J. Ricardo A. de Oliveira
Fritjof Cappra, autor do livro “O Ponto de Mutação”, alerta para o fato de que as civilizações após um logo período de amadurecimento tendem à estagnação e acabam por entrar em colapso. A História mostra claramente isso e, é neste momento que surge uma outra civilização, com novos valores, novos paradigmas, que gradativamente vai como que substituindo a velha civilização. Isto se dá quando as principais questões já não conseguem ser respondidas pelos meios usuais. A civilização se vê paralisada e sem condições de avançar. São necessárias novas formas de pensar, novas respostas, procedimentos realmente novos que possam atender as novas demandas. A isso se dá, segundo o autor, o nome de mudança de paradigmas. Estas mudanças se dão geralmente em meio a crises. È como um jogo de disputa de forças entre os defensores dos antigos métodos e os que buscam novas alternativas para a solução dos problemas.
Ao longo da história da humanidade estas lutas são intensas
e duram muitas vezes um tempo prolongado, até que o novo paradigma consiga se
instalar e mudar o curso da história. Mas enquanto isso não acontece tem-se um
período de estagnação, de caos, de sofrimento, de dor e desespero.
O mundo está justamente atravessando esse período e esta
situação crítica. Infelizmente ainda não conseguimos superar as polaridades.
Ainda estamos vivendo a disputa entre os opostos: Capitalismo X Socialismo, um
enfrentamento em que certamente nenhuma das duas formas será a solução
definitiva. Por onde quer que se olhe pode-se observar a polaridade, os opostos
se enfrentando e produzindo crises e caos. Em todos os campos da vida humana
encontramos essas disputas: Direita x Esquerda, tradicionalistas x
Progressistas, fundamentalistas x renovados, Bem x Mal, Luz x Sombra. Polaridades, dualidade em
oposição à unidade. A questão é bem ampla.
Todo este introito é uma tentativa de entender a questão da
espiritualidade que também aparentemente está em crise, seja internamente nas
religiões ou entre religiões diferentes, neste caso se manifestando como
intolerância. Há em nossos dias, um interesse muito grande pela
espiritualidade, pelas manifestações religiosas em suas várias denominações.
Percebo um sentimento de orfandade de Deus e uma busca espiritual muito grande.
Mas as pessoas parece não encontrar o que procuram ou não se satisfazem com o
que encontram.
No que se refere ao catolicismo, percebe-se uma crise sem
precedentes dentro da própria cúria romana, cardeais desafiando o papa e não se
submetendo as decisões do colegiado.
De um lado um papa que pretende restaurar o cristianismo fazendo com que ele retorne a seu eixo principal praticado e pregado pelo Jovem galileu, do outro lado bispos tradicionalistas agarrados aos conceitos pouco familiares a tradição dos apóstolos, mas sacramentados no concilio de Trento.
De um lado um papa que pretende restaurar o cristianismo fazendo com que ele retorne a seu eixo principal praticado e pregado pelo Jovem galileu, do outro lado bispos tradicionalistas agarrados aos conceitos pouco familiares a tradição dos apóstolos, mas sacramentados no concilio de Trento.
Na verdade, percebe-se que houve uma grande deturpação ao longo dos séculos da mensagem do mestre. Isso começa quando o movimento “o caminho”, transforma-se na religião oficial do império. De perseguidos passam a perseguidores. São introduzidas inúmeras mudanças e adaptação para que a nova religião oficial e obrigatória do império não fosse tão estranha ao povo acostumado a práticas ditas pagãs.
A ascensão do cristianismo também acontece no periodo da invasões bárbatas ao império Romano. Com isso muitas crenças e habitos bárbaros como que vazaram e foram absrvidos pelo cristianismo nascente. Começa então um processo de "paganização". As antigas comunidades começam a ter que se organizar. De comunidades auto-céfalas que se reuniam em concílios para dirimir dúvidas, as “igrejas” passam a ter uma "sede" e a se submeter à autoridade da Sé Romana.Há uma crescente exigência por doutrinas e liturgias, o que vai acabar por exigir a presença de coordenadores, “sacerdotes” para oficiar e controlar que as doutrinas seja, respeitadas. Numa mistura de judaísmo e paganismo romano, faz-se então uma gradativa mudança. O pão que anteriormente era partido nas casas, como se lê no livro de Atos dos Apóstolos, passa a precisar de um sacerdote que oficie e faça a transubstanciação, coisa bem pouco pr´xima dos habitos das primeiras comunidades cristãs.
O povo reunido, antes tido como corpo e presença real do Cristo, dá lugar ao pão e vinho transubstanciados em corpo e sangue. A presença mística transforma-se em presença real e o povo passa então a ser presença mística. Os batizados, antes tidos como sacerdotes passam a ser “leigos”, agora perdem lugar para os ordenados, e só eles podem fazer o milagre da transubstanciação, criando assim um grupo de elite.
Mudam-se as práticas e as orações, estabelecem-se regras. O Ágape fraterno e a ação de graças (Eucaristia) transforma-se em sacrifício do cordeiro imolado, a despeito de Jesus ter afirmado que já bastava de sacrifícios.
A construção do Reino, “o Caminho” dá lugar a uma religião e
a uma instituição, que gradativamente passa a ser mais importante até do que
seu fundamento: O Cristo Jesus.
Aquilo que Jesus veio trazer, a introdução de um novo paradigma, que fizesse frente à violência, à sede de poder, e ao desamor de Judeus e Romanos, aos poucos vai se deteriorando. É curioso como uma nova maneira de se relacionar com o criador, com o Abah, com aquele que Jesus nos ensinou a ver como um pai, que não habita em tendas nem em templos feitos por mãos vai assumindo e se tornando uma regra. Jesus não precisava e não precisa de templos, sacerdotes, de doutrinas, de doutores da Lei e muito menos de imperadores, mas aos poucos é essa a nova realidade de um cristianismo que aos poucos vais se distanciando de suas origens. Uma hierarquia é criada com padres, bispos, arcebispos, papa, templos, catedrais...
Mas o que é mais triste, “o caminho”, aquilo que Jesus veio nos trazer e comunicar da parte do Pai, ensinando que os últimos serão os primeiros, que não deveria faltar a uns o que sobra a outros, que a regra máxima e única é o amor, se desfez, dando lugar a outras “crenças”.
Se o filho do Homem não tinha nem onde recostar a sua cabeça, com que justificativas foram construídos templos e as catedrais, para manter Jesus trancafiado em um cofre de ouro? Como se justifica tanta adoração e tanta pompa para alguém que disse com todas as letra que NÃO VEIO PARA SER SERVIDO E SIM PARA SERVIR?
Aquilo que Jesus veio trazer, a introdução de um novo paradigma, que fizesse frente à violência, à sede de poder, e ao desamor de Judeus e Romanos, aos poucos vai se deteriorando. É curioso como uma nova maneira de se relacionar com o criador, com o Abah, com aquele que Jesus nos ensinou a ver como um pai, que não habita em tendas nem em templos feitos por mãos vai assumindo e se tornando uma regra. Jesus não precisava e não precisa de templos, sacerdotes, de doutrinas, de doutores da Lei e muito menos de imperadores, mas aos poucos é essa a nova realidade de um cristianismo que aos poucos vais se distanciando de suas origens. Uma hierarquia é criada com padres, bispos, arcebispos, papa, templos, catedrais...
Mas o que é mais triste, “o caminho”, aquilo que Jesus veio nos trazer e comunicar da parte do Pai, ensinando que os últimos serão os primeiros, que não deveria faltar a uns o que sobra a outros, que a regra máxima e única é o amor, se desfez, dando lugar a outras “crenças”.
Se o filho do Homem não tinha nem onde recostar a sua cabeça, com que justificativas foram construídos templos e as catedrais, para manter Jesus trancafiado em um cofre de ouro? Como se justifica tanta adoração e tanta pompa para alguém que disse com todas as letra que NÃO VEIO PARA SER SERVIDO E SIM PARA SERVIR?
Aquele grupo de homens e mulheres que pretendia a
transformação do mundo através do amor, do perdão e do serviço, acabou se
transformando em um império, com corte, palácio e até um imperador. Olhar para
isso hoje, ver as pressões que o atual papa está tendo que enfrentar, por
defender um retorno às origens do cristianismo verdadeiro é desanimador.
Tenho a impressão de que a humanidade foi enganada por
muitos séculos. As estratégias de dominação engendradas por aqueles que
adulteraram a mensagem do Mestre vem sobrevivendo durante esses quase dois
milênios, . Não seria demais afirmar que me sinto profundamente enganado e ludibriado,
revoltado por ceder às estratégias que implantaram na vida de tantos o medo e a
culpa.
Olhar para isso em perspectiva faz com que a instituição que se fez maior e mais forte que seu fundamento desaba no meu conceito e me traz uma estranha sensação de orfandade. Talvez seja este o maior dos pecados cometidos contra o Espírito Santo.
Olhar para isso em perspectiva faz com que a instituição que se fez maior e mais forte que seu fundamento desaba no meu conceito e me traz uma estranha sensação de orfandade. Talvez seja este o maior dos pecados cometidos contra o Espírito Santo.
Práticas religiosas, dogmas, conceitos de pecado, mal,
inúmeros deveres e um incentivo à baixa autoestima parece estar mais presentes
no discurso e na pratica da instituição, do que as importantes mensagens de
despego e libertação que o Mestre não cansava de ensinar. Uma instituição que
diz se basear na escritura e na tradição. Mas cuja escritura parece sofrer uma
censura e, enquanto alguns trechos são super valorizados outros são
simplesmente como que omitidos. Como entender que algumas abominações do
Levitico sequer sejam levadas em consideração, como “raspar a barba”, “usar
roupas com mais de um tipo de tecido’, “comer frutos do mar”, enquanto outras
são super valorizadas, como a condenação das relações homoafetivas. Qual foi o
critério para estabelecer as relevâncias? Como respeitar e defender tanta
incoerência como palavra inspirada?
E a tradição? Qual tradição? Aquela das primeiras comunidades apostólicas, ou a tradição inventada que adulterou as práticas dos primeiros cristãos? Onde encontrar semelhança da igreja de hoje com a descrita nos Atos dos apóstolos?
É como se o antigo paradigma, anterior a Jesus, tivesse ganho a batalha e novamente assumido o controle. Os acontecimentos recentes nos permitem ver a prática da “Lei de Talião” em franca utilização. É o velho paradigma se fazendo presente. Por outro lado pode-se perceber claramente como que um país poderoso age como a velha Roma, querendo dominar todo mundo.
E a tradição? Qual tradição? Aquela das primeiras comunidades apostólicas, ou a tradição inventada que adulterou as práticas dos primeiros cristãos? Onde encontrar semelhança da igreja de hoje com a descrita nos Atos dos apóstolos?
É como se o antigo paradigma, anterior a Jesus, tivesse ganho a batalha e novamente assumido o controle. Os acontecimentos recentes nos permitem ver a prática da “Lei de Talião” em franca utilização. É o velho paradigma se fazendo presente. Por outro lado pode-se perceber claramente como que um país poderoso age como a velha Roma, querendo dominar todo mundo.
A igreja católica ao longo dos séculos supervalorizou o
sacrifício, o sofrimento, o medo, a culpa, a desvalorização do homem, muitas
vezes sugerindo sua pequenez, quando está dito que ele foi feito à imagem e
semelhança de Deus. Onde foi parar a
afirmativa de Jesus de que não veio para os sãos e sim para os que estavam
necessitando de salvação. De onde vem a ideia de que para receber Jesus é
preciso estar em estado de graça?
Será que a mulher adultera estava em estado de graça quando Jesus se deu em comunhão e a livrou do apedrejamento? E a Samaritana e seus cinco maridos? Será que Ele não se deu a ela em comunhão, tanto como a qualquer um de nós quando o recebemos na hóstia consagrada? E o efebo do centurião Romano que ele curou em uma só palavra? Será que um efebo para os atuais “doutores da lei” estaria em “estado de graça” para receber a cura?
Será que a mulher adultera estava em estado de graça quando Jesus se deu em comunhão e a livrou do apedrejamento? E a Samaritana e seus cinco maridos? Será que Ele não se deu a ela em comunhão, tanto como a qualquer um de nós quando o recebemos na hóstia consagrada? E o efebo do centurião Romano que ele curou em uma só palavra? Será que um efebo para os atuais “doutores da lei” estaria em “estado de graça” para receber a cura?
Porque manter e
supervalorizar a pratica da confissão auricular? Não me conste que Jesus
pedisse a alguém que confessasse seus pecados antes de curar. O movimento de
arrepender-se é interno e não algo que alguém de fora possa comandar. Ainda
mais que esta prática controladora foi implantada 600 anos após a ressurreição.
É desesperador pensar que um papa é visto como ameaçador por defender aquilo
que Jesus viveu em seus dias na terra. É perfeita a informação de Francisco de
que a igreja não pode ser a “alfandega de Deus”. Quantos perderam a fé, quantos
abandonaram o caminho, depois de serem condenados peo nesta “alfandega”.
O mundo hoje vive uma ausência de Deus, a saudade de um Deus que se fez presença e anunciava a misericórdia e o amor.
Nossa nação Brasileira, prometida como “Coração do mundo” e “Pátria do evangelho”, parece que foi sequestrada de sua sublime missão. É uma verdadeira abominação que governantes que se dizem cristãos, ajam na contramão daquele que em sua passagem pela Terra optou por libertar os pobres e excluídos das garras dos poderosos que os oprimiam e os mantinham presos à penúria e à miséria, que agem na contramão de um Jesus que se colocava contra os poderosos do império de Roma, os doutores da Lei e a hierarquia Judaica. Um Jesus que escolheu viver entre os excluídos, os pobres, prostituas e os banidos pela sociedade. Tem-se a impressão de que esses senhores seguem um outro Jesus completamente diferente daquele descrito nos evangelhos.
O mundo hoje vive uma ausência de Deus, a saudade de um Deus que se fez presença e anunciava a misericórdia e o amor.
Nossa nação Brasileira, prometida como “Coração do mundo” e “Pátria do evangelho”, parece que foi sequestrada de sua sublime missão. É uma verdadeira abominação que governantes que se dizem cristãos, ajam na contramão daquele que em sua passagem pela Terra optou por libertar os pobres e excluídos das garras dos poderosos que os oprimiam e os mantinham presos à penúria e à miséria, que agem na contramão de um Jesus que se colocava contra os poderosos do império de Roma, os doutores da Lei e a hierarquia Judaica. Um Jesus que escolheu viver entre os excluídos, os pobres, prostituas e os banidos pela sociedade. Tem-se a impressão de que esses senhores seguem um outro Jesus completamente diferente daquele descrito nos evangelhos.
Acho que até consigo entender porque a instituição mantém
Jesus trancafiado em um cofre, acho que tem medo que ele saia e volte a fazer o
que fazia há dois mil anos atrás.
Tenho a impressão de que quando se faz o silêncio
necessário, quando nos colocamos meditativamente na escuta, podemos ouví-Lo
criticar os sepulcros caiados, as víboras e os fariseus hipócritas... porque
eles continuam em sua ânsia louca de dominar e controlar tudo.
Quem tiver a percepção aguçada há de perceber os lamentos de
um mundo em dores de parto. Há um nascimento cujo parto parece bastante
difícil. Os novos paradigmas precisam vir à luz e mudar o rumo da história, mas
até que se consiga vencer a dualidade, a fantasia da separatividade e o medo da
fusão com a consciência cística, ainda estaremos sofrendo com as contradições.
Que consigamos seguir como a mãe parturiente que embora
sofrendo, se alegra com a perspectiva da
chegada do “novo”. Que aqueles que já entenderam a importância de orar, no
sopro e na atenção, consigam manter a sintonia com o sublime criador e se
tornem canais da grande mudança e não cansem de repetir o mantra: “ Maranatah”
(vem senhor Jesus!)
Certamente que Ele virá. Não como anunciam os usurpadores da fé. Ele sabe que se vier como na primeira vez,
será outra vez preso e assassinado. A nova vinda será certamente será da forma
que Ele ensinou à Samaritana a orar e adorar: em espírito e em verdade, em
pneuma e alethéia, no sopro e na atenção. Ele vira e fortificará a sua presença
nos nossos corações.
Não esperem uma vinda espalhafatosa, com efeitos especiais
nos céus. Não ! Isso não é do feitio dEle, mas do feitio dos usurpadores da fé.
Ele vira preservando aquilo que pregoum a humildade, a simplicidade. Ele não
vira como o mundo acha que seria a vinda de um rei, de um Deus. Ele sempre se
fez pequeno para caber em nossoscoraçoes e porque se reconhece um com o Pai. A
sua vinda será o despertar das qualidades adormecidas que ele nos ensinou há
dois mil anos. No silêncio,
reservadamente, como Ele ensinou que deveríamos orar ao Pai.
Aqueles que ao longo de suas existências o tem procurado imitar, aqueles que
tem se esforçado e silenciado para ouvir o que Ele tem a nos falar, a estes
está reservada a dádiva d e sua segunda vinda. Ele virá e então compreenderemos
o que é ser UM com o Pai.
Enquanto isso, no silencio, na atenção na sintonia do sopro:
Enquanto isso, no silencio, na atenção na sintonia do sopro:
Maranatah !
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