nele foi dado que tirasse a paz da terra, de modo que os homens se matassem uns
aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.
– o Leão, o sentimento, a guerra
– o Leão, o sentimento, a guerra
Sua missão é trazer a Guerra, acabar com a falsa Paz.
O cavaleiro preto (Ap 6,5-6)
Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizer: Vem! E olhei, e eis um cavalo preto; e o que estava montado nele tinha uma balança na mão.
Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizer: Vem! E olhei, e eis um cavalo preto; e o que estava montado nele tinha uma balança na mão.
E ouvi como que uma voz no meio dos quatro seres viventes, que
dizia: Um queniz de trigo por um denário, e três quenizes de cevada por um
denário; e não danifiques o azeite e o vinho.
– o touro, a sensação, a fome
Sua missão é trazer a fome e a escassez para a humanidade no pós guerra .
O cavaleiro amarelo/esverdeado ( Ap 6,7-8)
Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser
vivente dizer: Vem!
Olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava montado nele chamava-se Morte; e o hades seguia com ele; e foi-lhe dada autoridade sobre a quarta parte da terra, para matar com a espada, e com a fome, e com a peste, e com as feras da terra.
Olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava montado nele chamava-se Morte; e o hades seguia com ele; e foi-lhe dada autoridade sobre a quarta parte da terra, para matar com a espada, e com a fome, e com a peste, e com as feras da terra.
o ser humano, a razão, a morte
A este cavaleiro foi dado poder sobre a quarta parte do
mundo, ou poder matar pela espada. Um período de grande privação para a
humanidade.
Um ser de boa saúde é alguém que integra as 4 funções. A doença ocorre quando uma delas é esquecida,
rejeitada, ou não as integra o que dará nascimento á SOMBRA.
Rodeado pelos 4 viventes está o cordeiro, os viventes: a águia. o leão, o touro e o ser humano lhe prestam adoração. O cordeiro na realidade é o amor, ele está no centro da cena como vemos no apocalipse e ele é a forma invencível da energia criadora, o humilde amor.
Quando integrados, os quatro vivente manifestados, ou as suas qualidades, as quatro funções: intuição, sentimento, sensação e razão, integram o Eu ao self, são o símbolo do poder individual.
Quando as quatro funções, não estão orientadas desta maneira, não estão a serviço do amor, os quatro viventes se transformam nos quatro cavaleiros do Apocalipse que vão semear o pânico e destruição no mundo.
Quando a intuição não está voltada para o SER , ela se torna vontade de poder, o cavaleiro esbranquiçado.
No lugar do cordeiro está então o Dragão do Ego, o Eu separado do Self. A vontade de dominar. A intuição deixa de ser usada para iluminar o ser humano, e passa a manipulá-lo. É o poder do dragão.
O dragão então pode tomar posse da nossa afetividade e transformá-la em possessividade, ciúme e domínio do outro e de suas posses materiais. Surge então o cavaleiro vermelho ou, cavaleiro avermelhado, que simboliza a guerra, o desejo de possuir e dominar, de se apropriar do que é do outro.
O crescer da guerra, gera a fome, o cavaleiro negro.
O cavaleiro Negro simboliza a vontade de consumir, com compulsão, o que gera o consumismo. Consumir tudo, inclusive o outro, a terra e tudo que há, até o esgotamento.
O vivente indica a importância de comungar, o cavaleiro exige consumir.
Consumir ou comungar
são as duas formas de viver que nos levam ao inferno ou ao paraíso.
O Paraíso é exatamente a comunhão co
O Paraíso é exatamente a comunhão co
m o Ser e com todos os seres. O inferno é a consumação e o
esgotamento do Eu, de tudo e de todos.
A necessidade de consumir advém da ausência, da falta de intimidade com a presença que nos habita,
a falta de atenção para com “Aquele que É em nós”.
É preciso aprender a desejar aquilo que se tem e o que se é, quando o mundo a nossa volta nos convida justamente o contrário, ou seja, desejar o que não se tem e o que não se é.
É preciso aprender a desejar aquilo que se tem e o que se é, quando o mundo a nossa volta nos convida justamente o contrário, ou seja, desejar o que não se tem e o que não se é.
A vontade de poder, da possessão, de consumir conduz à
destruição do mundo.
O último cavaleiro é o cavaleiro esverdeado, a cor da
decomposição após a morte.
Quando a razão não é utilizada para iluminar, esclarecer e compreender ela se torna elemento de separação, dissecção e chegamos à dissolução do mundo.
A desagregação é o oposto da integração, a análise em oposição à síntese.
Quando a razão não é utilizada para iluminar, esclarecer e compreender ela se torna elemento de separação, dissecção e chegamos à dissolução do mundo.
A desagregação é o oposto da integração, a análise em oposição à síntese.
O Apocalipse pode ser tomado como uma descrição do mundo em
que vivemos, o mundo em que nos encontramos. O que reina sobre nós e o poder do
dragão, o poder do Ego que quer dominar e ser servido.
A águia, o touro, o leão e o ser humano em nós devem servir ao cordeiro, que é o “EU SOU” em nós. Quando isso acontece, a individuação segundo Jung se faz.
Quando isso não acontece quem é servido é o dragão, e quem está sendo servido é o EGO, não há crescimento nem evolução, porque o consumismo não proporciona isso, somente a consumação ou extinção.
A águia, o touro, o leão e o ser humano em nós devem servir ao cordeiro, que é o “EU SOU” em nós. Quando isso acontece, a individuação segundo Jung se faz.
Quando isso não acontece quem é servido é o dragão, e quem está sendo servido é o EGO, não há crescimento nem evolução, porque o consumismo não proporciona isso, somente a consumação ou extinção.
O cordeiro no Apocalipse está ferido. Em um salmo de Davi
lê-se sobre o cordeiro que ele estava ferido e desfigurado, mas não abriu a
boca. Mas não o fez por omissão ou por medo, mas por ter a consciência de que
estava se doando se oferecendo para o todo e para todos.
No Apocalipse o cordeiro degolado,
permanece de pé.
Não somos chamados a ser cordeiros subjugados, embora feridos, devemos permanecer de pé. Esse é o paradoxo do amor.
Quanto maior for essa qualidade em nós, mais nos ferirão aqueles que estão á nossa volta que estão a serviço do Dragão, submissos ao Ego.
Permanecer de pé, vulneráveis, mas invencíveis, guerreiros na luta pela Paz, orientados pelo amor é a única trilha que nos conduzirá à vitória, à individuação, à integração de nossa sombra, à vitória sobre o Ego.
Baseado no livro "O Apocalipse de João" traduzido e comentado por Jean Yves Leloup
Não somos chamados a ser cordeiros subjugados, embora feridos, devemos permanecer de pé. Esse é o paradoxo do amor.
Quanto maior for essa qualidade em nós, mais nos ferirão aqueles que estão á nossa volta que estão a serviço do Dragão, submissos ao Ego.
Permanecer de pé, vulneráveis, mas invencíveis, guerreiros na luta pela Paz, orientados pelo amor é a única trilha que nos conduzirá à vitória, à individuação, à integração de nossa sombra, à vitória sobre o Ego.
Baseado no livro "O Apocalipse de João" traduzido e comentado por Jean Yves Leloup