"ALFREDINHO", foi
um padre suíço que pertenceu à congregação dos filhos
da caridade, que na década de 1980, criou a "irmandade do servo sofredor".
Frédy Kunz, nasceu no dia 12 de
fevereiro de 1920, em Berna (Suíça)
Em 1926, mudou-se, juntamente com a sua família, para Arbois
(França).
Na infância, devido ao sobrenome de origem alemã era
discriminado por outras crianças, no contexto de grande rivalidade entre os
países no período posterior à primeira guerra mundial.
Aos onze anos de idade, começou a trabalhar em na cozinha de
um hotel, no início, apenas durante as férias escolares. a partir dos 13 anos,
quando terminou os estudos, passou a trabalhar até quinze horas por dia. o
patrão o tratava com muita severidade, incluindo tapas da na cara e chutes no
traseiro, quando executava tarefas com lentidão e, em troca, recebia uma baixa
remuneração.
Aos 16 anos de idade,
ingressou na Juventude Operária Católica (JOC).
Em 1940, durante a conquista da França pela Alemanha nazista, o regimento
no qual servia foi capturado. Durante a época na qual foi prisioneiro de guerra, organizou
grupos de oração e de assistência aos doentes.
Enquanto era prisioneiro de guerra, recusou-se a trabalhar para os nazistas em troca de um melhor
tratamento como prisioneiro.
O contato com o sofrimento no campo de concentração o levou
a meditar sobre o Cântico do Servo Sofredor, (Isaías,53), que contém os seguintes versos:
“.. desprezado e rejeitado pelos homens,
homem do sofrimento e experimentado na dor;
como indivíduo de quem a gente esconde o rosto,
ele era desprezado e nem tomamos conhecimento dele.
Todavia, eram as nossas doenças que ele carregava,
eram as nossas dores que ele levava em suas costas.
E nós achávamos que ele era um homem castigado,
um homem ferido por deus e humilhado.
Mas ele estava sendo transpassado por causa de nossas revoltas,
esmagado por nossos crimes.
Caiu sobre ele o castigo que nos deixaria quites;
e por suas feridas é que veio a cura para nós. ”
Posteriormente, diria que:
“ É nos cânticos do
servo de Deus que Jesus descobriu sua missão. Ele é o servo sofredor por
excelência. E hoje, ele continua sua paixão e ressurreição na carne dos pobres
humilhados, rejeitados, conduzidos ao matadouro. São esses pobres que purificam
nossa humanidade corrompida pelo consumismo, pelo luxo, pelo desperdício, pela
sexualidade desenfreada, pela violência. São as suas feridas que nos curam. Se
nosso mundo de estupidez e de horrores não afunda de vez, é graças a esses
servos sofredores. Seu espírito de resistência, sua disposição a perdoar pode
converter aquele que detém o poder e o dinheiro, aquele que é vítima dos falsos
deuses do mundo materialista. Quando o pobre, mergulhado nesse mistério, sem
saber, adquire a inteligência do que ele vive, alguma coisa nasce. Porque a
vocação do servo sofredor não é de ficar eternamente pisado. Ele é portador de
uma esperança. Quando Isaías fala no meio dos cativos, ele pressente uma libertação.
”
Após a segunda guerra mundial, ingressou em um seminário,
depois, alguém que conhecia suas características, o aconselhou a ingressar na
Congregação dos Filhos da Caridade, uma congregação fundada em Paris (França),
no dia 25 de dezembro de 1918, pelo padre Jean-Emile Anizan (1853-1928) e que
tem como propósito a evangelização das classes trabalhadoras.
Em 1954, foi ordenado
sacerdote.
Em 1955, depois de um ano atuando em uma paróquia em Paris,
foi enviado para Montreal (Canadá), onde foi capelão da JOC e organizou o
círculo Mximiliano Maria Kolbe que tinha como missão conseguir ajuda para
pessoas necessitadas.
Entre 1962 e 1968, dedicou-se à Pastoral Vocacional e passou
a pregar em retiros espirituais.
Em 1968, foi enviado
para a diocese de Crateús (Ceará - Brasil), então dirigida por Dom Antônio
Batista Fragoso, um dos participantes do Pacto das Catacumbas, que
pretendia transformar a igreja católica em uma entidade a serviço dos mais
pobres e das suas lutas para sair da miséria e da exploração.
Naquela cidade,
concedeu a unção dos enfermos a uma jovem prostituta, de apenas 22 anos, que,
duas semanas depois, faleceria de Tuberculose. Após o falecimento, Alfredinho
alugou o barraco onde vivia a prostituta e naquele local, exerceria por três
anos suas funções religiosas, convivendo com pessoas marginalizadas.
Em 1976, quando
sofria de uma hérnia de disco, indagou ao biblista Carlos Mesters o sentido de
tamanho sofrimento. Esse questionamento, levou Mesters a escrever o A Missão do Povo que Sofre", que
apresenta Os Quatro Cânticos do Servo de
Javé como quatro passos que o sofredor faz para descobrir-se servo.
No início de março de 1981, em decorrência de uma forte seca
na região, dezenas de flagelados chegaram à cidade de Crateús em busca de
alimentos. Naquele contexto, organizou a
campanha "Porta Aberta aos Famintos" (PAF), pelo qual, às pessoas
dispostas a doar comida aos famintos colocavam um cartaz com os referidos dizes
na porta de suas casas. Essa campanha
ajudou a alimentar milhares de camponeses pobres.
Irmandade do Servo Sofredor
( ISSO)
No dia 7 de janeiro de 1977, Alfredinho começou a pregar em
um retiro que tinha como tema a figura do "Servo
Sofredor" no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Esse encontro contou
com sete participantes que decidiram se reencontrar uma vez por ano, esse foi o
surgimento da “Irmandade do Servo Sofredor”
(ISSO), que teria como padroeiro São Maximiliano Maria Kolbe.
Alfredinho, um verdadeiro
santo que viveu entre nós fez sua Páscoa no dia 12 de agosto de 2000, em Santo
André (Brasil).
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