O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

12 de agosto de 2017

Há muitas sombras no horizonte


Estamos começando a viver tempos difícies. Algums declarações absurdas parece que fazem eco em pessoas invigilantes. A psicosfera começa a ficar muito densa e já há que esteja desenvolvendo pânico e com isso somando energia às "foras pensamento" de vibração deletérias.
Já há muito tempo alguns autores vêm falando deste momento em que os paradigmas iriam mudar e ao que tudo indica não será uma mudança harmônica e suave.

As velhas respostas não servem mais para as novas perguntas. As velhas práticas já não resolvem os novos desafios. A violência parece que se espalha mundo a fora, rumores de guerra, a mentira parece ter assumido o comando apelidada de pós-verdade, já há quem fale de “Egoísmo absoluto” como coisa salutar. Agora volta-se a falar em “supremacia branca” e entre nós a Lei de Gerson e a Razão Cínica parecem ser a tônica.  Muitos de nós meio que estupefatos acabamos por entrar na mesma vibração de desespero e pânico. Ficamos reverberando, maldizendo e criticando quando devemos atentar que as velhas formas já não vão resolver. Não é de hoje que autores vêm nos brindando com inúmeras lições que nos servem na medida para estes tempos. É hora de colocar preconceitos de lado e nos preparar para ser LUZ no meio das trevas que se avizinham.
Em 1901, na Índia um livro já falava em “formas pensamento” e sua capacidade destrutiva. Pois bem a nova física vem demonstrando exatamente como podemos neutralizar esta influencias que nos fazem tão mal e que são produzidas por nós próprios. Autores como os físicos Frijof Cappra e Amit Goswami podem nos ajudar a entender e a como proceder neste tempo difícil que vamos enfrentar.


Tempo em que será imprescindível vibrar muita Luz, amor e Paz, para desfazer essas "formas pensamento" que a todo momento são potencializadas com o terrível estado de coisas que vivemos. Vamos ter que ser fortes na manutenção de uma vibração forte. Não podemos dar passagem para o desespero que vai aos poucos tomando a maior parte da população. Acho que chegou a hora de realmente começarmos a realizar a missão para a qual encarnamos nesta época e para a qual temos nos preparado todo este tempo.
Temos que ser Luz nas trevas que se avizinham.

11 de agosto de 2017

A dificil arte da convivência

Eu realmente gostaria de entender o que está acontecendo no mundo. 
Parece que  num repente todo mundo perdeu o senso de medida e passou a achar que pode dizer e fazer o que bem entende para além do respeito e da caridade para com o próximo. De postagens na rede social à nova treta com a  composição do Chico as metralhadoras estão sempre à postos. E lá vem pedras...tenho a impressão que alguma coisa destravou a censura e o ego inflado passou a dominar.  Em conjunto com o “caboclo reclamador” a intolerância vem também crescendo a olhos vistos. O pior é que muitos não percebem que se comportam exatamente da forma que criticam. A capacidade de raciocínio parece que se tornou inversamente proporcional à capacidade de ouvir e interpretar os fatos.
 Desta forma, que ninguém se assuste que alguém defenda veementemente a criminalização do aborto por ele ser contra a VIDA e, essa mesma pessoa afirmar que: ”bandido bom é bandido morto” ou que ela defenda a pena de morte como solução para a diminuição da criminalidade. Além disso parece que vivemos na era dos preconceitos.  Tenho me perguntado quando foi que perdemos a capacidade de nos relacionar com o que é diferente. Porque é tão difícil aceitar hoje a individualidade e a pluralidade. Porque não nos damos conta de nossa rigidez quando criticamos tanto a dos outros.
Tenho pensado muito que o mundo não é pasteurizado, há uma pluralidade de cores de sons de nuances. Um cristal apresenta faces que revelam aspectos diferentes de uma mesma realidade. Porque mesmo tendo preferência por um lado eu não posso tolerar, e aceitar que outros possam ter preferências diferentes.
Sinto que estamos nos aproximando de uma encruzilhada muito difícil de ser ultrapassada e que só conseguiremos atravessá-la se formos capazes de ir além das divergências e juntos, de mãos dadas, nos ajudemos mutuamente. Caso contrário será o fim, a destruição, o extermínio.


