Quanta vida abandonei,
Imaginando ser coisa de criança.
Até hoje não entendo:
Porque será que é tão chato ser adulto.
Há dias, quando todos dormem,
Ando, cismando pela casa.
Encontro um lugar,
Sozinho, no escuro
E me ponho a sonhar.
Remexo lembranças
Remendo enredos aflitos
Da vida madura.
Troco tudo de lugar.
Deponho governos, revogo leis...
Vou a todas as igrejas,
E liberto Deus, que eles insistem em prender.
Um dia desses, no meio da lida noturna,
Um padre fez menção de me agarrar,
justo no momento
Em que eu acordava Jesus,
Coitado, cansado, trancado no altar.
De outras vezes corro até os palácios,
Mudo todas as leis, abro todos os cofres...
Seria bom ser sempre criança...
Melhor ainda, ser adulto.
E não deixar de sonhar.
Viver num mundo onde as guerras
Tivessem apenas violência de revólveres de espoleta.
Onde a fome, fosse só a ansiedade
De esperar a hora de lanchar,
Onde tristezas e dificuldades
Fossem apenas coisas do "faz de conta".
E crescer, não nos fizesse
Tão frios, Sérios,
E, sobretudo tristes
Por nossa insistência
Em não querer
A voltar a ser criança... .
Em não querer
A voltar a ser criança... .
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