A Igreja comemora neste 4 de agosto o dia do
sacerdote. Quero neste dia, em primeiro lugar deixar um abraço fraterno para todos os meus amigos que abraçaram o sacerdócio nas igrejas cristãs, seja a Ortodoxa, a Romana, a Anglicana, na Igreja Católica Brasileira e na Igreja Católica Liberal.
Entretanto acho que é oportuno refletirmos sobre o sacerdócio nas igrejas. Atualmente tão carente nas igrejas e, em especial neste momento em que temos na igreja de Roma um papa bem mais afinado com o Concilio Ecumênico Vaticano II. Na verdade o concilio determinou que o papel de ministro, ou padres, não está limitado aos ordenados, mas é um chamado a todos os batizados.
Entretanto acho que é oportuno refletirmos sobre o sacerdócio nas igrejas. Atualmente tão carente nas igrejas e, em especial neste momento em que temos na igreja de Roma um papa bem mais afinado com o Concilio Ecumênico Vaticano II. Na verdade o concilio determinou que o papel de ministro, ou padres, não está limitado aos ordenados, mas é um chamado a todos os batizados.
O Papa Bento XVI
declarou em junho de 2009 como o começo do Ano Sacerdotal.
Bento 16 proclamou na época em que instituiu o ano sacerdotal que, "sem o ministério presbiteral, não haveria Eucaristia, não haveria missão e nem mesmo Igreja".
Bento 16 proclamou na época em que instituiu o ano sacerdotal que, "sem o ministério presbiteral, não haveria Eucaristia, não haveria missão e nem mesmo Igreja".
Infelizmente
não é bem assim: a Eucaristia, a missão e a Igreja já existiam bem antes do
surgimento do sacerdócio. De acordo com os Evangelhos, Jesus não era um padre,
nem os seus discípulos. Vemos referências a Jesus como sacerdote na Carta aos Hebreus.
O autor usa a palavra para se referir a Jesus como o novo e
último "Sumo Sacerdote",
encerrando uma grande sucessão de líderes judeus. O autor afirma que os
sacerdotes não são mais necessários, porque não se precisa mais de sacrifícios. Jesus foi o sacrifício
último e é o nosso
sumo sacerdote último. Talvez o Papa tenha esquecido que Jesus
não estava focado no sacerdócio. Ele estava focado no ministério. Ele chamou as pessoas a
ministrar junto com ele, independentemente de seu status na sociedade. Ele
chamou pescadores e coletores de impostos e a mulher com sete demônios. Todos eram responsáveis pela
edificação do Reino de Deus. Todos eram convidados a ministrar, e
fizeram isso com vários títulos dados a eles pela comunidade, baseados em seus
dons. Alguns
eram chamados de profetas, outros, de mestres, e outros ainda de apóstolos. Foi apenas depois que se
começou a ver a emergência de uma estrutura ministerial formal com uma
terminologia correspondente, quando os seguidores de Jesus foram
influenciados e integrados ao Império Romano.
Até 215 d.C., não temos evidências de uma
ordenação ritual de bispos, padres e diáconos.O surgimento de uma
estrutura clerical levou, eventualmente, à divisão da fé cristã em
"clero" e "leigos". Nos primeiros anos do surgimento do cristianismo,
porém, Paulo
lembrou os seguidores de Jesus: "Já não há judeu nem grego, nem escravo
nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus"
(Gálatas 3, 28).Depois
do surgimento da ordenação e do sacerdócio, desenvolveu-se uma ordem
hierárquica entre os fiéis. A palavra "ordenação" deriva do latim
"ordinare", que significa "criar ordem". Desenvolveu-se do
uso romano da palavra "ordines", que se referia às classes de pessoas
de Roma de acordo com a sua elegibilidade para as posições de governo. Os
leigos se tornaram "des-ordenados" do clero. A palavra
"leigo" se origina da palavra "laikoi", que se refere
àqueles que, na sociedade greco-romana, não eram "ordenados" no
âmbito da estrutura política estabelecida. O termo "clero" vem da
palavra "kleros", que significa "grupo separado". Enquanto
muitos cristãos continuaram a ministrar dentro da Igreja, e até algumas
mulheres sustentavam os títulos de diaconisas, sacerdotisas e bispas, muitos
dos que possuíam esses títulos faziam parte de um grupo limitado de homens
pertencentes ao contexto de uma ordem sócio-política e religiosa particular. Isso
perdurou até 1964,
quando o Concílio Vaticano II lembrou para a Igreja que o papel de ministro, ou
padres, não estava limitado aos ordenados, mas era um chamado a todos os
batizados. O
documento "Lumen Gentium" proclamava que os leigos se tornavam "
participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, e
exercem, pela parte que lhes toca, a missão de todo o Povo cristão na Igreja se
no mundo" (31). O presbiterato, que deriva do fundamento dos ministérios
primitivos dos seguidores de Jesus, voltou então para todos os cristãos. Todas
as pessoas são novamente chamadas ao ministério. Todos os cristãos são
chamados a participar dos papéis proféticos, soberanos e, sim, até mesmo
sacerdotais dentro da missão da Igreja.
A Eucaristia, a missão e a Igreja existiam bem antes do sacerdócio, todos os fiéis cristãos devem refletir sobre o ministério presbiteral e, fazendo isso, reivindicar o nosso próprio ministério.
Este
artigo baseia-se na publicação de Nicole
Sotelo, autora de "Women Healing from Abuse: Meditations for Finding
Peace" (Paulist Press), e coordenadora do sítio www. Womenhealing
.com. E foi publicado em National Catholic Reporter, 11-06-2009. A
tradução é de Moisés Sbardelotto e foi distribuído pela Unisinos
Nenhum comentário:
Postar um comentário