São tempos difíceis que amar passou a ser piegas. Consumir é a palavra de ordem, quando o que nos salvará será justamente o seu oposto, o comungar, ou seja, a capacidade de se fazer um com o outro, a capacidade de saborear a presença ou preservar as individualidades na relação em comum.
É preciso resgatar sorrisos, promover encontros  de amizade semear amor e colher compaixão.
O projeto humano é  bonito demais para se perder pelos caminhos do egoísmo e da violência barata, frutos da ganância e da sede de poder.



10 de agosto de 2017

Salve Santa Clara de Assis a companheira de Francisco


                              Santa Clara de Assis  16/6/1194 - 11/8/1253

Segundo a tradição, o seu nome vem de uma inspiração dada à sua religiosa mãe, de que haveria de ter uma filha que iluminaria o mundo.
Pertencia a uma família e era dotada de grande beleza. Destacou-se desde cedo  aos pequenos, tanto que, ao deparar-se com a pobreza evangélica vivida por Francisco foi tomada pela irresistível tendência religiosa de segui-lo.
Clara a despeito do que muitos dizem era apaixonada por Francisco e ele por ela, é uma pena que a realidade do relacionamento deles tenha ficado sepultada pelos preconceitos puritanos que acham que a santidade está acima das característica básicas do ser humano.



Ouvi, pobrezinhas, pelo Senhor chamadas,
que de muitas partes e províncias fostes congregadas:
vivei sempre na verdade, para morrerdes na obediência.
Não olheis a vida de fora, porque a do espírito é melhor.
Eu vos rogo com grande amor,
que tenhais discrição nas esmolas que vos dá o Senhor.
As que estão por doença agravadas
e as outras que por elas estão fatigadas,
umas e outras suportai-o em paz,
pois havereis de vender bem caro essa fadiga,
porque cada uma ser rainha
no céu coroada com a Virgem
 Maria.

Este cântico foi composto por São Francisco, já à beira da morte, para as Irmãs clarissas de São Damião entre 1225 e 1226.

7 de agosto de 2017

Perplexidade



Em muitos anos de vida sinto uma estranha sensação. Percebo que a cada dia as certezas diminuem, e as dúvidas se avolumam. Sempre gostei daquela frase que diz: quando acho que tenho todas as respostas, vem a vida e me mostra uma infinidade de novas perguntas. 
É mais do que isso, a sensação é de não ter mais chão, de que o projeto humano está por um fio muito tênue, prestes a se romper...
Nâo é depressão, não é pessimismo, o termo que melhor define é perplexidade.
Quando vejo  a mentira ser utilizada para enganar as pessoas de forma sórdida, e ainda ser apelidade de pós verdades. Quando vejo que valores éticos  parece se  desfazer em meio a um mar de corrupção onde justiça se confunde com levar vantagens. Quando vejo  atiradores entrando em templos, escolas, cinemas e matando sem a menor cerimônia... Quando constato uma quantidade de réus em um processo onde as dúvidas sobre a idoneidade dos acusados não são maiores do que as que pairam sobre os acusadores e pior sobre aqueles que deveriam ser isentos para julgar...Quando leio que na instituição igreja católica eminências pardas que possibilitam lavagem de dinheiro, investimentos em armas de morte se colocam de forma covarde contra um papa que veio restaurar os ensinamentos do mestre Jesus... Quando vejo pastores distorcendo a Bíblia em busca do próprio enriquecimento, e gente de todos os tipos de manifestação religiosa e espiritual mais preocupadas com o aspecto material, eu sinto uma estranha sensação de não saber onde estou e para onde quero ir.
Só o que me resta são dúvidas, e no meio delas uma única certeza de que o que quer que eu ainda acredite, está dentro de mim, bem lá no fundo do meu coração. E é para essa "coisa" que não ouso nomear, porque tenho medo que também me seja roubada, é para essa realidade que me aquece e ainda ilumina os meus pensamentos e a minha consciência que eu rezo todos os dias...
"O reino de Deus está no meio de vós" foi o que Ele disse...

