Olhando o cenário atual brasileiro, seja político ou religioso, é cada dia mais desanimador. Vejo que muitas pessoas para aliviar a tensão e revolta, compartilham “memes”, outras fazem denúncias, outras ainda protestam, e já estamos nisso há alguns anos. Na verdade, o pandemônio é anterior a à pandemia. O projeto de destruição continua a todo vapor e por mais que haja protestos ele segue sem obstáculos. As empresas nacionais destruídas, os programas sociais destroçados, a pandemia em franca expansão, caminhamos de forma acelerada para alcançar meio milhão de brasileiros mortos, isso em números oficiais, porque na realidade, com a sub notificação, só Deus sabe quantos..
O desgaste é imenso, já houve quem tenha tido
enfarto por conta deste estado de coisas. Não quero isso para mim. A minha
juventude me foi roubada., eu tinha 13 anos quando estourou o golpe militar, e
17 na promulgação do AI-5. A primeira vez que votei para presidente da
república, eu já tinha completado 38 anos. Pensei que teria uma velhice mais
amena, me enganei profundamente.
Se a situação política está como está, a situação espiritual não é muito
diferente. A igreja romana em seus movimentos carismáticos tem se posicionado
apoiando absurdos como a tortuta, a pena de more, a crítica às vacinas e o
isolamento social. Reivindica igrejas abertas e cheias, independente do grau de
contaminação que isso possa gerar.
As igrejas ditas evangélicas não ficam
atrás, há denominações que alugam quadras de escola de samba para promover
cultos com mais de mil pessoas. J
Os espiritas, parece que por um transtorno qualquer, alguns médiuns resolveram apoiar publicamente
quem defende a pena de morte, e modelos de justiça parciais, totalmente fora
dos padrões e ainda teimam em apresentar grandes mentores encarnados em figuras
públicas de moral e ética duvidosas.
Eu sinceramente me sinto cansado e desmotivado, mantenho a custo a esperança em
tempos melhores que não sei se estarei vivo para vivenciá-los.
Acredito sim que seja um processo de
depuração, um processo de transformação, de ressignificação de valores, de
mudança de paradigmas. Na minha avaliação isso é um processo que se estenderá
provavelmente por um século inteiro, ou mais, já que percebo muita resistência
em buscar novas formas de viver, novos comportamentos e novas atitudes.
Eu lembro de que quando ouvi que o muro
de Berlin estava sendo derrubado, tive a clareza de perceber que o regime
socialista, mais radical, estava se desintegrando. Acho que eu não estava
errado. No onze de setembro, no episódio do WTC, a sensação que me veio, foi
que o sistema capitalista estava ruindo. Eram dois grades símbolos, um do
socialismo e o outro do capitalismo. E o que estamos vivenciando é exatamente
esse processo de desconstrução dos antigos valores, das antigas respostas, que
já não respondem as novas perguntas.
Percebo que há uma recusa de muitos em sair de sua zona de conforto, em buscar
o novo. A maioria fica se repetindo sem
conseguir se mover.
A destruição destes sistemas, não se deu
por completo. De cada um, a essência, a alma tanto do socialismo quanto do
capitalismo, que são bons e podem ser
combinados de forma nova para uma nova maneira de ler a vida. É urgente
encontrar o caminho para o verdadeiramente novo.
Certamente não será com ódio, ou com radicalismos ou com “memes” que mudaremos. A civilização judaico-cristã está em agonia.
As religiões que se apresentavam como seguidoras de Jesus, precisam se voltar
para a realidade desse Jesus que foi esquecido e por que não dizer traído ao
longo destes dois mil anos. É preciso reencontrá-lo e trazê-lo para nossos dias
e reformular toda uma prática religiosa viciada e desgarrada de sua origem.
Buscar a simplicidade e a maneira de ver a vida, que o revolucionário de Nazaré
tentou ensinar ao mundo.
Dentro de poucos meses eu vou completar
um marco importante, eu vou alcançar meu décimo setênio. Sei que tenho muito
menos tempo pela frente, do que o que já vivi, e percebo que já não tenho a
disposição e a condição que tinha o jovem de 17 anos, para lutar por tempos
melhores. O meu trabalho a minha participação nesta mudança é de outro tipo, o
auxilio que posso prestar é mais sutil, mais mental e mais energético. Eu creio
firmemente que a mudança que conquisto em mim, acaba por afetar a toda a
humanidade. É como um corpo nadando em
uma piscina, que embora não possamos
ver, a medida que o corpo se desloca, toda a água da piscina se movimenta, toda
a água é afetada pelo movimento deste corpo.
Frente a isso, pretendo manter um estado de espírito mais saudável, meditativo
e na medida do possível junto à natureza. Vou
cuidar de minhas plantas, de meus peixes, dos visitantes alados, que vem
diariamente me pedir água nas garrafinhas penduradas.
Viver uma espiritualidade como o jovem Galileu propôs: sem templos, já que nós
somos o templo, sem sacrifícios, já que ele disse quejá bastava de sacrifícios, que o que mais lhe
agradava, era misericórdia. E que para adorar o Pai, como ele ensinou à
Samaritana, bastava adorá-lo em Pneuma e Alethéia , no sopro e na atenção.
É dessa forma que pretendo seguir nesta viagem.
♫♪ A
sorrir , eu pretendo levar a vida, ♫ pois chorando eu vi a mocidade perdida♪♫♫♪
Nenhum comentário:
Postar um comentário