Tempo que começa após o
carnaval e antecede a Páscoa, a quaresma é um período de revisão de vida e de
preparação. É como fazemos quando estamos para dar uma grande festa. Há todo um
conjunto de providencias e atividades que antecedem o evento que precisam ser
preparadas com atenção e seriedade para que tudo seja realmente um sucesso. São
Francisco era muito simpático às quaresmas e fazia várias: a “Grande Quaresma”,
a “Quaresma do Advento”, a “Quaresma da Epifania”,
a “Quaresma de São Miguel” e a “Quaresma de Nossa Senhora”. Mas como ele mesmo
denominava, a mais importante era a “Grande Quaresma”, os 40 dias que antecedem
a Páscoa da Ressureição. É o momento para refazer a caminhada junto com Jesus
até o calvário, ser pregado junto com Ele na cruz, descer com Ele ao túmulo,
para depois poder explodir de alegria com sua ressureição. Uma revisão
indispensável, nestes nossos tempos tão difíceis de tanta irritação,
agressividade gratuita, violência e egoísmo, uma verdadeira faxina para
recompor nossa conduta cristã.
Tempo de profunda reflexão e de
esforço para mudanças significativas em nossos hábitos e comportamentos. Tempo
para ressignificar velhas práticas como o Jejum e a esmola, muitas vezes
dissociados e muito ligados apenas ao sofrimento pelo sofrimento e a
prepotência do ato de se sentir superior a quem se dá a esmola. O Jejum segundo
São Leão Magno Papa, era prescrito para nos lembrar não apenas da abstinência,
mas sobretudo do emprego daquilo que seria economizado com o Jejum nas obras
assistenciais aos pobres. No antigo manuscrito dos primeiros cristãos, “O
Pastor de Hermas”, há uma referência clara a como o jejum que deve ser
praticado: “Eis como deveis praticar o jejum, tu comerás só pão e água, depois
calcularás quanto terias gasto para o teu alimento naquele dia e tu oferecerás
este dinheiro a uma viúva, a um órfão ou a um pobre; assim tu te privarás de
alguma coisa para que o teu sacrifício seja útil para alguém alimentar-se. E
então ele rezará ao Senhor por tí em agradecimento. Se tu jejuares desse modo,
o teu sacrifício será agradável a Deus”.
Assim
iniciemos a nossa quaresma com uma profunda reflexão baseada nos ensinamentos
do nosso papa Francisco que nos exortam para a alegria do evangelho, de forma a
tornar nosso jejum não um sofrimento pesado, mas um alegre sacrifício em
benefícios dos pequeninos de Jesus, levando em conta os louvores da Laudato Si,
isto é, a Encíclica do Papa Francisco sobre a nossa Casa Comum, de forma a
ampliarmos nossa percepção para os sofrimentos de nosso planeta Terra em dores
de agonia por nossa falta de consciência sem deixar de estar atentos ao
espírito de perdão e misericórdia para aqueles que nos feriram em nossa
peregrinação por este mundo de Deus. E assim renovados estaremos mais aptos
para reviver os mistérios pascais
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