1 de agosto de 2017

Coisas do progresso



Hoje pela manhã, ao me aproximar da esquina, notei um grupo de moradores em acalorada conversa.  Alguns reconheci como vizinhos e ao parar para atravessar pude ouvir parte da conversa.  Confabulavam sobre a expulsão de alguém, falavam do barulho e do incomodo, e de que não era possível conviver com esse absurdo. Já pensando tratar-se de algum morador incômodo, desses que ao ouvirem música, não se contentam de ouvir sozinhos, e insistem que todos ouçam suas preferencias musicais compulsoriamente, ou de alguém que na calada da noite causa  intermináveis “DRs” ou discussões outras com a participação silenciosa de toda a vizinhança. Decobri que qual nada, logo verifiquei que se tratava de um canto.
Pensei: seria algum cantor lírico a ensaiar nas madrugadas, ou quem sabe os sabiás  já estariam precocemente começando a anunciar a primavera, como já aconteceu há alguns anos atrás e causou tanta revolta em gente desacostumada a ouvir os pássaros.

Não, era sim uma ave, um Galo cantor!
 
Tenho que Confessar que já o tinha ouvido no silencio da madrugada. Não nego que senti um certo saudosismo de minha infância e adolescência quando eram comuns na vizinhança e até no quintal de meus avós os galinheiros. Mas com o progresso que a tudo corrompe e destrói com a desculpa de melhorar a vida da população, os tornou cada vez mais raros e um canto de galo em plena manhã é, pelo menos para mim um alento de que a natureza ainda não desistiu de nós, apesar do tanto que a temos maltratado.
Então era esse o motivo da revolta e do complô. Era preciso expulsar o galo! Certamente ele estava distraindo a atenção e perturbardo quem já se acostumou com os gritos de socorro na madrugada, ou com os tiros seguidos de correria, ou quem sabe, com as descargas barulhentas (será que acham barulhentas?)  
dos automóveis dos frequentadores dos bares. Talvez prefiram as rizadas e o falatório dos frequentadores dos bares animados pelo elevado estado etílico...


 
Andando pela rua em direção ao trabalho fiquei pensando em como nos afastamos da natureza e de como hoje não nos reconhecemos como parte dela. Será que alguém se dá conta de que este afastamento está na base de tantas doenças e da maior e mais frequente delas a depressão?
Não ! Galos são coisa de gente pobre, a menos que estejam maquiados e disfarçados em bandejinhas nas geladeiras de supermercados. Estes já não podem cantar nem incomodar nossas neuroses cotidianas.
Veio a minha mente a alegria, a felicidade que ainda hoje sinto quando ouço em meio a madrugada, quando em viagens pelo interior, os sons da natureza, o cantar dos galos, o piar dos pássaros noturnos...
E por falar em saudosismo lembrei do saudoso Belchior:

“Quando eu não tinha o olhar lacrimoso,

Que hoje eu trago e tenho
....................................................................
Eu era alegre como um rio, 
Um bicho, um bando de pardais
Como um galo, quando havia, 
Quando havia galos, noites e quintais
Mas veio o tempo negro e, à força, fez comigo, 
O mal que a força sempre faz
Não sou feliz, mas não sou mudo, 
Hoje eu canto muito mais”

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Santo Afonso Maria de Ligorio



Santo Afonso Maria de Ligório 
nasceu em Marianella, no Reino de Nápoles, no dia 27 de Setembro de 1696. De rara inteligência, recebeu em 1712 o doutorado em direito civil e canônico. Não lhe faltaram temperamento e dons artísticos: poeta, músico, arquiteto, pintor.
Era o primogênito de uma família bastante numerosa, pertencente à nobreza napolitana. Recebeu uma esmerada educação em ciências humanas, línguas clássicas e modernas, pintura e música. Compôs um Dueto da Paixão, como também o cântico de Natal mais popular da Itália, Tu Scendi dalle Stelle, e numerosos outros hinos. Terminou os estudos universitários alcançando o doutorado nos direitos civil e canônico e começou a exercer a profissão de advogado. No ano 1723, depois de um longo processo de discernimento, abandonou a carreira jurídica e, não obstante a forte oposição do pai, começou os estudos eclesiásticos.
Desde jovem Afonso dedica um carinho especial aos pobres. Participa de diversas confrarias, cuja finalidade era dar assistência aos necessitados. Ajuda, por exemplo:
- Os condenados à morte: Afonso inscreve-se na numa associação de voluntários que conforta na fé os condenados à morte, acompanha-os até o local da execução e faz os funerais.
- Os doentes incuráveis: Afonso pertenceu à Confraria dos Doutores, visitava e cuidava dos doentes do hospital conhecido como hospital dos incuráveis.
- Os "lazzaroni": cerca de trinta mil, vivendo e perambulando pelas ruas e dependendo da caridade alheia. Será seu grupo preferido em Nápoles. Para eles cria chamadas “capelas vespertinas”, uma das grandes iniciativas pastorais de seu século.

