E de repente eu me dou conta de que mesmo trancado a quase seis meses, sem colocar a cara na rua, o sol deu mais uma volta. Meu Deus, como passa rápido.
Noto que ele, o sol está começando a cansar, afinal já foram sessenta e nove voltas, e a cada nova volta parece que o caminho fica um pouco mais difícil. Esta última volta foi especialmente mais complicada. Os sonhos, parece que já não estão tão fáceis de serem sonhados e isso acaba por comprometer demais a esperança. Mas o que fazer se há dias em que não se consegue ver a linha do horizonte e sem horizonte, sabemos fica difícil manter a crença nas utopias.
Mas não vou dizer como o poeta maior que o tempo é de fezes e maus poemas, ah Drummond se você soubesse que até os poemas estão difíceis de escrever. Queria muito ver flores nascendo no asfalto, mas do jeito que estamos já me contento em vê-las nascendo nos jardins.
Hoje é um dia de recordações, já não tenho mais o frescor dos verdes anos, mas isso não me impede a rebeldia. Não vou me entregar, não abro mão de sonhar.
Quero degustar cada momento,
Saborear ainda a experiência dos anos.
Abrir bem largo os meus braços
E abraçar a VIDA e Todo o tempo que me restar.
Esta incansável caminhante Que jamais se detém,
Não se prende só aos sorrisos,
Ou ao rolar de uma lágrima,
Sege incansável sem parar.
Seja nos anos inquietos da juventude,
Ou na meia idade,
Anos nem quentes nem frios,
São mormaço úmido.
Uma sequência de outonos de céus sem nuvens,
expectantes, com a dúvida, se haverá noites frias de inverno.
Chegado o inverno,
É neste ponto do caminho que paro para meditar...
O quê mais me reservará a amiga vida?
Que a rebeldia, me seja sempre companheira.
Que as lembranças,
Não sufoquem a euforia da descoberta
De que ainda é possível sonhar.
Ah, amiga vida, não quero perder a oportunidade,
Por nada deste mundo,
De sempre me rebelar,
Contra os que insistem em sufocar em nós
Essa sede de liberdade.
E esta vontade de gritar bem alto:
Jamais desistiremos de amar !
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