O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

2 de março de 2017

QUARESMA... TEMPO DE INTERIORIZAÇÃO



Tempo que começa após o carnaval e antecede a Páscoa, a quaresma é um período de revisão de vida e de preparação. É como fazemos quando estamos para dar uma grande festa. Há todo um conjunto de providencias e atividades que antecedem o evento que precisam ser preparadas com atenção e seriedade para que tudo seja realmente um sucesso. São Francisco era muito simpático às quaresmas e fazia várias: a “Grande Quaresma”, a “Quaresma do Advento”, a “Quaresma da Epifania”, a “Quaresma de São Miguel” e a “Quaresma de Nossa Senhora”. Mas como ele mesmo denominava, a mais importante era a “Grande Quaresma”, os 40 dias que antecedem a Páscoa da Ressureição. É o momento para refazer a caminhada junto com Jesus até o calvário, ser pregado junto com Ele na cruz, descer com Ele ao túmulo, para depois poder explodir de alegria com sua ressureição. Uma revisão indispensável, nestes nossos tempos tão difíceis de tanta irritação, agressividade gratuita, violência e egoísmo, uma verdadeira faxina para recompor nossa conduta cristã.

Tempo de profunda reflexão e de esforço para mudanças significativas em nossos hábitos e comportamentos. Tempo para ressignificar velhas práticas como o Jejum e a esmola, muitas vezes dissociados e muito ligados apenas ao sofrimento pelo sofrimento e a prepotência do ato de se sentir superior a quem se dá a esmola. O Jejum segundo São Leão Magno Papa, era prescrito para nos lembrar não apenas da abstinência, mas sobretudo do emprego daquilo que seria economizado com o Jejum nas obras assistenciais aos pobres. No antigo manuscrito dos primeiros cristãos, “O Pastor de Hermas”, há uma referência clara a como o jejum que deve ser praticado: “Eis como deveis praticar o jejum, tu comerás só pão e água, depois calcularás quanto terias gasto para o teu alimento naquele dia e tu oferecerás este dinheiro a uma viúva, a um órfão ou a um pobre; assim tu te privarás de alguma coisa para que o teu sacrifício seja útil para alguém alimentar-se. E então ele rezará ao Senhor por tí em agradecimento. Se tu jejuares desse modo, o teu sacrifício será agradável a Deus”.

Assim iniciemos a nossa quaresma com uma profunda reflexão baseada nos ensinamentos do nosso papa Francisco que nos exortam para a alegria do evangelho, de forma a tornar nosso jejum não um sofrimento pesado, mas um alegre sacrifício em benefícios dos pequeninos de Jesus, levando em conta os louvores da Laudato Si, isto é, a Encíclica do Papa Francisco sobre a nossa Casa Comum, de forma a ampliarmos nossa percepção para os sofrimentos de nosso planeta Terra em dores de agonia por nossa falta de consciência sem deixar de estar atentos ao espírito de perdão e misericórdia para aqueles que nos feriram em nossa peregrinação por este mundo de Deus. E assim renovados estaremos mais aptos para reviver os mistérios pascais


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