O absurdo e a Graça

Na vida hoje caminhamos entre uma fome que condena ao sofrimento uma enorme parcela da humanidade e uma tecnologia moderníssima que garante um padrão de conforto e bem estar nunca antes imaginado. Um bilhão de seres humanos estão abaixo da linha da pobreza, na mais absoluta miséria, passam FOME ! Com a tecnologia que foi inventada seria possível produzir alimentos e acabar com TODA a fome no mundo, não fossem os interesses de alguns grupos detentores da tecnologia e do poder. "Para mim, o absurdo e a graça não estão mais separados. Dizer que "tudo é absurdo" ou dizer que "tudo é graça " é igualmente mentir ou trapacear... "Hoje a graça e o absurdo caminham, em mim lado a lado, não mais estranhos, mas estranhamente amigos" A cada dia, nas situações que se nos apresentam podemos decidir entre perpetuar o absurdo, ou promover a Graça. (Jean Yves Leloup) * O Blog tem o mesmo nome do livro autobiográfico de Jean Yves Leloup, e é uma forma de homenagear a quem muito tem me ensinado em seus livros retiros, seminários e workshops *

28 de agosto de 2024

Os setenta e três Agôstos em minha vida.

 

E mais uma volta no calendário do eterno vir a ser, se completa.

Hoje completam-se setenta e três longas voltas.
Confesso que tenho dificuldade de contemplar com detalhes,
Esse tempo que me pareceu passar tão rápido.
E as vezes, tenho a sensação de que é cada vez mais veloz a mudança do calendário.

Hoje me proponho a fazer por um instante, o tempo como que parar.

Silencio e me recolho para observar.

Vou lançar mão, mais uma vez daquela oração havaiana:

“Minhas queridas memórias, eu as amo...”

Olhar o desenrolar da vida traz um gosto doce,

Que vez por outra, se mistura com o sal daquela lágrima

De alegre emoção, ou de  lembranças saudosas.

As vezes, se torna  uma dor funda

Que vem de um lugar triste da memória...

Mas há também lembrança boas,

Lcomo recordar a risada gostosa de minha mãe preta,

E também dos carinhos da minha vó branca,

As reuniões familiares, o alvoroço dos primos...

De um tempo, em que a vida parecia passar bem de- va-gar...


Quanta ternura neste baú de lembranças:

Vislumbro o pátio da escola pública,

Amigos, professora, comemorações cívicas...

E de repente o desafio do curso de admissão ao ginasial.

Revejo então a chegada no ginasial,

Era assim que se dividia o fundamental: Primário/ginasial...

Depois o colegial, a universidade o primeiro emprego...

Os terríveis anos de chumbo, tempos cinzentos...

Quantos amigos exterminados pelo regime cruel da época...

Contemplo daqui as muitas perdas, avós, pai, irmã, mãe...

 

Mas, nem tudo é só cinza neste baú.

Salta então da memória

O casamento, os filhos as realizações...

São muitos os recortes das lembranças,

Tantos, nestas setenta e três voltas do sol.

Que se relatados aqui se tornariam um livro.

Mas, olhando daqui,

Me parece que passaram tão rápido.

Teriam sido tantos anos mesmo ?

Mas, é tempo de olhar adiante.

Há muito que fazer ainda.

É hora de reunir forças,

que a esta altura já não são tantas como antes...

É preciso rever a bagagem,

Abandonar, desapegar.

Há muita coisa, coisa demais até

É urgente libertar o passado:

“Minhas queridas memórias, eu as amo.

 Sou grato por poder libertá-las

E assim também me libertar...”

É hora de transformar lembranças em experiência.

“Minhas queridas memórias...”

Lembro que já ultrapassei, e muito, o meio da viagem,

Não faz mais sentido acumular bagagem.

Pra onde eu vou agora, nas urgências desta vida,

Uma pequena maleta de  sonhos,

Uma mochila com boas esperanças,

Com muito amor e bem querer,

Com uma boa porção de bom humor e muitos sorrisos,

É só o que eu preciso, para seguir a viagem.

Hoje a palavra e o sentimento são um só:

Gratidão.

 

Sinto muito,
Se no caminho desapontei alguém.

Me perdoe,
Se mais que desapontar eu magoei ou ofendi alguém.

Sou Grato ,
Ao Divino Criador que tudo me deu,

E, é a ele que não me canso de dizer
Eu te amo

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