Hoje pela manhã, ao me aproximar da esquina, notei um grupo
de moradores em acalorada conversa. Alguns reconheci como vizinhos e ao parar para atravessar
pude ouvir parte da conversa. Confabulavam
sobre a expulsão de alguém, falavam do barulho e do incomodo, e de que não era possível
conviver com esse absurdo. Já pensando tratar-se de algum morador incômodo,
desses que ao ouvirem música, não se contentam de ouvir sozinhos, e insistem
que todos ouçam suas preferencias musicais compulsoriamente, ou de alguém que
na calada da noite causa intermináveis “DRs”
ou discussões outras com a participação silenciosa de toda a vizinhança. Decobri
que qual nada, logo verifiquei que se tratava de um canto.
Pensei: seria algum cantor lírico a ensaiar nas madrugadas, ou quem
sabe os sabiás já estariam precocemente começando
a anunciar a primavera, como já aconteceu há alguns anos atrás e causou tanta
revolta em gente desacostumada a ouvir os pássaros.
Não, era sim uma ave, um Galo cantor!
Tenho que Confessar que já o tinha ouvido no silencio da madrugada. Não nego que senti um certo saudosismo de minha infância e adolescência quando eram comuns na vizinhança e até no quintal de meus avós os galinheiros. Mas com o progresso que a tudo corrompe e destrói com a desculpa de melhorar a vida da população, os tornou cada vez mais raros e um canto de galo em plena manhã é, pelo menos para mim um alento de que a natureza ainda não desistiu de nós, apesar do tanto que a temos maltratado.
Não, era sim uma ave, um Galo cantor!
Tenho que Confessar que já o tinha ouvido no silencio da madrugada. Não nego que senti um certo saudosismo de minha infância e adolescência quando eram comuns na vizinhança e até no quintal de meus avós os galinheiros. Mas com o progresso que a tudo corrompe e destrói com a desculpa de melhorar a vida da população, os tornou cada vez mais raros e um canto de galo em plena manhã é, pelo menos para mim um alento de que a natureza ainda não desistiu de nós, apesar do tanto que a temos maltratado.
Então era esse o motivo da revolta e do complô. Era preciso expulsar o
galo! Certamente ele estava distraindo a atenção e perturbardo quem já se
acostumou com os gritos de socorro na madrugada, ou com os tiros seguidos de
correria, ou quem sabe, com as descargas barulhentas (será que acham barulhentas?)
dos automóveis dos frequentadores dos bares. Talvez prefiram as rizadas e o falatório dos frequentadores dos bares animados pelo elevado estado etílico...
dos automóveis dos frequentadores dos bares. Talvez prefiram as rizadas e o falatório dos frequentadores dos bares animados pelo elevado estado etílico...
Andando pela rua em direção ao trabalho fiquei pensando em como nos
afastamos da natureza e de como hoje não nos reconhecemos como parte dela. Será
que alguém se dá conta de que este afastamento está na base de tantas doenças e
da maior e mais frequente delas a depressão?
Não ! Galos são coisa de gente pobre, a menos que estejam maquiados e
disfarçados em bandejinhas nas geladeiras de supermercados. Estes já não podem
cantar nem incomodar nossas neuroses cotidianas.
Veio a minha mente a alegria, a felicidade que ainda hoje sinto quando ouço em meio a madrugada, quando em viagens pelo interior, os sons da natureza, o cantar dos galos, o piar dos pássaros noturnos...
E por falar em saudosismo lembrei do saudoso Belchior:
“Quando eu não tinha o olhar lacrimoso,
Que hoje eu trago e tenho
Veio a minha mente a alegria, a felicidade que ainda hoje sinto quando ouço em meio a madrugada, quando em viagens pelo interior, os sons da natureza, o cantar dos galos, o piar dos pássaros noturnos...
E por falar em saudosismo lembrei do saudoso Belchior:
“Quando eu não tinha o olhar lacrimoso,
Que hoje eu trago e tenho
....................................................................
Eu era alegre como um rio,
Um bicho, um bando de pardais
Um bicho, um bando de pardais
Como um galo, quando havia,
Quando havia galos, noites e quintais
Quando havia galos, noites e quintais
Mas veio o tempo negro e, à força, fez comigo,
O mal que a força sempre faz
O mal que a força sempre faz
Não sou feliz, mas não sou mudo,
Hoje eu canto muito mais”
.
Hoje eu canto muito mais”
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário