(Frei
Isidoro Mazzarolo)*
A Festa de Pentecostes
é um marco solido da fé cristã. A narrativa de Lucas no livro dos Atos
dos Apóstolos (At 2,1-13) revela que os discípulos estavam reunidos no mesmo local
dos encontros anteriores (os discípulos se reuniam de modo secreto e escondido,
pois temiam perseguições por estarem envolvidos com Jesus, que fora condenado
como malfeitor).
Pentecostes é o evento em que os discípulos perdem o medo e
encontram através da força do Espírito Santo a coragem de testemunhar o Evangelho
e assumir todos os riscos inerentes à vocação.
As línguas de fogo representam a força do alto, a
intervenção divina e a luz do Espírito Santo que ilumina, aquece e encoraja.
Pode-se dizer que as línguas de fogo são a unção de Deus para a nova missão dos
discípulos. Eles até agora reunidos a portas fechadas, deixam o lugar e partem
corajosamente para anunciar a missão, a paixão e a ressureição de Jesus.
Assim como quando Jesus lê o livro do profeta Isaias ( Is
61,1-2) e se sente ungido para anunciar
a boa nova aos pobres, libertar os cativos e curar todas as enfermidades.
Pentecostes pode ser considerado como o evento do início da
Igreja. O medo, a perseguição, os
sofrimentos não são mais razões para o confinamento das testemunhas oculares
dos fatos da vida de Jesus. Agora eles entendem e assumem a sua vocação missionária
e evangelizadora, e para tanto, sabem que precisam sair ao encontro das pessoas.
Ao contrário de babel, onde os habitantes que eram da mesma
cultura viviam a perfeita confusão, em Pentecostes, todos entendem, mesmo sendo
de culturas e línguas diferentes . Sob a assistência do Espírito Santo, nasce a
igreja verdadeiramente unificadora. Como vai afirmar Paulo, mais tarde, a
igreja busca a unidade no evangelho, superando as distinções existentes entre
homem e mulher, escravo e livre, grego e
judeu. Dessa forma os cristãos se sentem impelidos e ungidos para uma missão
que exigia desinstalação, saída, busca e caminho para fora, a fim de levar ao
mundo a mensagem do Cristo Ressuscitado. ( MT 28,18-20)
A unidade das línguas, das raças e das culturas e uma demonstração
de que o Espírito de Deus esta sobre o mundo, ligando e conectando corações, inteligências
e vontades.
Exigências atuais para depois de Pentecostes: não restam
dúvidas de que há hoje uma necessidade imperativa de entender a vocação e a
missão a partir de Pentecostes. Há muitos cristãos que ainda estão fechados
sobre si mesmos, trancados em seus apartamentos e casas com medo da missão, da
evangelização e do anúncio. Há uma acomodação e certo comodismo religioso
carecendo profundamente do vigor do espírito.
Pentecostes é missão, é saída e busca das ovelhas que não
são deste aprisco e elas não serão reunidas se não houver missionários e
evangelizadores que deixem seus redutos para ir em busca das mesmas a fim de
que haja um só rebanho e um só pastor. ( Jo 10,16)
É mister rever, reviver e encarar a missão dos apóstolos, em
Pentecostes. O mundo precisa de evangelizadores que anunciem o Cristo
ressuscitado e, nele construam a verdade, a justiça e a ética entre os povos.
Pentecostes é evangelização e missão. Celebrar Pentecostes é colocar na vida de
cada momento, o espírito missionário que une línguas, povos, culturas ,
sociedades. O diálogo com as representações religiosas e a diaconia à verdade e
ao evangelho precisam ser aprofundados para que através do serviço aos mais
necessitados possam ser uma expressão da presença de Pentecostes na
evangelização e transformação hoje.
·
Autor de inúmeros livros e doutor em Teologia, Frei
Isidoro é professor de Teologia na PUC-Rio (artigo publicado na folha paroquial
nº 177 – ano de 2012 Paróquia da Santíssima Trindade - Rua Senador Vergueiro
141 Flamengo Vicariato Sul – RJ)
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