"A vida continua, mas onde nos leva? Mais cedo ou mais
tarde, ela termina, e eis que chega o momento de examinar a situação, eis o
tempo certo para publicar o terceiro e último volume das minhas memórias".
É assim que o professor Hans
Küng, o mais renomado e influente teólogo católico crítico do mundo,
exorta no prefácio do seu livro que é publicado agora na Alemanha, Erlebte
Menschlichkeit. Erinnerungen (em tradução livre: Humanidade
vivida. Memórias), Pieper Verlag, do qual antecipamos
alguns trechos.
A reportagem é de Andrea Tarquini, publicada no
jornal La Repubblica, 02-10-2013. A tradução é de Moisés
Sbardelotto.
Um livro extraordinário, porque revela pela primeira vez a
correspondência entre Küng e o Papa Francisco sobre
a reforma da Igreja. Portanto, esse livro, ainda mais do que os volumes
anteriores, Erkämpfte Wahrheit (Verdade
conquistada) e Umstrittene Wahrheit (Verdade
contestada), leva-nos ao coração dos dramas e das esperanças atuais da Igreja.
"Küng através de três papados" poderia
ser outro título do livro. Depois do ostracismo sob Wojtyla, eis o
teólogo rebelde de Tübingen esperar em uma retomada do diálogo
com o Vaticano de Ratzinger. Esperança rapidamente
desapontada.
Mas eis depois a surpresa. Ratzinger encontra
a coragem de renunciar, e o conclave surpreendentemente elegeBergoglio.
Que escolhe o nome da esperança, Francisco, e dá passos de reforma.
Trocando cartas e sinais com o grande teólogo rebelde.
Epístolas extraordinárias, sem qualquer formalidade: o papa
que veio de Buenos Aires assina "Francisco" e ponto
final, e nunca perde a oportunidade de exaltar em cada linha o papel crítico
desse teólogo que há décadas a Cúria havia banido.
De todos os modos, também um thriller de primeira classe, em
suma, mas escrito por um intelectual da Igreja.
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