 

Evangelização os pobres

Um novo grupo de evangelizadores dos abandonados? - Para quê? Nápoles já tinha tantas congregações. Afonso também fizera para si mesmo todas essas perguntas. Mas havia os que ninguém abraçava, porque eram pobres, grosseiros, que só entendiam de cabras. Os cabreiros. Gente que não dava retorno algum. Só incômodo, despesas e sacrifício. Por isso, viviam abandonados. E o grupo dos congregados do Santíssimo Redentor era para eles.
Uma característica do grupo: não morar fora e longe dos abandonados . As residências do grupo não serão em Nápoles, mas o mais próximo possível dos pobres. Assim o grupo poderá girar mais facilmente entre eles e eles poderão participar mais da vida dos missionários. Irão às suas Igrejas, reunir-se-ão em suas casas para os exercícios espirituais... Não apenas pregam missões: a comunidade, a casa, tudo é missão e missão contínua. Assim os redentoristas, como serão chamados mais tarde, continuam Jesus Redentor que armou sua tenda no meio de nós.Sinal de contradição Afonso foi sinal de contradição. Em primeiro lugar, para a Igreja da época, que deixava no abandono os pobres dos campos.
Diante de uma mentalidade rigorista, que punha a lei e o pecado em primeiro lugar, Afonso apresenta o amor e a misericórdia. Deus nos ama: eis o anúncio predileto de toda a vida de Afonso.
. Afonso convida a uma resposta de amor: diante do amor tão grande de Deus, nós somos levados a amá-lo também.
O amor misericordioso de Deus revela-se de modo especial no sacramento da Reconciliação. Esse sacramento será marcante em sua vida. É o homem da escuta aberta, amiga, amorosa. O homem da reconciliação.
Ele dizia que o confessor deve ser "rico de amor e suave como o mel".
Foi ordenado presbítero a 21 de dezembro de 1726, aos 30 anos. Viveu seus primeiros anos de presbiterado com os sem-teto e os jovens marginalizados de Nápoles. Fundou as "Capelas da Tarde", que eram centros dirigidos pelos próprios jovens para a oração, proclamação da Palavra de Deus, atividades sociais, educação e vida comunitária. Na época da sua morte, havia 72 dessas capelas com mais de 10 mil participantes ativos.
No dia 9 de novembro de 1732, Afonso fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, popularmente conhecida como Redentorista, para seguir o exemplo de Jesus Cristo anunciando a Boa Nova aos pobres e aos mais abandonados. Daí em diante, dedicou-se inteiramente a esta nova missão. Afonso escreveu diversas obras importantes para a Igreja sobre espiritualidade e teologia 111 obras, que tiveram 21.500 edições e foram traduzidas em 72 línguas. Mas, sua maior contribuição para a Igreja foi na área da reflexão teológica moral, com a sua Teologia Moral. Esta obra nasceu da experiência pastoral de Afonso, da sua habilidade em responder às questões práticas apresentadas pelos fiéis e do seu contato com os problemas do dia-a-dia. Combateu o estéril legalismo que estava sufocando a teologia e rejeitou o rigorismo estrito do seu tempo, produto da elite poderosa.
Em 1762, aos 66 anos foi ordenado bispo de Santa Ágata dos Godos.
No dia 1º de agosto de 1787, morreu entre os seus no Convento de Pagani.
Foi canonizado em 1831 pelo Papa Gregório XVI e declarado Doutor da Igreja (1871) e Padroeiro dos Moralistas e Confessores (1950).